quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Deus lhe pague



Deus Lhe pague - A Lupa no Gramado
O Internacional parecia ter os deuses do futebol ao seu lado. Parecia ter sido criada a OGB (Ordem dos Goleiros do Brasil), e todos estavam a favor do Colorado. Depois de contar com a falha de Victor - "A Muralha Gremista" - no final de semana, e assistir Rogério Ceni, o goleiro são-paulino, ser expulso contra o Santos, os colorados puderam acreditar que os céus se abriam para a redenção de Mário Sérgio e Cia.

Inclusive, durante a semana, os zagueiros do Tricolor Paulista pediram a escalação de Bosco, para o lugar do goleiro titular. Os colorados riram por dentro. Bosco, assim como Sérgio, Marcelo Grohe e tantos outros, são daqueles goleiros que nasceram para serem reservas. Simplesmente coadjuvantes. Portanto, chegar às redes do São Paulo deveria ser tarefa fácil na noite de ontem. Mas não! Os deuses do futebol não são colorados. Aliás, o convênio do São Paulo com o reino dos céus se explica pelo próprio nome do clube. Não há explicação melhor para identificar tamanha facilidade do time paulista em alcançar a liderança dos Campeonatos Brasileiros.

Depois de bater o Internacional, o time de Richarlyson dormiu da quarta para a quinta-feira com a faixa de campeão no peito. A responsabilidade agora está com os outros. Palmeiras e Atlético-MG que se virem para tomar o primeiro lugar. E para o Inter, que se reze por sorte melhor. Porque só assim poderá ainda se sonhar com caneco no estádio Beira-Rio. Vendas de Nilmar e Magrão, erros de contratações, Alecsandro perdendo gols sem goleiro, técnico novo, enfim... Nada explica o mau agouro que envolveu o Colorado a não ser o sobrenatural.

Digamos que o Palmeiras tropece hoje. Que o Fluminense faça o crime para cima do Atlético-MG. A parti daí, até a derrota do Flamengo contra o Barueri ontem se explica. A derrocada de Grêmio, Goiás, Santos, e tantos outros. Não são os outros que não tem competência, é o São Paulo que conta com uma mãozinha do além para alcançar os objetivos. Só isso explica mais um Brasileirão estar sendo encaminhado para o Morumbi.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Boas memórias



Boas memórias - A Lupa no Gramado
A rodada desta quarta-feira será de lembranças para colorados e são-paulinos. Não há como negar. Mais uma vez os dois clubes se enfrentam em um embate decisivo. Aliás, falar em São Paulo Futebol Clube dentro do estádio Beira-Rio é lembrar do título da Libertadores da América de 2006. Naquela oportunidade, o Tricolor Paulista era o atual campeão do mundo, portanto, amplamente favorito ao caneco sul-americano. Mesmo assim, os comandados de Abel Braga não tomaram conhecimento e, com apenas 45 minutos, Rafael Sóbis decretou a ruína dos paulistas em pleno Morumbi.

Por isso, quando se enfrentarem nesta quarta-feira pela 32ª rodada do Brasileirão, os colorados têm motivos para sorrir. Ou pelo menos deveriam ter. Mas o que poucos lembram - ou melhor, muitos esqueceram - é que o duelo traz um passado recente e feliz para o São Paulo.

Em 2008, o Grêmio era praticamente o Palmeiras de Muricy Ramalho. Dominou o campeonato por diversas rodadas até que na 33ª deixou o São Paulo alcançar a liderança. Agora vem o detalhe primordial: para alcançar o primeiro lugar na competição, os paulistas venceram justamente o Internacional. Borges, Dagoberto e Hugo marcaram nos 3 a 0 impiedosos sobre o Colorado. Em contrapartida, o Grêmio não saiu de um empate em 1 a 1 contra o Figueirense, dentro do estádio Olímpico. Agora, mais um detalhe curioso: o Imortal Tricolor não é o líder deste ano, mas enfrentará um catarinense mais uma vez (agora o Avaí, ao invés do Figueira). Portanto, muitas curiosidades que favorecem às boas memórias para o São Paulo. Será que o Inter vai ser presa fácil dentro do Morumbi?

Acontece que em 2008, o Inter fez questão de entregar o pote de ouro ao São Paulo, já que com uma derrota tiraria o arquirrival da liderança. No entanto, neste ano, o próprio Colorado é quem briga pelo caneco em dezembro. E, pelo que tem se apresentado, uma derrota no Morumbi hoje praticamente anula as chances de título brasileiro. Por isso, temos todos os ingredientes para um grande jogo. Libertadores 2006 e Brasileirão 2008. Qual das histórias você quer rever? Façam suas apostas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Adiadores da morte



Adiadores da morte - A Lupa no Gramado
A derrota no Gre-Nal pode ter custado o sonho de Libertadores para o Grêmio. Como prevíamos, aquele que perdesse no domingo poderia dar adeus à sua pretenção maior. Mesmo que alguns jogadores digam o contrário, fica visível que tudo não passa de discurso. Porém, a previsão de que o vencedor marcharia rumo às conquistas não se fez realidade. Embora tenha vencido, o Internacional ainda está a alguns pontos de distância do título nacional. Até porque os adversários também venceram neste final de semana. Por estas e outras, podemos dizer que agora o Brasileirão chega em sua reta final.

Aliás, mais ou menos sobre isso, tenho uma teoria. Não se dá para dizer que o Inter é um sobrevivente do campeonato. Mesmo que tenha passado por adversidades, ressurgido depois de maus momentos, enifm. Nada e nem ninguém é um sobrevivente. Somos meros "adiadores da morte". Ainda mais se tratando de futebol, onde das vinte equipes que disputam o certame, apenas uma irá comemorar o título em dezembro. Portanto, apenas uma viverá para contar a história. As demais não passarão de coadjuvantes que ajudaram a construir a fábula do vencedor. E se a rodada passada determinou a morte na praia do Grêmio, a rodada a seguir, nesta quarta e quinta-feira, determinará mais falências antecipadas.

Comecemos pelo jogo do Morumbi, que talvez seja o mais emblemático de todos. Depois de enfrentar o arquirrival, o Colorado tem uma pedreira pela frente. Contra o São Paulo, Mário Sérgio tentará dar a sobrevida que o Inter necessita para permanecer no sonho pelo título. Quem perder, pode dar adeus ao caneco. Até mesmo um empate pode comprometer a vaga entre o G-4. Mas, para quem veio até aqui aos trancos e barrancos, um obstáculo a mais pode nem fazer tanta diferença.

Semelhante a este enfrentamento, na quinta-feira, o Palmeiras recebe o Goiás no Palestra Itália. Uma vitória paulista, dá mais fôlego ao time de Muricy Ramalho e, por consequência, sepulta Fernandão e Cia. Já um empate pode custar a liderança. Da mesma maneira, no Mineirão, o Cruzeiro recebe o Santo André e um tropeço pode estancar a reação da equipe celeste. Falando em reação, no interior paulista, o Barueri recebe o Flamengo. E, finalmente, na quinta-feira, o Atlético-MG enfrenta o desesperado Fluminense no Rio de Janeiro. Portanto, não é exagero afirmar que a 32ª rodada do Campeonato Brasileiro pode diminuir os postulantes a título ou simplesmente adiar a morte por mais algumas rodadas.

domingo, 25 de outubro de 2009

Meu erro

Foto: Jefferson Bottega

Meu Erro - A Lupa no Gramado

Sem dúvidas este foi o pior Gre-Nal de todos os cinco que foram disputados neste ano. Por parte do Grêmio, cabe culpar os desfalques de Tcheco e Máxi López, além do medo de Paulo Autuori - que mesmo perdendo por 1 a 0, demorou em abrir mão de seu trio de volantes. Do lado colorado a má exibição apenas dá continuidade ao que já vinha sendo mostrado nas demais rodadas. Ou alguém aqui lembra de quando foi a última grande atuação do Inter?

O Gre-Nal deste domingo também serviu para demonstrar a superioridade colorada diante do rival em 2009. De cinco clássicos disputados, os vermelhos comemoraram quatro vitórias. Aliás, some ainda os enfrentamentos do ano passado e verás apenas uma vitória gremista em nove confrontos. Contudo, mais do que todas estas informações, o Gre-Nal 378 serviu para mostrar que nenhum ídolo é intocável. Ninguém é imortal.

A falha do goleiro Victor, que decretou a conquista vermelha, acertou o calcanhar de aquiles do torcedor gremista. Desde que chegou ao estádio Olímpico, Victor não falhou em nenhuma vez. Chegou, inclusive, a ser comparado a Eurico Lara (o craque imortalizado no hino tricolor). Pois falhou justamente quando não podia. Quando o Grêmio não deveria sofrer gols, para ainda sonhar com vaga na Libertadores da América. E assim, de herói dos gremistas, Victor fez a alegria dos colorados. Tudo por causa de um erro.

Desta maneira, o clássico de número 378 entra para a história com o nome de Victor estampado na testa. Assim como já tivemos o Gre-Nal da bicicleta de Paulo Nunes, o Gre-Nal da bicicleta de Luís Cláudio, o Gre-Nal de Fabiano, o Gre-Nal de Diego Souza, este domingo imacula o nome do goleiro gremista nas fábulas futebolísticas. Aliás, Victor só não é crucificado porque já fez muito pela camisa azul. Do contrário, entraria para a galeria dos malditos no estádio Olímpico. É o preço que se paga por apostar demais em um goleiro.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mentiras sinceras

Foto: Arquivo Jornal Zero Hora


Mentiras sinceras - A Lupa no Gramado

Assistindo à partida entre Fluminense e Universidad do Chile tive um lapso ontem. Pensei na hipótese do Internacional ter passado pelos chilenos na primeira fase da Copa Sul-Americana. Para quem não lembra, os colorados foram eliminados após um empate dentro de casa e uma derrota em Santiago. E, justamente, esta derrota trouxe a demissão do técnico Tite. Mas agora pense comigo: imagine se o Inter tivesse passado pelo Universidad. Pois estaria em campo ontem. Aliás, a delegação que enfrentou o Flu no último domingo pelo Brasileirão, permaneceria para enfrentá-lo de novo nesta quarta-feira pela Sul-Americana. Pense no desgaste dos jogadores para o clássico Gre-Nal deste domingo. O Inter largaria em desvantagem em relação ao seu arquirrival, e não somente por ter de jogar durante a semana, mas por não ter tempo para mentirinhas.

Pois sim, o Gre-Nal é um jogo de mentirinhas. O Grêmio, por exemplo, hoje pela manhã, agendou o treino para um certo horário. E quando os jornalistas chegaram no estádio Olímpico, todos os atletas já estavam em atividade, com portões fechados, ainda por cima. Agora, para o Colorado, as artimanhas de treino às escondidas é uma tarefa muito mais utilizada. Quem não lembra da finalíssima do Gauchão de 1997? Pois, para quem não lembra, durante toda a semana que antecedeu o Gre-Nal, o atacante Fabiano passeou pelo Beira-Rio com a perna engessada. Enquanto os companheiros treinavam para a decisão do domingo, ele andava de muletas, anunciando para os quatro cantos que estava fora do campeonato. O adversário era o forte Grêmio, campeão da Copa do Brasil, da Libertadores, do Brasileirão e que, mesmo sob o comando de Evaristo de Macedo, tinha a coluna vertebral de Luís Felipe Scolari.

Para espanto de todos, Fabiano fardou, entrou em campo e só não fez chover. Ou seja, de todos os 10 jogadores que treinaram arduamente para enfrentar o Grêmio, nenhum brilhou mais que Fabiano, o atacante que teve a perna engessada. Inclusive foi do camisa 7 o único gol da partida, que deu o título regional aos vermelhos. E disso vive o Internacional até hoje. De charadinhas pré-jogo.


Por isso, se Mário Sérgio revelar que vai escalar o esquema 4-4-2, ou que Sandro não tem condições de jogo, ou que Taison não ficará nem no banco, duvide de tudo. Tudo mesmo! A história do Colorado comprova que a verdade nem sempre traz vitórias. Resta saber qual será o Fabiano da vez. Ou ainda, se existirá um Fabiano. Se não houver, melhor para o Grêmio, que, igualmente, precisa da vitória. Um ótimo Gre-Nal a todos os torcedores do Rio Grande do Sul!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aquela dívida

Foto: Fernando Santos


Aquela dívida - A Lupa no Gramado
A derrota do Palmeiras ontem, diante do modesto Santo André, deflagrou que o Brasileirão ainda está em aberto. Para alguns, mais críticos, demonstra que o Palmeiras não é tudo isso. Para outros quer dizer que o Palmeiras não está a fim de ganhar o caneco. Para mim, um simples observador, revela uma antiga dívida.
No ano passado, quando o Grêmio liderava o Brasileirão sob o comando de Celso Roth, tudo levava a crer que o Tricolor Gaúcho iria ser o campeão absoluto. Virou o primeiro turno com a maior diferença de todos os campeonatos de pontos corridos até agora. Obteve o melhor aproveitamento de todos os campeões de primeiro turno. Portanto, tudo levava a crer que seria a taça mais fácil de todas. Até mais fácil que o título do Cruzeiro em 2003. Mas para o espanto de todos, o primeiro lugar se esvaiu pelo ralo. O Grêmio empacou feito mula. Freiou na fase decisiva do certame. Ainda tentou se levantar do tombo, esboçou alguma reação, mas já era tarde demais. O São Paulo ultrapassou em uma sequência de vitórias estupendas e garantiu o tetracampeonato. Aliás, para alguns, o campeonato de 2008 provou de uma vez por
todas que Celso Roth era um cavalo paraguaio e que Muricy Ramalho era o Mister Brasileirão.
Pois eu tenho outra percepção da história. Esqueça as equipes que disputavam o título, elas servem apenas para nos enganar. Observe apenas os treinadores. No ano passado, Roth liderou boa parte do segundo turno, até que na 33ª rodada Muricy passou encilhado rumo ao título. Pois este ano, a fábula poderá ser contada do avesso. Abrimos ontem a 31ª rodada e o Palmeiras, de Muricy, não venceu o Santo André. Logo quatro pontos atrás, vem o Atlético-MG de Celso
Roth, que se passar pelo Vitória, dentro de casa, no sábado, vê a distância cair para apenas um ponto. Ou seja, até a 33ª rodada, Roth pode assumir a ponta.

Isso não me parece outra coisa senão um acordo de camaradas. "Eu te dou o campeonato deste ano, mas tu me entrega no ano que vem!". É perfeito demais! As coincidências deixam na cara que até mesmo um contrato pode ter sido assinado. É a dívida de 2008 que está sendo paga em 2009, sem juros ou correção monetária.

Com o perdão da brincadeira, o fato é curioso demais. A semelhança da história, trocando os personagens de lugar, atira no ventilador a verdade de uma vez por todas. Ou o Roth comprova que não é um cavalo paraguaio, ou Muricy se convence que não é o Mister Brasileirão. Enquanto isso, a dupla Gre-Nal se digladia no domingo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A esposa e a amante

Foto: Cláudia Ioschpe

A esposa e a amante - A Lupa no Gramado
Até agora foram disputados quatro Grenais neste ano. Todos (eu disse todos!) terminaram com o mesmo placar: 2 a 1. Os dois últimos foram vencidos de virada. O Internacional venceu os três primeiros. O mais emblemático de todos, talvez tenha sido a terceira vitória vermelha. O Grêmio já havia perdido o clássico de Erechim e a final da Taça Fernando Carvalho. Por isso, quando adentrou o estádio Beira-Rio, espumava de raiva. Chegou a sair na frente com gol de Tcheco, de pênalti. Logo em seguida, Andrezinho empataria, também através de penalidade. Por fim, a vitória sairia dos pés de D'Alessandro, que enfiou a bola por cima da zaga gremista e encontrou Índio solitário, para estufar as redes tricolores.

A vitória foi o estopim. O Beira-Rio, incendiado pela terceira vitória no ano, levou o torcedor ao êxtase. A massa clamava "Fica Celso Roth!". Para desespero do gremista, que humilhado por mais uma desgraça, pedia a cabeça do treinador. Era o fim! O Grêmio estava eliminado do Campeonato Gaúcho e o Inter tinha a porteira aberta para o bicampeonato. Foi demais. A cabeça de Roth rolou.

Agora, neste domingo, a situação não é igual, mas semelhante. Se perder diante do Internacional, o Grêmio pode, enfim, dar adeus ao sonho de classificação para a Libertadores da América do ano que vem. Título, nem se fala. E, por consequência, assistirá ao Colorado galopar de encontro ao líder Palmeiras. Alguns chegam a dizer que, se perder o Gre-Nal, Paulo Autuori pode dar adeus ao estádio Olímpico. Por essas e outras, não há como negar que o jogo de domingo será importantíssimo.

E aí, o que acontece? Em plena semana de rivalidade, o Grêmio abre uma brecha para estourar champagne. Não que esteja comemorando uma vitória por antecedência. Acontece que a noite de ontem serviu para que o zagueiro Réver trocasse alianças, juntasse escovas, subisse ao altar, enfim...casasse. Compareceram na festa vários jogadores do Imortal: Souza, Herrera, Máxi, Fábio Santos. Inclusive, o goleiro Victor foi um dos padrinhos. Por causa da festa de ontem, o treino de hoje atrasou. O início das atividades estava marcado para às 9h30min., mas começou apenas uma hora depois. Para o guerrilheiro, uma hora a menos de treinamento pode influenciar na hora do combate. E, na cabeça do torcedor fanático, o Grêmio não está focado na guerra do final de semana. Como pôde o Réver casar em plena semana Gre-Nal?

Acontece que na sequência disso, o mesmo Réver declarou que só pretende sair de lua-de-mel em dezembro, após o término do Brasileirão. Segundo ele, a prioridade é o Grêmio. E se o torcedor gremista se sentiu trocado por um casório, imagine como se sentirá Giovana Niedermeier, a esposa que escutou que o Grêmio tem prioridades? É a vida da mulher de um boleiro.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um garotinho



Um garotinho - A Lupa no Gramado
O próximo final de semana colocará mais uma vez Grêmio e Inter frente a frente. Já são 377 clássicos e muitas histórias para contar. Dentre estas tantas fábulas, vários heróis, como: Eurico Lara, Escurinho, André Catimba, Nilson, Fabiano e tantos outros. No Rio Grande do Sul, somos bipolarizados desde os tempos de chimangos e maragatos. Ou somos gremistas ou colorados. Prova disso é a existência de dois "Grenais do Século". Um que retrata uma virada histórica no Campeonato Brasileiro de 1988, e que agrada a vermelhos; e outro que traduz a vitória gremista no dia em que a rivalidade completou seus 100 anos de existência e que, obviamente, agrada aos azuis. Enfim, como diz a frase, Gre-Nal é Gre-Nal. Aliás, são jogos como este que separam o joio do trigo e os homens dos meninos. E, por coincidência e pura felicidade, este próximo clássico pode ser deles - dos meninos.

Em qualquer decisão que se preze, pelo menos no futebol, a esperança fica sempre por conta dos jogadores experientes. Eles é que deveriam resolver a parada quando a coisa está complicada. Vide Fernandão, que desembarcou no Beira-Rio para marcar o gol mil da rivalidade. No entanto, de uns tempos para cá, a história tem se invertido. Ano após ano, pipocam exemplos de como a juventude se agiganta em horas de Gre-Nal. Foi assim com o jovem zagueiro Léo, que marcou o gol da vitória de 1 a 0 do Grêmio em 2007. Já em 2008, foi a vez do garoto Taison vestir a camisa vermelha para estreiar diante do rival, até então líder do Brasileirão. E, por fim, no último clássico disputado, tivemos a revelação de Mário Fernandes, que atuando como lateral não deixou a desejar.

Pois agora, neste próximo Gre-Nal, que tanto pode dar luz de esperança como carregar o perdedor às trevas, o holofote mais uma vez se volta para a meninice. Recém chegados da Seleção Brasileira Sub-20, quatro jovens revelações poderão resolver as vidas de seus times. Do lado tricolor, Douglas Costa desponta como a novidade do treinador. Do lado rubro, Giuliano chega com a missão de devolver a confiança para a equipe. Ou seja, dois garotos podem trazer a euforia de volta às vidas dos gaúchos.

E ainda poderíamos citar Marquinhos, Bruno Collaço, Alan Kardec, Maylson e alguns outros que poderão ingressar pela primeira vez na fogueira chamada Gre-Nal. É bem verdade que a confiança será totalmente depositada em jogadores do quilate de Souza e Alecsandro. Mas quem dirá que os garotos não poderão fazer o crime?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mudanças


Vamos fazer uma retrospectiva. Você lembra como o Internacional e o Grêmio iniciaram 2009? Os colorados começaram o ano com uma constelação: Alex, Nilmar, D'Alessandro, Magrão... Era tido como um dos principais elencos do país. No entanto, ocorreram mudanças. A diretoria achou por bem vender alguns jogadores. Edinho foi o primeiro a sair, porque surgia das categorias de base um primeiro volante melhor que ele. Alex também foi enviado à Europa com apenas uma passagem de ida. Tudo porque o momento de Taison era melhor. Nilmar e Magrão foram os últimos a deixar o Beira-Rio, correspondendo à mesma desculpa de sempre: temos que vender um por ano. Chegou-se, inclusive, a cogitar que o argentino D'Alessandro também pudesse estar de malas prontas para outro clube. Quase uma operação desmanche.

E veja aonde foi parar o ano do centenário! Um clube que chegou a se comparar ao Boca Juniors, ao Barcelona, ao Chelsea, mas que, na verdade, se esqueceu das suas origens. E agora, com Taison, Sandro e Alecsandro no elenco, os colorados tentam sobreviver em meio ao Brasileirão. Enquanto todos os concorrentes a título patinam na parte de cima da tabela, o Inter poderia estar passeando rumo ao tetracampeonato. Mas não. Prefere se esconder atrás da máscara de "Campeão de Tudo". E ai de quem discorde das decisões!

Com o Grêmio a história se repete, mas com menor intensidade. O Brasileirão de 2008 já deveria ter provado que a soberba roubou o título do estádio Olímpico. Pois veio a Libertadores da América como consolo. Era a chance de provar que o Tricolor era o campeão brasileiro e sul-americano por direito. Mas o planejamento de nada adiantou. Veio a demissão de Celso Roth e a contratação de Paulo Autuori. E aquele time, que mesmo contestado sob o comando de Roth, vinha sendo o grande destaque da competição continental, passou a sofrer alterações.

As críticas levavam em consideração a fragilidade dos adversários. Boyacá Chicó, Aurora e Caracas. Apenas Autuori salvaria o ano. Pois ele veio, e um dos primeiros passos foi mudar tudo de lugar. Mandou embora o lateral Ruy, promoveu William Thiego à titularidade e modificou o esquema tático 4-4-2. Bastou para que o time gremista desandasse. Mexeu na estrutura do que, mal ou bem, vinha dando certo. Por pura convicção do treinador.

Pois quem disse que o 3-5-2 não poderia ser o esquema certo para o Grêmio na Libertadores? Pois quem inventou que o Colorado era o melhor time do Brasil? As mudanças de planos e de estrategia, sendo elas por autoritarismo ou soberba, acabaram levando a dupla Gre-Nal para um mesmo fim. O Grêmio, mesmo batendo o Coritiba, não apresentou nada mais do que um futebol medícore. E o Inter, com esquemas táticos escalados de última hora, de postulante a título já se encontra pendurado no rodapé do G-4.

Agora, domingo que vem, eles se cruzam. Quem restará deste embate? Mais uma vez o Gre-Nal se faz decisivo. Tanto podemos ter festa para um dos lados, como poderemos ter terra arrasada por todo o Rio Grande. Depois disso, o planejamento poderá mudar de novo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alguém que te dê segurança



Alguém que te dê segurança - A Lupa no Gramado
O Grêmio jogou a toalha no Brasileirão. Embora Souza, Tcheco e Victor ainda acreditem e exijam maior empenho do elenco gremista, tudo leva a crer que a diretoria não acredita mais. Como a torcida pode lotar o estádio Olímpicio contra o Coritiba, neste domingo, se os dirigentes não enxergam futuro? Prova disso são as declarações do vice de futebol Luiz Onofre Meira. Ainda ontem, ele comentou que o Grêmio já está de olho no mercado, à procura de reforços para 2010. Ou seja, 2009 se foi pelo ralo.

Ninguém discordará de Meira quando ele diz que o Tricolor precisa contratar um lateral-direito, um meia canhoto e um atacante veloz. O lateral até chegou neste ano - Joílson -, porém não agradou. A tentativa por Renato, ex-Flamengo, e Leandro, ex-São Paulo, poderiam recuperar o moral. Mas as negociações não sairam do papel. Para piorar a situação, Jonas, que vinha fazendo as vezes de atacante veloz e matador, acabou se machucando e voltará somente no ano que vem. E agora, quem poderá nos salvar?

Para levantar o astral gremista, o meia Roger, cônjugue de Deborah Secco, declarou que gostaria de retornar ao Olímpico em 2010. Para quem não lembra, ele começou 2008 com a camisa do Imortal. Era o bendito fruto em meio ao deserto. Entre Willians Magrões, Paulos Sérgios e Reinaldos, se destacava o nome de Roger. Era o maestro da camisa 10 no time de Vágner Mancini. Veio Celso Roth e o prestígio seguia igual. Era o maior ídolo gremista naquele início de ano. No entanto, de uma hora para outra, apareceu com as malas prontas no Aeroporto Salgado Filho. Uma ligação e alguns petrodolares fizeram com que o atleta fosse embora para o Catar. Abandonou o Grêmio no meio do Brasileirão. Depois, o Tricolor ainda conseguiria se reerguer e chegar em segundo lugar no campeonato.

Bom, se você não lembrava de toda esta história, Meira lembrou. Ao ser indagado sobre um possível retorno de Roger, esbravejou: "Ele não! Não tem o perfil do Grêmio!". Quase a mesma desculpa utilizada para mandar o antigo técnico Vágner Mancini catar coquinhos. Aliás, este argumento quase criou uma guerra no estádio Olímpico esta semana. Paulo Autuori, acusado de não possuir a "cara do Grêmio", por pouco não pediu o boné. A verdade é que o Grêmio não precisa de alguém com a cara dele. O Grêmio necessita, urgentemente, de alguém que o faça ter uma cara. Hoje o time tricolor é um amontoado de nomes, que sobrevive às custas de milagres de Victor, Souza ou Máxi López. Sabe do quê o Grêmio realmente precisa?

"Você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança..." (Segurança - Engenheiros do Hawaii)

Mas, afinal de contas, quem tem a cara e o perfil gremista? Paulo Autuori? Duda Kroeff? Luiz Onofre Meira? Até agora o que se viu foi um time inseguro, que, sem ter identidade, afunda longe de casa. Então, antes de refugar diante de Roger ou ir atrás de Leandro, os dirigentes devem se perguntar se são eles a cara do Grêmio.