segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Borges, o antizebra

Foto: Edu Andrade (Gazeta Press)

Entre os quatro semifinalistas da Taça Piratini, o Cruzeirinho, sem dúvida, era a maior zebra. Havia eliminado na semana passada o Internacional em pleno Beira-Rio (que preferiu utilizar sua equipe B, é verdade). Vacinado, o Grêmio resolveu mandar a campo o que tinha de melhor. Apesar do cansaço pela viagem de volta da Colômbia, Renato repetiu a escalação que enfrentou o Júnior em Barranquilla e despachou a zebrinha do Gauchão.

Mas neste trabalho de eliminação do Cruzeiro, o técnico teve a seu favor uma arma especial: Borges (foto). O camisa 9 foi autor de três gols na goleada de 4 a 2. Foi o responsável direto por manter o Cruzeiro sempre distante no placar. Quando o adversário, por exemplo, marcou o primeiro gol, Borges já havia balançado a rede duas vezes. Depois, quando o rival chegou de novo à goleira de Victor, o centroavante gremista tinha feito o terceiro através de uma penalidade sofrida por ele mesmo. No fim, com um a menos e entregue, o Cruzeiro sofreu o último de Gabriel, também de pênalti.

Agora, nem tudo é ouro no Olímpico. O placar ajuda a maquiar uma atuação deveras preocupante. Só para se ter uma ideia, os dois tentos do Cruzeirinho vieram de jogadas aéreas - sendo a primeira finalizada por Jô, um atleta com um metro e meio de altura. A zaga tricolor tem sérios problemas e, além disso, o meio-campo não está tão confiável assim. Carlos Alberto está sendo escalado muito mais pela confiança que o treinador deposita nele do que pela segurança em uma boa atuação. O interessante é que o Grêmio consegue, imediatamente, espantar o clima ruim que atingiu o vestiário após a derrota na Colômbia, pela Libertadores. E, depois que o Carnaval passar, o clube tem a chance de garantir o primeiro turno do Estadual - basta a arma antizebra de Renato funcionar novamente contra o Caxias.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O ataque não foi a melhor defesa

Fotos: EFE

Durante toda a semana, Renato propagou que o Grêmio jogaria para a frente - independente de atuar fora de casa. Pois esbarrou na infelicidade de seus próprios jogadores e na pressão do adversário. Deixou para trás as duas goleadas consecutivas para voltar da Colômbia com uma derrota, de virada, por 2 a 1 para o Júnior de Barranquilla. Desta vez, o ataque não foi a melhor defesa (foto).

Bem que o início foi promissor. Logo com cinco minutos de partida, Borges complementou belo lançamento de Douglas e colocou o Tricolor na frente. Entretanto, quem apostava em um susto maior dos colombianos, deu com a cara na parede. Os donos de casa comprimiram o time gaúcho contra a defesa até empatar o marcador. Aliás, as apresentações de alguns atletas esteve muito abaixo do que se esperava. Gilson, André Lima, Paulão e Carlos Alberto não tiveram uma noite muito agradável. Nem mesmo o técnico Portaluppi, acostumado a acertar a mão, teve sucesso ao inventar Bruno Collaço como meio-campista. Apesar disso, o Grêmio teve suas oportunidades - como quando o zagueiro Rodolfo tentou acertar a goleira rival através de um chute da própria defesa. Mas enfim, o castigo é sempre o memso: como não fizeram, os gremistas tiveram de engolir a seco a virada.

E não adianta ir aos microfones reclamar por um pênalti não assinalado, ou por falta de acréscimos no segundo tempo. O Grêmio simplesmente perdeu e se perdeu. Além do mais, o resultado retira do torcedor o sonho de uma classificação segura na próxima rodada, em casa, contra o León. Resta buscar a recuperação no Campeonato Gaúcho, já neste fim de semana diante do Cruzeiro, para voltar a pensar na América novamente. Quem sabe com mais prudência desta vez.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Que bola, tchê!

Foto: Alexandre Lops

O torcedor colorado encerrou 2010 pedindo por um volante raçudo e um centroavante que fizesse gols. A diretoria foi ao mercado europeu e trouxe dois argentinos. Porém, parece ter invertido as qualidades: um centroavante raçudo e um volante que mete gols. Mesmo assim, ninguém ousa reclamar. Graças a Bolatti (foto), o Inter construiu uma goleada de 4 a 0 sobre o Jaguares, e assumiu a liderança do grupo 6 da Libertadores.

A partida contra os mexicanos estava encardida - muito mais pelas deficiências vermelhas do que por qualquer sinal de perigo dos adversários. Guiñazu não sabia se defendia ou atacava, Nei era envolvido em contragolpes e Zé Roberto pouco municiava os avantes. Eis que o volante castelhano surge, através de duas bolas paradas, e sela o fim das dificuldades. Na segunda etapa, Damião e Oscar ainda balançaram as redes. Mas os holofotes eram todos de Bolatti.

Agora, o Colorado terá duas semanas para esfriar a cabeça, depois desta forte turbulência que enfrentou. Até entrar em campo novamente, Bolívar, Sóbis, Tinga e D'Alessandro poderão estar de volta do departamento médico. Seja para a estreia na Taça Farroupilha, ou para encaminhar a classificação diante do Jorge Wilstermann, Celso Roth terá todos os titulares à disposição (se nenhuma desgraça acontecer). Convenhamos, é um tempo precioso para ajeitar as abóboras na carruagem. Quem sabe após esta parada estratégica, o treinador deixe de ser vaiado por seus próprios méritos - ou erros.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Isso já foi final de Libertadores

Fotos: Antônio Lacerda (EFE) e José Doval (ZH)
Jaguares? Junior de Barranquilla? À primeira vista nomes como este não metem medo nas torcidas colorada ou gremista. No entanto, podemos passear pelo passado e chegar à conclusão de que isso já foi final de Libertadores. Nesta quarta-feira, por exemplo, os mexicanos visitam o estádio Beira-Rio a fim de estragar a festa vermelha - assim como o Chivas tentou fazer no ano passado. Na quinta-feira, o Grêmio pisa em solo colombiano querendo reviver os gloriosos tempos em que Felipão comandou o título sobre o Nacional de Medellín em 1995.

Menos de um ano depois os colorados vão ter a chance de reviver o clima do título conquistado sobre o México. A situação é totalmente diferente: o Jaguares é um clube menos tradicional que aquele Chivas, menos perigoso também, e não está em jogo nenhuma taça no armário. Porém, vencer é uma questão de honra. Principalmente para o treinador Celso Roth, que vem colocando sua cabeça a prêmio a cada partida. Leandro Damião (foto acima) poderia repetir a disparada que simbolizou o último gol daquela noite vitoriosa. Tal atitude ajudaria a esquecer que nem o capitão Bolívar, o talismã Sóbis, ou o craque D'Alessandro estarão ausentes. Realmente, Porto Alegre terá uma decisão.

Assim como Barranquilla irá respirar pólvora um dia depois. O Júnior não é o Nacional nem de longe. Não foi campeão da América como o adversário de 16 anos atrás, não possui nomes fortes como Aristizábal ou Higuita em seu elenco, mas serve para que o gremista lembre da sua história. Na hora de bater um pênalti, por exemplo, que a rede estufe com um horrendo chute no meio das traves. Mas que seja gol! - assim como Dinho (foto à direita) fez naquela final. Depois de um resultado positivo, Rochemback não erguerá nenhum troféu, ou será chamado de Capitão América, mas poderá voltar orgulhoso para a casa. Serão jogos para o Rio Grande do Sul relembrar que seus maiores clubes são bicampeões e, por isso, buscam o tri neste ano.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Aprendendo com o rival

Foto: Paulo Franken (ZH)

Tudo bem que Inter e Grêmio são rivais, mas não precisam tomar posições tão extremas. No Olímpico, Renato Portaluppi não abre mão de dois atacantes, enquanto o Inter utiliza apenas um desde o ano passado. No Beira-Rio, Celso Roth só entra em campo se estiver com três volantes na equipe. Já os gremistas podem ter mais uma vez somente um jogador nesta função. Não é necessário estar abraçado ao oito ou ao oitenta. Os treinadores podem olhar para o arquirrival e escolher um meio termo.

A estreia do Grêmio na fase de grupos da Libertadores teve um meio-campo bastante ofensivo. Carlos Alberto, Lúcio e Douglas tinham a função de avançar e municiar os atacantes. A Fábio Rochemback (na foto com a camisa do Inter) coube a função de resguardar a defesa. Um time "alegrinho", como costuma se dizer no Rio Grande do Sul. Porém, ninguém ousa criticar Renato, até mesmo pelo resultado contra o Oriente Petrolero. Contudo, o jogo desta quarta-feira pede mais prudência ao treinador. Não há mal nenhum iniciar a partida com Adílson na segunda função do meio, deixando Carlos Alberto para o segundo tempo.

Em Porto Alegre, o Internacional vive maus momentos para encarar o Jaguares. A estreia com um empate diante do Emelec, mesmo tendo sido fora de casa, deixa o time com um compromisso de vitória. Apesar disso, Roth manterá o trio de volantes: Bolatti, Matias e Guiñazu. Para aumentar ainda mais o temor da torcida, D'Alessandro, lesionado, é desfalque certo. Se Tinga (na foto com a camisa do Grêmio) não estivesse entregue ao departamento médico, certamente seria o escolhido para substituir o argentino. Então, o meia Oscar pode aparecer no time titular. Entretanto, os torcedores pedem para que Celso seja picado pelo mesmo mosquito de Renato, e atire a equipe para o ataque. Uma dupla formada por Cavenaghi e Leandro Damião seria o mais ousado (assim como Borges e André Lima vêm atuando no Olímpico). Está na hora dos treinadores da dupla aprenderem mais um com o outro.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais uma vaga para os volantes

Foto: Diego Guichard (Clicesportes)

Os volantes do Beira-Rio estão em festa! O técnico Celso Roth anunciou que para o jogo contra o Jaguares, na próxima quarta-feira, será mantido o esquema com três homens da mesma posição. Pois agora, quem sabe, um quarto elemento pode aparecer nesta escalação. O meia D'Alessandro machucou-se no treino dominical e a previsão inicial é de que pare por, no mínimo, três semanas. E então, será que o treinador vai recuar ainda mais a equipe? O meio-campo "ideal" para esta situação teria Bolatti, Matias, Guiñazu e Glaydson (ou ainda Tinga, que vem se recuperando de lesão). Acredito que Roth não seja incapaz de tamanho sacrilégio, mas a piada já começa a ganhar força.

A saída natural seria escalar Andrezinho, o único camisa 10 que se dispõe no banco de reservas. Ainda, poderia improvisar Zé Roberto como armador, escalando, enfim, dois atacantes natos na frente: Damião e Cavenaghi. Oscar poderia ser um coelho na cartola, mas o atleta está desfrutando as férias depois de ter servido à Seleção Brasileira Sub-20. Enfim, a zica é grande para a torcida vermelha. O que já era ruim, ficou ainda pior.

Mas quem pensa que a situação é irremediável, pode recorrer à medida do ex-presidente Vitório Piffero: as coincidências. Em 2010 (quando conquistou o bi da Libertadores), D'Alessandro ficou de fora das primeiras partidas do Colorado na competição continental. Com uma fratura no rosto, ocasionada em um enfrentamento contra o Juventude pelo Gauchão, o argentino não esteve presente, por exemplo, na estreia do time contra o Emelec, no Beira-Rio. Depois, retornaria à titularidade, sendo um dos destaques do torneio. A torcida espera que o mal venha para o bem e que a dose se repita. Só isso motiva os colorados. Agora, o mais estranho de tudo é que a comissão técnica tenha poupado tanto seus titulares, utilizando equipe de juvenis no Campeonato Gaúcho, e veja seu melhor jogador se lesionar nos treinamentos. Que baita azar!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

99 km/h

Foto: Lucas Uebel

Literalmente, do início ao fim, o Grêmio foi superior ao Ypiranga nas quartas-de-final da Taça Piratini. O cronômetro marcava pouco mais de um minuto e André Lima (camisa 99 na foto) já balançava as redes. Depois, nos acréscimos da segunda etapa, o Tricolor encerrou a goleada de 5 a 0. Com muitos méritos, está na semifinal do Campeonato Gaúcho e enfrentará o Cruzeirinho de Porto Alegre. Aliás, graças a este clube, o Grêmio construiu a vitória deste domingo.

O adversário do próximo final de semana ocasionou a eliminação precoce do Internacional, vencendo em pleno Beira-Rio no sábado. Isso porque o time colorado não era o mais capacitado, e sim a equipe B, com jogadores de base. Vacinado, o Grêmio entrou em campo disposto a patrolar o inimigo. Renato armou o mesmo esquema tático ofensivo que vem se destacando desde o ano passado, utilizando força máxima, e assim conseguiu dar mais um firme passo rumo ao título estadual.

Tendo como exemplo a nova numeração do centroavante André Lima, o Grêmio foi a 99 km/h para cima do adversário e, somente no primeiro tempo, o placar apontava 3 a 0. Inclusive, o próprio André Lima (o "guerreiro imortal") foi o principal protagonista fazendo dois gols. Depois, Douglas e Borges deram ainda mais tranquilidade ao confronto. E, por fim, o clube ainda achou tempo para lançar mais uma novidade das categorias de base. Diferentemente do arquirrival, o meia-atacante Leandro foi chamado sem compromisso algum e, mesmo assim, tampou o caixão do Ypiranga, fazendo o quinto e último gol sobre o Ypiranga. Agora, o torcedor que já tinha motivos para acreditar num excelente 2011, começa a comprar champagne e foguetes.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Haja aspirina infantil!

Foto: Diego Vara (Zero Hora)

Não está sendo um ano agradável para o torcedor colorado. 2011 abriu para o Internacional com uma derrota por 1 a 0. Era a estreia do Gauchão, o time B e o adversário, o Cruzeirinho de Porto Alegre. Neste sábado, o carrasco repetiu o castigo, piorando ainda mais o inferno astral no Beira-Rio. Nos pênaltis, o Coloradinho foi eliminado da Taça Piratini, para desespero da torcida vermelha.

Porém, a diretoria não tem razão nenhuma para reclamar. Basta ter um pouco de bom senso para enxergar que, apenas com a gurizada da base, o Inter não chegaria ao título estadual. Não adianta culpar o goleiro Agenor pela desclassificação. Não há porque xingar o treinador Enderson Moreira ou o capitão Guto. E Marquinhos (foto) já mostrou há bastante tempo que não é toda essa promessa que pintaram. O Inter pediu para perder. Este era o projeto dos comandantes do clube: utilizar a equipe principal somente na Libertadores da América, encarando o Gauchão como ensaio para o desejo maior. Deu no que deu!

Pelo menos agora a comissão técnica pode, enfim, deixar de lado as preocupações. O tal do calendário apertado, lembrado constantemente pelo técnico Celso Roth, ganhou uma folga. Depois de enfrentar o Jaguares, do México, na quarta-feira que vem, o time só voltará a campo no próximo mês. São alguns bons dias para pensar e repensar o falido projeto e outras "cositas" mais. Até lá, haja aspirina (adulta e infantil) para curar a dor de cabeça que vem desde Abu Dhabi.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Início tri legal

Foto: EFE

Foi a largada perfeita para quem sonha com o tricampeonato da América: 3 a 0. Um início tri legal! Empurrado pelo grito de mais de 30 mil torcedores, o Grêmio bateu o Oriente Petrolero e assumiu a ponta da chave 2 da Libertadores. E não interessa a corneta dos rivais dizendo que o juíz deu um pênalti duvidoso, que o goleiro falhou, que os bolivianos são fracos. Enfim, o que vale são os três pontos, que contribuem ainda mais para o sonho de título continental.

Aliás, fica até difícil destacar um jogador apenas na partida desta quinta-feira. Victor foi mais uma vez tranquilo, Rodolfo é o xerifão que se esperava, Borges voltando a ser o centroavante dos velhos tempos e algumas outras surpresas. Pasme, o lateral Gilson, tão criticado e questionado em outros jogos, foi bem desta vez e até deixou sua marca nas redes do Oriente. Porém, o holofote principal recai sobre Douglas (à esquerda na foto), que fez jus ao apelido de maestro, anotando dois gols e se tornando o artilheiro da competição - com três ao total. De novo, Renato conseguiu provar com atos e palavras que o torcedor tem motivos de sobra para acreditar no potencial da equipe que comanda.

E, convenhamos, com os parceiros de grupo, não é de se espantar que o Grêmio alcance a melhor campanha da primeira fase. No outro jogo da rodada, o Júnior de Barranquilla foi ao Peru e venceu por 2 a 1 o León de Huánuco. À primeira vista, ninguém assusta. Apenas o Tricolor empolga.

Morte por omissão

Foto: Reprodução Sportv

O Inter viajou ao Equador com status de campeão da América. Foi tratado como time grande pelo Emelec. Mas Celso Roth (foto) parecia não querer para si todo este rótulo. Simplesmente entrou em campo para não perder. Por isso, quando todos os colorados do planeta lamentam o empate na estreia em Guayaquil, ele volta para a casa contente.

Os treinos já vinham indicando que o Inter entraria em campo com três volantes e apenas um atacante, para irritação da torcida. Horas antes, Tinga sentiu lesão e foi cortado. A partir daí, qualquer homem com mais coragem escalaria o argentino Cavenaghi para reforçar o ataque. Roth não desistiu do trio defensivo no meio, e chamou o também castelhano Bolatti para acompanhar Matias e Guiñazu. Apesar disso, os colorados foram superiores em grande parte do jogo, coleciando chances de abrir o marcador - principalmente com Leandro Damião. A bola teimava em não entrar, e o treinador em manter o mesmo esquema tático. Até que, enfim, chamou Cavegol do banco de reservas. Porém, quem balançou as redes foi o compatriota volante. Era a chance que Celso esperava para inflar o peito e gritar: Eu tinha razão!

Entretanto, ninguém passa ileso quando erra demais. Logo o juíz reiniciou a partida, Roth retirou o autor do gol para lançar a campo o zagueiro Rodrigo, recuando ainda mais a própria equipe. O Emelec cresceu, virou um leão e, finalmente, estufou as redes de Lauro. O castigo não poderia ter pior hora: 49 do segundo tempo, último segundo. O Internacional volta para o Brasil com um sabor amargo de empate entalado na garganta. Quando se morre por chegar demais ao ataque, se morre por tesão, a dor não é tão grande. No caso do Inter, a morte é por omissão. Aí dói.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

As estreias perfeitas

É curioso, mas os adversários da dupla Gre-Nal na estreia desta Libertadores da América já cruzaram o mesmo caminho noutras épocas. O mais saudável em tudo isso é que trazem boas recordações. Jamais Emelec ou Oriente Petrolero bateram Inter ou Grêmio na história desta competição - seja dentro ou fora de casa. E, enfim, o mais importante dentre tudo: já foram inimigos justamente em estreias.

O Internacional, por exemplo, repete o adversário de seu primeiro jogo na campanha do ano passado. Foi exatamente contra este Emelec que os colorados ingressaram na competição. Naquela ocasião, venceram de virada por 2 a 1, quebrando o tabu do clube em nunca ter somado três pontos em uma estreia de Libertadores. Mas foi complicado. Depois de sair em desvantagem, o lateral Nei (foto acima) teve de acertar um canudo no ângulo, sem chances para o goleiro equatoriano. Depois, brilhou a estrela do garoto Walter, que fez a jogada do segundo gol, deixando Alecsandro livre para empurrar ao fundo das redes. No entanto, há uma única diferença: em 2010, a partida de abertura foi no Beira-Rio, desta vez será no George Capwell, em Guayaquil. Mas não há motivo para se alarmar. Em território inimigo, a invencibilidade segue intocável. No ano passado foi um broxante 0 a 0, mas que não é de se jogar fora.

Sucesso maior teve o Grêmio contra o Oriente Petrolero. Em 2002, a estreia foi na Bolívia, com um show de Rodrigo Mendes (foto à direita), autor de três gols na vitória de 4 a 2. Quem fechou a conta para o Tricolor foi o lateral Anderson Lima. No Olímpico - palco do enfrentamento deste ano -, nova vitória gremista, agora por 2 a 0. No segundo gol, uma bela jogada do careca Fábio Baiano, com direito à chapeuzinho no defensor e novamente Rodrigo Mendes atirando para o fundo das redes. A única má recordação daquele ano é que a caminhada azul rumo ao tri cairia diante do Olímpia, em uma disputa de pênaltis discutida até hoje. Mas enfim, já se sabe que se depender do histórico, nem Emelec e muito menos Oriente Petrolero metem medo nos clubes gaúchos!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A triste história de William Magrão e a Libertadores

Foto: Mauro Vieira (ZH)

Finalmente a Conmebol divulgou os 25 jogadores inscritos pelo Grêmio na Libertadores. Conforme era esperado, o trio Rodolfo, Carlos Alberto e Escudero foi escolhido pela comissão técnica para ingressar na competição, retirando os nomes de Matheus Magro, Wesley e Lins. Porém, horas antes de confirmar a alteração, o site da entidade organizadora do futebol na América do Sul apresentou uma outra lista, com o nome de William Magrão no lugar do argentino Escudero. A causa ainda não foi esclarecida. No entanto, este é mais um capítulo da triste história de Magrão e a Libertadores.

Oriundo das categorias de base gremista, o volante surgiu para o futebol profissional como qualquer menino gostaria de ter surgido. Descoberto pelo então treinador Mano Menezes, Magrão foi inscrito com a camisa 23 na Libertadores daquele ano. Não apareceu em nenhuma das partidas que levaram o Grêmio até a finalíssima contra o Boca Juniors. Outros atletas estavam em sua frente, como Edmílson, Lucas, Sandro Goiano e Gavilán. Um ano depois, já comandado por Celso Roth, formou dupla com Rafael Carioca, classificando o Tricolor para mais uma competição continental. Entretanto, como é o seu destino, ficou de fora desta disputa. Dez dias antes da estreia gremista na competição, em jogo válido pelo Gauchão, contra o Avenida, William Magrão torceu o joelho direito, tendo de ser operado. Sendo assim, não só perdeu a titularidade como a camisa 11 para o colega Adílson. Quando se recuperou da lesão, o time já havia sido eliminado pelo Cruzeiro na semifinal e o Estudiantes era o novo campeão da América.

Pois agora em 2011, outra vez ele é deixado de fora. Enquanto os companheiros brigarão pelo tricampeonato, William Magrão ficará torcendo do lado de fora. Até agora ninguém entendeu porque Renato Portaluppi não o inscreveu ainda na época dos enfrentamentos contra o Liverpool uruguaio, pela Pré-Libertadores. Pode ser que ele seja inserido após a fase de grupos, quando mais três alterações podem ser feitas. Até lá, esta competição só traz más recordações para o volante.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O brilho de velhos conhecidos

Fotos: Alexandre Lops e Roberto Vinícius

A expectativa era grande. Última rodada da fase classificatória na Taça Piratini. Iminência da Libertadores da América. Os colorados foram ao Beira-Rio acompanhar a estreia do argentino Cavenaghi. Gremistas esperavam pelo primeiro jogo de Carlos Alberto. Porém, brilharam velhos conhecidos das torcidas.

Contra o Pelotas, Leandro Damião (foto acima) chamou para si os holofotes, anotando todos os gols da vitória colorada por 3 a 2. Iniciou a partida sozinho no ataque, como sempre. Celso Roth priorizou três volantes, mantendo o esquema 4-2-3-1 utilizado desde que chegou ao Internacional. Mas acabou saindo atrás do placar, escancarando os defeitos que se repetem desde antes do fiasco contra o Mazembe. Pois bastou colocar um companheiro para Damião, que os três pontos e a classificação vieram. Resta saber se o novo estilo de jogo será mantido para a quarta-feira, quando o adversário será o Emelec, no Equador.

Para os gremistas, infelizmente, o sucesso não ficou restrito à própria equipe. Nem Carlos Alberto, nem ninguém mostrou a habilidade que se esperava. A sorte esteve do lado de ex-gremistas, que agora vestem a camisa do Novo Hamburgo. Embaixo das traves, o goleiro Eduardo Martini (foto à direita) decidiu fechar o caminho para os quatro atacantes que Renato lançou a campo. Na frente, coube a Rodrigo Mendes decretar o segundo gol, nos 2 a 0 do time da casa. Enfim, o clube já estava classificado e o tropeço não significou outra coisa senão a interrupção de uma série de 15 jogos sem derrota. A vida segue, e pode ser que os próximos jogos tragam mais sucesso aos estreantes da dupla Gre-Nal.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tira-teima

Foto: Alexandre Lops

Vermelhos e azuis entram em campo neste domingo dando pouca importância para o Gauchão. Como foi desde o início, as atenções estão totalmente voltadas para a Libertadores da América, que se inicia de vez para ambos na semana que vem. O Grêmio, já classificado e com a melhor campanha garantida na Taça Piratini, vai escalar um mistão quente e a prioridade é vislumbrar a primeira vez de Carlos Alberto com a camisa tricolor. Para o Inter, uma nova derrota pode decretar até mesmo uma eliminação precoce. Apesar disso, a rodada é encarada como o último ensaio antes da viagem para o Equador - ainda, há a esperança de que o argentino Cavenaghi apareça entre os titulares. Entre todos os destaques, poucos se lembram dos adversários, os mesmos que tanto complicaram a vida da dupla no ano passado.

Veja os gremistas, por exemplo. Foi contra o mesmo Novo Hamburgo que o time comandado por Silas venceu a Taça Fernando Carvalho. A vitória foi magérrima - um simples 1 a 0, gol de Ferdinando - com péssima apresentação em pleno Olímpico. Do lado colorado, Guiñazu só pode erguer a Taça Fábio Koff após uma virada estupenda de 3 a 2 sobre o mesmo Pelotas, com gols de Bolívar, D'Alessandro e Edu (foto). Mas antes da festa, o Beira-Rio se calou ao ver os pelotenses abrirem o placar em 2 a 0. E a precaução fica maior ainda quando analisamos somente os adversários. Foi o Noia quem eliminou o Inter do primeiro turno, e o Pelotas quem tirou o Grêmio do segundo. E, assim como agora, a dupla Gre-Nal encarava as partidas contra estes clubes como mera formalidade. Deu no que deu!

Portanto, antes mesmo de pensar nas estreias das novas contratações e de um treino de luxo para a Libertadores, azuis e vermelhos devem levar a sério os rivais. Do contrário, podem ver se repetir os feitos que tanto alegraram o interior do Estado em 2010.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gol do alívio

Foto: Valdir Friolin

Todos sabem que o trio Rodolfo, Carlos Alberto e Escudero será escolhido para ingressar na lista de inscritos do Grêmio para a Libertadores da América. Ainda na fase preliminar, para enfrentar o Liverpool, Renato teve de selecionar 25 atletas. Algumas surpresas apareceram, entre elas a ausência de William Magrão, Mithyuê e Roberson, e as presenças de Matheus Magro, Wesley e Lins. Agora, o clube pode modificar três peças para estrear na fase quente da competição e as opções são praticamente óbvias. Resta saber quais serão as cartas decretadas fora do baralho tricolor.

Fosse alguns dias atrás, o nome de Maylson certamente apareceria na lista. Considerado titular em alguns jogos sob o comando de Silas, no Gauchão de 2010, o meia não teve o mesmo prestígio com Renato. Porém, o gol da vitória de 1 a 0 contra o São Luiz, nesta quarta-feira (foto), decretou a sua permanência entre os inscritos. Não só por ter assegurado mais três pontos à equipe, mas por garantir a tranquilidade necessária e recomendada pelo comandante. A partir de agora, nenhum outro clube que disputa a Taça Piratini alcançará o Grêmio na tabela de classificação e, por isso, os jogos decisivos acontecerão no estádio Olímpico. É um alívio para Renato Portaluppi, que não precisará viajar pelo interior gaúcho, podendo escalar time misto e mesmo assim contar com a força do torcedor ao seu lado. Como prova de gratidão, nada melhor do que manter Maylson entre os 25.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ensaio para a Libertadores

Foto: Roberto Vinícius

Hoje o Brasil entra em campo. Não, não é uma referência ao amistoso da Seleção contra os franceses, mas aos brasileiros dando o pontapé inicial na fase quente da Libertadores da América. Às 22h desta quarta-feira, o Fluminense encara o Argentino Juniors no Engenhão, sonhando com a primeira conquista da história do clube em âmbito continental - assim como o treinador Muricy Ramalho. Enquanto isso, gremistas e colorados ficam à espreita, aguardando o momento certo para correr atrás do tricampeonato.

Enquanto os tricolores cariocas entram em campo nesta noite, os gaúchos enfrentam o São Luiz, pelo Gauchão, com um gostinho de Libertadores. O Grêmio já estreou na competição, na fase preliminar, quando bateu o Liverpool de Montevidéu e ingressou no grupo 2. Os próximos adversários não prometem assustar muito mais que os uruguaios - León, Oriente Petrolero e Júnior de Barranquilla. Apesar disso, Renato e seus comandados não querem dar mole pro azar. Por isso, pisam em Ijuí com a gana de vencer os donos da casa e alcançar a liderança geral do campeonato estadual. Ao garantir o primeiro lugar, os gremistas terão vantagem nas etapas posteriores da competição e, assim, um caminho ainda mais tranquilo pela América do Sul. Além do mais, o torcedor terá a chance de ver Borges em campo de novo. O jogador, totalmente recuperado de uma lesão datada ainda de 2010, tem a árdua missão de comprovar que merece ser o centroavante titular, desbancando o artilheiro da equipe André Lima. Ou quem sabe ainda uma boa atuação não coloque os dois - André Lima e Borges (foto) - lado a lado no ataque azul.

Mas se o clima pega fogo para um lado, no outro a calmaria é total. Os colorados não tem compromisso algum nesta quarta. Poderão sentar em frente à televisão e secar o arquirrival e os cariocas. Entretanto, nem tudo são flores no Beira-Rio. A derrota para o Veranópolis trouxe muitas críticas, principalmente ao treinador. Por isso, na próxima rodada contra o Pelotas, os titulares serão escalados. Nem mesmo a apresentação do argentino Bolatti deu maior tranquilidade aos vermelhos. Até porque a estreia contra o Emelec, no Equador, não terá a presença de Rafael Sóbis e Bolívar, lesionados. E esta lista pode ganhar o nome de Zé Roberto, recém contratado, e com uma lesão muscular preocupante. Realmente, apesar de estarem apenas nos ensaios, o clima já esquentou.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O ataque dos renegados

Foto: Arquivo Vipcomm

O famoso navegador português Vasco da Gama, se vivo hoje em dia, sentiria remorso por emprestar o nome ao clube carioca. Definitivamente, a barca cruzmaltina parece estar furada. A equipe já teve seu treinador demitido, colecionou jejum de vitórias, tem histórico de salários atrasados e, para piorar, a dupla Gre-Nal comparece e leva os dois melhores jogadores disponíveis em São Januário. Tudo isso em menos de dois meses! Na segunda-feira foi a vez do Grêmio apresentar o meia Carlos Alberto, que preferiu trabalhar novamente com o técnico Renato Portaluppi, com que foi campeão da Copa do Brasil há quatro anos. Antes, o Internacional havia retirado o meia-atacante Zé Roberto. Os gaúchos, agora, parecem estar com peso na consciência. Vão ressarcir o Vasco.

O gerente de futebol vascaíno, Rodrigo Caetano - que esteve à frente do vestiário gremista noutros tempos -, está em Porto Alegre neste início de semana. A primeira visita foi ao estádio Olímpico. Para garantir que não sairá perdendo, propõe o empréstimo de Carlos Alberto aliado ao oferecimento de Leandro - que nada fez pelo Tricolor Gaúcho a não ser fiascos em seu apartamento. Logo após, Caetano foi ao Beira-Rio negociar a ida do centroavante Alecsandro (foto) em troca da permanência de Zé Roberto. Porém, a segunda tarefa é bem mais complicada que a primeira. Não apenas porque Alecsandro ostenta a marca de mais de 50 gols com a camisa vermelha, mas porque a diretoria pede um alto preço para se desfazer do atleta. Os torcedores colorados, que travam uma briga eterna com o camisa 9, querem mais é que ele saia - principalmente ao considerar o argentino Cavenaghi, recém contratado, mais qualificado que o titular do ano passado. Parece complicado que o artilheiro vá para o Rio de Janeiro, mas consideremos que isso aconteça, o Vasco pode ter em 2011 uma dupla de ataque formada por renegados: Leandro e Alecsandro.

Mas eles não estariam sozinhos em São Januário. Do goleiro ao centroavante que já estão no Vasco, existem outros exemplos de jogadores que não nutrem muita empatia com a torcida grenal. O camisa 1, Fernando Prass, iniciou a carreira no Grêmio, e jamais se firmou por aqui. O lateral-esquerdo, Ramon, protagonizou uma novela no ano passado quando bateu o pé para não voltar ao Inter, clube ao qual pertencia. O volante, Eduardo Costa, surgiu muito bem no Olímpico, mas não teve uma passagem tão frutífera em 2008. Por fim, no ataque, dois atletas possivelmente brigarão por vagas com os já citados Leandro e Alecsandro. Éder Luís, pretendido pela diretoria gremista no ano passado, preferiu rumar para a capital fluminense. E o centroavante Marcel, que colecionou xingamentos da torcida gremista em 2008. Realmente, Alecsandro tem razão em querer permanecer no Beira-Rio.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando os reforços valem a pena

Fotos: Alexandre Lops e Lucas Uebel

A semana abriu com duas festas no Aeroporto Salgado Filho - uma da torcida colorada e outra da gremista. No domingo pela manhã, foi a vez do argentino Bolatti ser bem recepcionado pelos vermelhos. À tarde, o compatriota Escudero pisou em solo porto-alegrense para a alegria dos azuis. Estes são alguns dos reforços da dupla, que vai buscar em 2011 o tri da Libertadores da América. Dias antes, o Inter apresentava o centroavante Cavenaghi, enquanto o Grêmio buscava o meio-campista Carlos Alberto. As contratações são de peso e enchem o torcedor de esperança. Mas o que se deve discutir é quando os reforços valem a pena.

Além dos castelhanos, o Internacional também trouxe os meias-atacantes Zé Roberto e Alex (do Vasco e Fluminense, respectivamente). Ambos já atuaram com a camisa vermelha - tendo o primeiro se lesionado no jogo de estreia. O segundo, encarado pela diretoria como uma jóia bruta, é alvo direto do escárnio de Celso Roth. Na rodada deste final de semana, pelo Gauchão, sem poder contar com Sóbis ou Zé Roberto, o treinador decidiu armar a equipe com três volantes (Matias, Tinga e Guiñazu) e apenas um atacante (Damião). O jovem talento foi renegado ao banco de reservas, e incluído na partida Andrezinho (foto acima), que apesar do esforço não tem a competência de um ofensivo. Depois, aos microfones, o comandante insistiu que Alex não é a salvação do time. Ok, mas o que ninguém entende é como Roth se preserva tanto contra um Veranópolis cambaleante. O resultado foi o mesmo vexame ocorrido contra o Mazembe: substituições estapafúrdias e derrota por 2 a 1.

Por que tanta demora, tanto cuidado, na hora de lançar uma contratação a campo? No sábado, por exemplo, o Grêmio fez com que o zagueiro Rodolfo (foto à direita) estreasse. Atleta precisa de condicionamento físico, de adaptação ao local de trabalho. Não é de se espantar, portanto, que o referido defensor tenha sido um dos melhores em campo diante do Caxias, na vitória de 2 a 1. Renato Portaluppi não treme ao utilizar seus novos contratados, nem teme em colocar jogadores jovens e habilidosos em campo. Se o resultado não for o esperado, se busca uma outra alternativa. O que não se pode é perder por omissão ou medo. Sendo assim, de nada adianta reforçar o elenco.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Olímpico rehab

A chegada do meia Carlos Alberto (foto) ao Grêmio pegou de surpresa a aldeia futebolística nesta sexta-feira. O principal fator deste "susto" é pelo acerto com o Boca Juniors para que o Tricolor tenha Escudero na disputa da Libertadores. Desta maneira, Renato Portaluppi passaria a contar com uma legião de meio-campistas habilidosos. Escalaria o time em um 4-5-1, sem sacar Douglas dos titulares e remanejando Lúcio para a lateral? Enfim, não dá para dizer que foi um mau negócio da diretoria gremista, afinal de contas, Carlos Alberto tem em seu currículo um título brasileiro com o Corinthians (2005), uma Copa do Brasil com o Fluminense (2007), além de uma Champions League e Mundial Interclubes com o Porto (2004). É verdade também que de uns tempos para cá, aparece como notícia mais por lesões e confusões - como a última em que se envolveu com o presidente vascaíno, Roberto Dinamite, e que foi fundamental para seu desligamento do clube carioca. Mas isso não é problema para o Grêmio. Ultimamente, o estádio Olímpico vem se mostrando uma excelente clínica de reabilitação.

Talvez o que mais tenha chamado a atenção foi o caso de Diego Souza. Escanteado no Benfica, o meia foi emprestado ao Tricolor para relembrar o bom futebol que o destacou em seu surgimento nas Laranjeiras. Não só recuperou a vontade de jogar, como contribuiu em muito para a campanha gremista na Libertadores de 2007. Um ano depois, seria a vez do também meia Roger (então namorado da atriz Deborah Secco) desembarcar em Porto Alegre para sua "rehab". Alguns meses se passaram para que ele renascesse para o futebol e logo fizesse as malas rumo ao Oriente Médio. Agora é a vez de Escudero (que anda em baixa no Boca Juniors) e Carlos Alberto mostrar que ainda podem apresentar algo mais.

O problema é quando jogadores de que tanto se espera, chegam para vestir a camisa tricolor. Foi assim com Leandro, que sai quase excomungado, entregue nesta negociação que traz o jogador do Vasco da Gama. Com este pensamento, o clube alcançou o bicampeonato da América em 1995, com Felipão e um grupo formado por "refugos". É assim que se tentará repetir em 2010, em busca do tri.

Novo ano, problemas velhos

Foto: Alexandre Lops

O ano de 2011 finalmente iniciou para o Internacional. Depois de algumas rodadas torcendo pelo time B, os colorados tiveram a chance de assistir os titulares (pelo menos a maioria) na partida contra o Juventude, nesta quinta-feira. A vitória veio, por 3 a 1, mas os problemas que tanto irritaram o torcedor no ano passado continuaram. Para alguns, a exuberante atuação de D'Alessandro (foto), que chegou a marcar dois gols, maquiou uma exibição fraca do restante da equipe. O argumento é que este foi apenas o primeiro jogo e os jogadores vão entrando no ritmo aos poucos. Tomara que seja isso realmente!

Não se deve comparar, mas podemos fazê-lo tranquilamente. Enquanto perdia dentro de casa para o Liverpool, o técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, abriu mão de um volante e lançou o meia Vinícius Pacheco para mudar o rumo da partida. O que fez Celso Roth? O Inter empatava com o Juventude e o comandante permitiu que três volantes - Matias, Tinga e Guiñazu - continuassem em campo. Além disso, quando Zé Roberto sentiu uma lesão e precisou deixar o gramado, o escolhido foi Andrezinho, isolando Damião no ataque (exatamente como acontecia com Alecsandro em 2010). Isso sem falar no goleiro. Lauro não chegou a causar grandes sustos como Abbondanzieri e Renan o fizeram, mas não gera uma tranquilidade nas arquibancadas do Beira-Rio. Enfim, o Colorado se resumiu à técnica de D'Alessandro e a um erro grotesco do árbitro que assinalou uma penalidade inexistente e permitiu a virada.

A zaga também esteve longe de ser elogiada. Índio, por exemplo, parecia estar com as panturrilhas pesadas (com o perdão da piada). É bem verdade que Bolívar e Rodrigo devem formar a dupla defensiva na Libertadores da América, mas mesmo assim o torcedor não sentiu confiança para uma estreia das boas contra o Emelec, daqui a duas semanas. Além disso, a ingenuidade de Leandro Damião deve dar lugar à experiência de Fernando Cavenaghi, e aí se apostam grande parte das fichas vermelhas. Entretanto, ainda está muito longe de se sonhar com o tri da América.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pacheco, o libertador

Foto: Ricardo Duarte

Como se esperava, os gremistas garantiram a passagem para a fase de grupo da Libertadores. Bastava um empate mínimo para carimbar o passaporte, mas o Tricolor foi além e venceu o Liverpool por 3 a 1. É verdade que no início houve sobressaltos. No entanto, os uruguaios não foram o bastante. Sem história e futebol à altura do Grêmio, contracenaram como figurantes no primeiro capítulo do clube porto-alegrense nesta Libertadores da América.

Os holofotes desta noite decidiram recair sobre Vinícius Pacheco (foto). Sacado do banco de reservas ainda no primeiro tempo para a vaga do volante Adílson - que não atuou muito bem -, o jogador mudou a cara e a história do jogo. Retirou a equipe gaúcha de uma defensiva medrosa e que chegou a estar perdendo dentro de casa, para iniciar o processo de construção da vitória. Depois de assistir ao empate de André Lima, balançou as redes em duas oportunidades, classificando o time de Renato para sua 13ª Libertadores. E quem lembra que Vinícius Pacheco chegou ao Olímpico para tapar o buraco deixado pela ausência de Ronaldinho Gaúcho? Todos amam Pacheco, o libertador.

E é justamente através dele que Portaluppi deverá transformar seu time para a fase quente da competição. Em uma chave onde aparecem Oriente Petrolero, Júnior de Barranquilla e León de Huánuco, o Imortal não pode entrar em campo com dois volantes. Assim como o Liverpool uruguaio, os inimigos da próxima fase são inexpressíveis. O esquema com o losango rápido será complementado ainda pelo argentino Escudero - contratação encaminhada junto ao Boca Juniors. Ainda por cima, na vazada defesa, Rodolfo tomará posse ao lado de Rafael Marques, ao que tudo indica. E assim o Grêmio pode começar a cantar com mais força que "o Mundial é o caminho".

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Lição de história

Já faz 28 anos que o Grêmio ergueu sua primeira taça Libertadores da América. Uma das principais peças daquela equipe era o atual treinador Renato Portaluppi. Nesta quarta-feira, a história se repete diante da retina do comandante e dos torcedores. Não é uma decisão valendo medalha - longe disso! Na partida desta noite o Tricolor estará jogando a chance de disputar mais uma competição sul-americana. Nem o time que Renato dispõe é tão qualificado como aquele de 1983. Não há um atacante como Renato, por exemplo. Nem o adversário é tão imponente como o Peñarol, na época o campeão do Mundo. Mas nada disso interessa. Esta noite o Liverpool estará cara a cara com o Grêmio que vergou o conterrâneo Peñarol, e conseguir pisar na grama do estádio Olímpico já é uma façanha e tanta para um simples campeão da 2ª divisão uruguaia.

O primeiro passo já foi dado pelos portenhos. Tal qual fez o jalde-negro de Montevidéu há quase três décadas, enfrentaram os gremistas de igual para igual no estádio Centenário. Até mesmo o resultado foi semelhante. Enquanto a final de 83 deixou o placar igualado em 1 a 1, desta vez cada um acertou duas vezes a rede do seu adversário. Agora, em Porto Alegre, a vantagem é amplamente brasileira. Um novo empate, desde que abaixo de 2 a 2, classifica o Tricolor. Mas, convenhamos, nem será preciso. Desta vez, Renato nem precisará ir à linha de fundo e acertar um balão em cheio na cabeça de César. Também não será necessário se enervar com a catimba dos rivais, revidar provocações e ser expulso (foto). As coisas prometem ser mais tranquilas nesta noite.

É preciso lembrar da história que se tem. É importantíssimo que, antes de entrarem em campo, os jogadores sejam levados pelo próprio Renato ao museu do Olímpico. Ou que apenas peçam para escutar no vestiário a história daquela grande conquista. Se hoje está em jogo a Pré-Libertadores, é por um breve acaso. O clube é bem maior que isso. Ao contrário dos uruguaios, que querem rugir como um Penãrol, mas não passam de um Liverpool. É tudo uma questão de história.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Villalba, um espelho para Cavenaghi

Tendo como referência o sucesso que D'Alessandro e Guiñazu encontraram no Beira-Rio, Fernando Cavenaghi resolveu aceitar a proposta do Internacional. Foi apresentado nesta segunda-feira como a grande aposta de gols do clube colorado para a Libertadores da América. Aliás, espera seguir os passos dos conterrâneos que trajam a camisa vermelha para voltar à Seleção do seu país e, quem sabe, conquistar o título continental. A escolha do jogador não é das piores, já que argentinos costumam dar certo por estas bandas. São meio-campsitas, volantes e zagueiros que já caíram no gosto, seja da torcida colorada como gremista. Mas e os centroavantes? Algum camisa 9 castelhano fez sucesso por aqui? O último foi Máxi López, no Grêmio, e que deixou o clube de uma maneira conturbada ainda por cima. Então, o histórico recente diz que não. Porém, poucos reconhecem em um "hermano" a figura de um dos atletas mais importantes da história vermelha.

José Villalba (à esquerda na foto), nascido em San Tomé - fronteira com São Borja -, foi trazido em 1941 para realizar testes no Internacional. Não só passou nos exames como ingressou no histórico Rolo Compressor, onde permaneceria até 1944 formando o ataque com Tesourinha e Carlitos. Rodou ainda por Palmeiras e Atlético-MG, voltando a Porto Alegre em 1946. Dois anos depois, em 1948, foi autor de quatro gols em uma vitória de 7 a 0 sobre o arquirrival Grêmio. É Villalba o segundo maior artilheiro na história do clássico gaúcho (com 20 gols, atrás apenas do companheiro de equipe Carlitos). Foi o primeiro argentino a jogar como atacante no Internacional e jamais superado - os outros conterrâneos, Montaño (na década de 50) e Claudio Garcia (em 1995), atuaram apenas uma vez cada.

Portanto, a tarefa de Cavenaghi não é tão fácil como se pensa. Nem memso superar os 50 gols do contestado Alecsandro pode ser considerado como tarefa de Hércules. O torcedor exige mais do que um simples balançar de redes. Quer belas apresentações, estrela contra os rivais e títulos, muitos títulos. Só assim o argentino do presente conseguirá repetir o feito do conterrâneo do passado.