segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta!


Dia 7 de setembro: independência do Brasil. Na verdade, dá para se dizer que o primeiro grito de liberdade não foi lá essas coisas. Pelo menos é o que se contesta. Agora o segundo grito, durou alguns anos e teve efeito sem tamanho. Iniciado ainda na classe musical, as palavras de ordem passaram pelas músicas de Chico Buarque, passaram pelos pedidos de "Diretas Já!" e culminaram com os caras pintadas. Calma, este não é um comentário histórico-cultural. Já chegamos na parte esportiva.

Bom, voltando ao Chico Buarque, há uma música que chama a atenção pela audácia. Contam as entrelinhas que a canção "Jorge Maravilha", gravada em 1974, tinha como endereço a casa do então presidente Ernesto Geisel. Com um refrão emblemático, o velho Chico entoava "você não gosta de mim, mas sua filha gosta". Dizem, tudo isso se devia ao fato da censura nas letras de que, mesmo com a censura nas letras, nem por isso a filha do chefe de Estado parou de comprar os discos do artista. Se é verdade, não se sabe. O que se sabe é que a dupla Gre-Nal vive o mesmo sentimento do refrão.

Ainda no sábado, quando o Grêmio enfrentou o Vitória, até os gandulas sabiam que os baianos seriam trucidados dentro de campo. Porém, Paulo Autuori adentrou o gramado sem o capitão Tcheco. Preferiu colocá-lo no banco de reservas. É bem verdade que muita gente já pediu a saída do capitão da equipe. Mas afinal de contas, como escalar o Grêmio sem Tcheco? Há dois anos o jogador não apenas é titular como também a referência da equipe. Eu diria mais: o camisa 10 pode ser pragmático e lento, mas com a cara dele e através dos pés dele o Tricolor chegou a uma final de Libertadores em 2007 e ao vice do Brasileirão no ano passado. Se há algo errado dentro do vestiário azul, ele se chama Paulo Autuori. Contratado para levar a torcida gremista às conquistas que Celso Roth não conseguiu, o comandante ainda não convenceu ninguém. Aliás, encheu a Azenha com teorias e filosofias que sequer combinam com o futebol e a história gremista. Mas se a torcida não está gostando dele, ao que parece, a diretoria gosta.

Do lado vermelho, a torcida tem que aturar o mesmo refrão. Mas não por parte de Tite. O técnico colorado provou nestas últimas rodadas que soube reinventar o futebol colorado. O problema da equipe vermelha se chama Bolívar. Ele já foi escalado como lateral, zagueiro da sobra, zagueiro pela direita, enfim, e ainda não convenceu a que veio. Ainda ontem, quando o Inter não tomou conhecimento do Avaí e fez 2 a 0 sem piedades, o torcedor teve que assistir sua equipe deixar o gramado da Ressacada com dois jogadores a menos. A expulsão de Bolívar chama a atenção por ser reincidente. Assim foi contra o Coritiba, contra a LDU e agora contra o Avaí. Cartões vermelhos inexplicáveis para um jogador de quilate, como ele próprio se considera. Mas, se a torcida colorada já não aguenta mais ver Bolívar em campo, Fernando Carvalho e Tite adoram.

Por isso, neste dia 7 de setembro, está na hora de Inter e Grêmio darem os seus gritos de independência. Chega de ficar refém de desculpas esfarrapadas. Depois, quando o Grêmio não chegar ao G-4 ou quando Bolívar entregar um gol decisivo na última rodada, não adianta voltar atrás.

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