sexta-feira, 31 de julho de 2009

Acertando as contas


Tem sido o maior clichê do Brasileirão 2009: Grêmio joga fora de casa e toma sarrafada, joga dentro de casa e tritura o adversário. Ora, por pior que seja este pensamento, já podemos entregar os pontos para o Tricolor neste final de semana. Sim, pois joga dentro do estádio Olímpico contra o Cruzeiro. E se a coisa está feia para os gremistas, que ocupam a 10ª colocação, mais feia ainda para os cruzeirenses, que postulam em 14º.

Porém, leve em consideração a última partida entre as duas equipes. Era um campeonato diferente, era Libertadores da América. Em Belo Horizonte, vitória mineira por 3 a 1. Em Porto Alegre, os gaúchos precisavam vencer por 2 a 0. Desta maneira, o Grêmio se jogou em cima desde os minutos iniciais. Tudo indicava que a noite seria de glórias. Pois não foi. Uma, duas, três chances de gol perdidas, lá foi o Cruzeiro e papou a vaga com dois gols de Wellington Paulista. O Imortal ainda conseguiria empatar no segundo tempo, mas era tarde demais para reverter o quadro. Mesmo assim, o torcedor aplaudiu, cantou. Ficou convencido de que o seu time havia chegado no limite, tinha feito o seu melhor. No entanto, repita-se um empate neste domingo e o torcedor vai vaiar até a última geração da família de Paulo Autuori. Tudo porque o Grêmio não ganha fora de casa. E quem não ganha fora, traz a lição para dentro de casa. É, desse jeito, acho que tem gente sentindo saudades de Celso Roth.

Mas vamos ser otimistas! Vamos pensar que o Grêmio ganha do Cruzeiro e acerta as contas com a desclassificação da Libertadores. Da mesma maneira, o Inter também quer acertar as contas com o passado. Neste ano, os colorados sentiram o gostinho de três torneios. Chegaram a três finais e ganharam apenas uma. Perderam Copa do Brasil e Recopa Sul-Americana. Perderam para equipes mais organizadas, é bem verdade: Corinthians e LDU. Agora, surge uma nova taça no horizonte vermelho. A Copa Suruga! Não é tão glorioso assim como alguns dirigentes querem pintar. Vale muito mais dinheiro do que reconhecimento, mas quem não quer mais uma taça no armário? Por isso, o Colorado embarca para o Japão para acertar as contas. Para equilibrar a conta da diretoria. Aí, então, quando voltarem com uma relíquia dourada na mala, Vitório Píffero virá aos microfones com a mesma empáfia vista nos primeiros meses: "Ganhamos dois campeonatos de quatro disputados. 50% de aproveitamento!". Quem duvida? Ninguém!

Medo de altura


Quando o Grêmio saiu da Libertadores, as primeiras vitórias animaram o torcedor. Goleadas fulminantes dentro de casa e vitória em Gre-Nal. Tudo parecia azul para o lado do Imortal. No entanto, quando embarca no Aeroporto Salgado Filho, os jogadores do Grêmio começam a tremer. Não sei se por medo de avião, por medo de altura ou por temer o próximo adversário. Sabe o que acontece? O Grêmio, dentre poucos times no Brasil, sabe o que é ter uma torcida a seu favor por 90 miutos. O gremista é fiel, canta, empurra e agita o seu time. Não importa se o Léo está dando canelaço na bola e se o Jonas está perdendo o seu milésimo gol neste ano. Com este incentivo constante, o jogador gremista se atira ao ataque e tritura o adversário dentro do estádio Olímpico. Acontece que em um campeonato de pontos corridos, você joga fora de casa o mesmo número de vezes que atua dentro de seus domínios. E aí mora o perigo.

Quando adentra o gramado inimigo, o Grêmio se sente como se estivesse pisando em uma arena do tempo dos gladiadores. Olha para a torcida adversária e lembra do que faz a sua Geral. Imagina que com aqueles milhares de torcedores, o oponente é imbatível, assim como ele o é dentro de Porto Alegre. Acontece que nem todo mundo é assim. E a partir de então, o Grêmio perde a chance de somar mais três pontinhos. Por mais que surre inimigos no Olímpico, o Tricolor não sobe na tabela. Não sobe porque tem medo de alguma coisa. Talvez de subir. Subir no avião, subir as escadas do vestiário, subir na tabela de classificação. Veja bem: Com a derrota de ontem para o São Paulo, das equipes que subiram para a primeira divisão este ano, o Grêmio está na frente apenas do Santo André. Corinthians, Avaí e Barueri estão melhores colocados que o Tricolor, que ocupa a modesta 11ª colocação.

Já o seu arquirrival, por outro lado, tenta perder a síndrome de pânico que lhe acometeu nas últimas rodadas. Após a vitória sobre o Barueri, o Inter tira umas férias do Campeonato Brasileiro. Vai ao Japão. Vai com o ímpeto de quem vai disputar um Mundial Interclubes. Mas esquecem os dirigentes do futebol que a FIFA decidiu realizar o Mundial nos Emirados Árabes a partir de agora. O Colorado chega então para disputar uma tal de Copa Suruga Bank, contra um tal de Oita Trinita, que dizem, é o campeão japonês. Dizem! Eu nunca mais vi o campeonato japonês depois que o Zico se aposentou. E, convenhamos, sequer ouvi falar nesse time. Pois bem, boa sorte aos colorados. Que consigam surrar os japoneses, ergam a taça do torneio e voltem com a estima revigorada. Por que é aqui, no Brasil, que o bicho pega. Aliás, imagine se o Inter faz como o Grêmio e perde fora de casa?! Imagina se o Oita Trinita leva a melhor sobre o time de Tite?! Aí sim, vira a chacota do século. Mas é melhor nem pensar nisso...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Briga de cachorro grande


Até que enfim o Inter venceu. Já eram três jogos sem assustar ninguém. E bem que ontem ele tentou assumir o perfil de coitadismo, de vira-latas que o acometeu durante estes últimos meses. Estava vencendo por 2 a 0 o Barueri. Barueri! E aqui sempre um fanático que diz: "Mas o Barueri é um bom time, está jogando direitinho". Ora, Barueri, do tempo que eu entendia alguma coisa de futebol, era time da Série A2 do Paulsitão. Portanto, empatar dentro de casa contra um time deste patamar seria mais um fiasco para o currículo colorado. Até que veio Sorondo (o Figueroa versão 2009) para sacudir as redes e aliviar o peito vermelho.

Também não pense que com os 3 a 2 de ontem a paz retorna ao Beira-Rio. O time ainda está capenga. Para meu espanto, Giuliano ontem foi um dos destaques da equipe, ativando o lado direito - há anos adormecido com a efetivação de Bolívar como lateral. Agora, mais do que todos, Andrezinho é o grande destaque do novo Inter. Com um gol de falta e uma cobrança na trave, o meio-campista se credencia de vez à vaga de Alex, que seguia em aberto desde a venda do jogador. Pois agora, revigorado por uma vitória suada, o Colorado vai ao Japão. Vai disputar na Terra do Sol Nascente o motivo de chacotas da torcida azul: a Copa Suruga Bank (com todos os trocadilhos possíveis).

Falando em torcida azul, hoje é a vez do Grêmio entrar em campo. Se o Inter pegou o chiuaua da competição - o desconhecido Barueri -, os tricolores vão à capital paulista tentar uma vitória diante do Pastor Alemão do Campeonato Brasileiro. E, desta maneira, espera-se uma briga de cachorro grande, já que o Grêmio também não é qualquer vira-latas. Se bem que, neste ano, fora do estádio Olímpico, os comandados de Paulo Autuori têm jogado como se fossem um bando de filhotinhos assustados, e em casa viram Rottweilers. Fica o desejo de que, a partir da 15ª rodada, o Imortal vença longe de seus domínios. Até porque, cachorro que muito ladra, geralmente não morde.

terça-feira, 28 de julho de 2009

1983: Um ano a ser seguido


28 de julho de 2009. Não, este não é o comentário de ontem. Há 26 anos o Grêmio erguia pela primeira vez a Taça Libertadores da América. Pela primeira vez na história do clube tricolor e também na história do povo gaúcho. Não quero cutucar os colorados, mas já cutucando, depois desta conquista de 1983 o Rio Grande do Sul percebeu que poderia ir além do território brasileiro. Assim como as três conquistas brasileiras do Internacional, na década de 70, permitiram aos sul-riograndenses sonhar com títulos além de seus próprios domínios. Bom, mas não é a isso que quero me ater. Quero rememorar o título gremista de quase trinta anos atrás para que sirva de exemplo aos atletas e dirigentes do presente.


Naquela oportunidade, um inexperiente Valdir Espinoza tomava a frente de um grupo de jogadores jovens. O atacante Renato Portaluppi e o lateral formado nas categorias de base Paulo Roberto, por exemplo, misturavam-se à experiência do meio-campista Tita e do goleiro Mazaropi. E a conquista da América antecedeu o campeonato mundial, o que muito orgulha a massa azul. Pois sei que o dia é de festas. Porém, além de embebedar-se de nostalgia, o torcedor deve refletir um pouco sobre esta data. Ora, depois dos gloriosos anos 80, o Grêmio viria a conquistar o bi campeonato sul-americano em 1995. Algo em comum entre as duas conquistas? Mas é claro que sim! Fábio Koff no comando diretivo do clube. E isso não é pouco. Aliás, é neste nome que os atuais diretores deveriam se espelhar. Claro, os tempos são outros. Os clubes de futebol agora são empresas e blá blá blá. Mas a vontade de vencer uma Libertadores vai muito além de apenas demitir Celso Roth no meio do ano, meu amigo. Tudo se chama planejamento. E para que o Grêmio possa sonhar com o tri da Libertadores novamente, precisa estar entre os quatro melhores do Brasileirão. Para isso, deve vencer fora de casa - o que não vem fazendo este ano.


Pois se a conquista é em azul, preto e branco, serve de estímulo também para os vermelhaços. Afinal de contas, quem não gostou de ver Fernandão erguer a taça em 2006? E daquela feita,
o Internacional também tinha um diferencial por trás das cortinas: Fernando Carvalho. Este foi o nome que levou o Colorado de mero coadjuvante da Copa Sul-Americana a campeão da Libertadores e do Mundo. Carvalho é tão ídolo da massa vermelha que, ano passado, quando a direção parecia perder as rédeas, chamaram o super-herói colorado de volta ao comando do futebol. Pois neste ano, o homem colocou as mangas de fora novamente. Depois de perder todos os campeonatos possíveis, aliado à queda de rendimento no Brasileirão, Fernando Carvalho se sobrepôs até mesmo ao técnico Tite e gritou mais forte que todos no vestiário. Retirou o argentino D'Alessandro do grupo de jogadores e multou o zagueiro Índio por faltar a um treino. Tudo isso porque ele sabe o que é ser campeão sul-americano. E apesar de ser um fanático pelo seu clube, sabe distinguir o passado do presente. Cansou-se de assistir a rememorações e quer ver ao vivo de novo o seu time no topo do mundo. No entanto, para que tal fato aconteça, o Inter precisa redescobrir o caminho das vitórias. E nesta quarta-feira, a tarefa de casa é o primeiro passo para a retomada da normalidade no Beira-Rio. Frente ao Barueri, os colorados esperam voltar ao topo do Campeonato Brasileiro para, quem sabe, estar no topo da América no ano que vem.


Mas isso tudo, por enquanto, é apenas sonho. O que não pode acontecer é que, tanto Inter quanto o Grêmio, durmam no ponto e voltem a ser coadjuvantes de luxo nos torneios que
participam. Quem sabe, daqui a 25 anos não comemoremos mais um título gremista, ou um colorado?!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cadê os reforços?


Santos contratou o volante Émerson, ex-Grêmio; Roni volta ao Fluminense e Corinthians acertando detalhes para a vinda de Sylvinho. E o mercado não para por aí. Se fala muito na janela de transferências que leva jogadores para a Europa. No entanto, pouco se leva em consideração o vai-e-vem dentro do território brasileiro, ou até mesmo a repatriação de alguns atletas.

No Internacional, não bastasse a péssima fase vivida dentro de campo, Nilmar fez as malas para a Espanha. Aliás, todo meio de ano é a mesma coisa para o Inter. Ano passado, cogitou-se a saída de Guiñazu, mas a diretoria logo tratou de aumentar o salário do argentino e o manteve no Beira-Rio. Contudo, em meados de 2008, enquanto o capitão Fernandão era sugado pelos petrodólares, Fernando Carvalho tratava de contratar os meias D'Alessandro e Daniel Carvalho. Por que esta é a proposta do clube vermelho: vender um e contratar outro logo em seguida. Bom, pelo menos era a proposta em meses atrás, porque este ano se vê algo diferente. O garoto maravilha abandonou Porto Alegre e o Inter ainda não sabe se vai usar Bolaños ou Alecsandro. Os mais fanáticos cogitaram Liedson, Deivid e até mesmo a volta de Rafael Sóbis. Bons eram os tempos em que o Sport Club Internacional se gabava por saber contratar. Agora limita-se a contratar Lima, do Criciúma, para a lateral-direita.

Do lado gremista, os nomes ainda são os mesmos desde que Autuori apontou o nariz no Aeroporto Salgado Filho. Renato, Rafael Carioca e até mesmo Ronaldinho Gaúcho fazem parte do grupo de promessas que só serviram para iludir o torcedor gremista. Muito pelo contrário, ao que parece, ou Victor ou Réver (ou até mesmo os dois) devem parar no futebol português. O Grêmio perdeu seu tempo insistindo com Orteman e Alex Mineiro. E então surgem as notícias de que eles acabaram sendo liberados. A esperança é que, com o montante que se pagava por estes atletas, faça-se desembarcar um jogador de futebol que não esteja prestes a se aposentar. Bons tempos em que Fábio Koff trazia dois ou três refugos e montava um belo time. Trazia um reserva do Vasco e outro do Flamengo e montava uma dupla de ataque chamada Paulo Nunes e Jardel.

Pois agora, janela de transferências, para a dupla Gre-Nal, se resume em adeus, arrivederci, au revoir, goodbye... Foi-se o tempo em que ao perder uma peça logo se tratava de repôr. Mas, pelo que parece, isso saiu de moda por aqui. Pelo menos até a perda de mais um Brasileirão.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Efeito iô-iô


Meio de ano, fim do primeiro semestre e janela de transferências. Estes três argumentos já são quase sinônimos. Sabe-se que neste período, os campeonatos europeus estão em recesso. Por isso os vitroriosos lá se chamam campeões da temporada 2008/2009, por exemplo. Eu não sei que graças alguém pode achar disso tudo. Prefiro o nosso estilo, em que o clube é campeão do ano X e pronto! Em alguns anos atrás tivemos uma esculhambação dessas. O Gre-Nal do Século mesmo, disputado em 1989, na verdade, era a semi-final da Copa União de 1988. Ou seja, a coisa mais sem cabimento. Pois bem, mesmo assim, ainda existem aqueles que imploram para que o nosso Brasileirão se molde aos campeonatos da Europa. Tudo isso para evitar que os atletas sejam cobiçados pelos euros.

E é esse clima que envolve o atacante Nilmar, do Internacional. Já se falou de Palermo, Wolfsburg e agora é Villareal. Todos clubes de segundo escalão que vem tentando roubar o menino do Beira-Rio. Pois exatamente desta mesma maneira se fez em 2004. O jovem Nilmar, então com apenas 20 anos, seria comprado pelo Lyon, da França. Muito aconteceu, tanto para o jogador quanto para o clube, passaram-se três anos e o atacante retornou à casa que o revelou. Pois agora, em meados de 2009, escutamos novamente que a Europa cobiça a galinha dos gols de ouro do Internacional. Há quem diga que para o seu lugar o Inter já esteja acertando o retorno de Rafael Sóbis. Sim, aquele mesmo que três atrás conquistou a América e se foi pra Espanha. Ou seja, teremos a troca de um garoto do Beira-Rio por outro. E depois que Sóbis ser vendido de novo, quem voltará? Alexandre Pato?

Pois isso não acontece apenas com o Inter. Do outro lado do Rio Grande, aonde o sangue escorre azul, se vê um filme semelhante. Porém, não com relação às revelações das categorias de base. O meio-campista Tcheco, que desembarcou em 2007 para solucionar os problemas do time de Mano Menezes, se identificou tanto com a torcida que decidiu voltar em 2008. E agora há aqueles que pedem a cabeça do atleta. Foi só o Grêmio perder mais uma fora de casa para que o torcedor xingasse até a última geração do capitão. Na verdade, não é a primeira vez que isso acontece com o camisa 10. Ainda na Libertadores da América, houve quem clamasse pelo jovem Douglas Costa no lugar do lento Tcheco. E assim, aos tapas e beijos, a torcida tricolor e o capitão vão se relacionando (pelo menos até a próxima oferta árabe pelo jogador).


A grande diferença do Grêmio para o Inter é a manutenção do elenco. O Inter, mal ou bem, consegue manter os jogadores por mais de dois anos. Já o Imortal, judia do seu torcedor. Ou vai dizer que você não adoraria estar com Diego Souza no elenco, ou ainda contando com a presença de Carlos Eduardo no ataque? Prova disso é a escalação do Grêmio nos últimos anos. Ou vai dizer que você sabe escalar de ponta a ponta o time de 2006? Gallato, Hugo, Jeovânio, Rômulo... Bom, deixa pra lá...

O Inter de ontem é o Grêmio de hoje


Os resultados da 13ª rodada do Brasileirão 2009, ocorrida nesta quarta-feira, fizeram-me lembrar de outras campanhas da própria dupla Gre-Nal. E você, torcedor, se fizer um esforço na memória talvez chegue a mesma conclusão. Tanto Grêmio quanto Inter, ao que parecem, não aprenderam com erros antigos. Na verdade, não são os próprios erros! Podemos dizer que o Grêmio é o Inter de ontem e vice-versa.

Bom, quando o Grêmio pisa dentro do estádio Olímpico, ruge mais alto que qualquer adversário. Trucida recentes campeões da Copa do Brasil, aniquila possíveis zebras e elimina arquirrivais. Desta maneira, empolga o torcedor. Faz com que o fanático exclame que vai levantar a taça do Campeonato Brasileiro no final do ano. Mas é só pisar no gramado adversário, longe dos seus domínios, para que mie tal qual um gatinho inofensivo. Pois ontem, diante do modesto Avaí, os gremistas viram se repetir um filme antigo. Alguém poderá dizer que o Grêmio de Paulo Autuori parece aquele time treinado por Mano Menezes em 2007: amassava adversários dentro de casa e era goleada fora. Por este desempenho, chegou-se a dizer que o Grêmio era um time caseiro. Pois eu trato de afirmar que este Imortal Tricolor, de Máxi López e Cia., é a reedição do Inter do ano passado. Em 2008, em 19 partidas longe do Beira-Rio, o Inter ganhou apenas duas. Duas! Pois os comandados de Autuori já enfrentaram seis adversários longe de Porto Alegre e conquistaram apenas um empate. Ou seja, cinco derrotas! Quem em sã consciência vai sonhar com títulos e vaga em Libertadores da América com uma campanha pífia dessas.

Agora, falando em pífio, vamos tratar do clube presidido por Vitório Píffero. Quando todos os colorados esperavam pela reabilitação diante do São Paulo, eis que surge mais uma frustração: empate em 2 a 2. Aliás, a massa vermelha já começa a se acostumar com decepções, assim como se acostumou aos títulos há pouco tempo atrás. Pois se o Grêmio repete os feitos negativos do seu co-irmão, do lado vermelho não é diferente. Já são dois títulos perdidos, derrota em clássico e tropeços dentro de casa. E mesmo assim, com o prazo de validade de Tite pra lá de vencido, a diretoria segue mantendo o discurso de permanência do treinador. Ora, isso não pode ser outra coisa senão a reedição do que o torcedor gremista viveu com Celso Roth no início do ano. Foram Gauchões, Copa do Brasil e Brasileiros postos fora e o vice de futebol Krieger manteve Roth até o fim dos tempos. Pois agora acontece a mesma coisa para o Colorado. Até quando Tite vai permanecer comandando um grupo desmotivado e conturbado?

Quer saber como vão terminar estas histórias? Apenas pegue por base o que aconteceu: perdendo todas fora de casa, o Inter sequer conseguiu a classificação para a Libertadores; e mantendo Celso Roth, a torcida do Grêmio se virou contra a diretoria e jogadores. Vamos assistir ao mesmo filme com papéis invertidos? Bom, fica a dica. Vale aguardar.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Os mistérios da lateral-direita


Após o clássico dos 100 anos, Grêmio e Inter voltam a campo. O lado azul motivado, pensando alto, até em título brasileiro, por que não? Já a massa vermelha tenta levantar de mais um tombo. Pois nesta quarta-feira, o Tricolor vai à Florianópolis, enfrentar o time de Gustavo Kuerten - o Avaí. E o Colorado fica em casa, esperando pelo São Paulo Futebol Clube mais capenga dos últimos 10 anos. Nenhum dos dois pode perder. Porém, vou além da análise destas partidas. Vou comparar dois pontos cruciais entre a dupla.

Para a partida contra os catarinenses, o técnico Paulo Autuori já avisou: vai manter o garoto Mário Fernandes na lateral-direita. Na verdade o jogador veio para o estádio Olímpico para ser zagueiro. Nos primeiros treinos, chegou-se a comparar a jovem revelação a Mauro Galvão. Depois, falar em Mário Fernandes era sempre precedido da seguinte frase: "aquele que fugiu do Grêmio". Pois agora, pensar no atleta e não comentar a sua grande atuação no Gre-Nal é inevitável. Pois exatamente por este jogador é que passará os planos do Imortal neste ano. Somente em 2009, o Grêmio já teve inúmeros laterais. Na verdade, nenhum de ofício. Passaram pela função Ruy, Saimon, Makelele e William Thiego. Agora, por coincidência ou não, novamente não se tem um lateral-lateral. Porém, pelo que se viu no domingo, o torcedor pode confiar um pouco mais em jogadas pelos flancos. Embora não tenha apresentado uma qualidade exuberante nos cruzamentos, Mário não comprometerá com a camisa número 2 já para este jogo contra o Avaí. Mais um teste pro garoto.

Em contrapartida, os peles vermelhas passam longe de solucionar os problemas da sua ala direita. Desde que desembarcou de volta ao Beira-Rio, Bolívar nunca escondeu que prefere atuar como zagueiro. Inlcusive, por diversas vezes, o vice de futebol Fernando Carvalho teve de interceder para que o jogador não desistisse da posição. Muito deste esforço de Carvalho se dá pelos suplentes que o Inter apresenta para aquela função. Danilo Silva atuou contra o Corinthians e fez o torcedor sentir saudades de Bolívar. De Arílton nem se fala (o guri ainda não mostrou a que veio). Pois agora, me vem a notícia de que o Colorado contratou Lima, lateral-direito do Criciúma. Meus amigos, com o dinheiro que se renovou o contrato de Bolívar, contratou-se Danilo, Arílton e Lima, se trazia o Cicinho para Porto Alegre. E muito dos problemas do Internacional se traduzem nisso: falta de jogadas pela lateral.

Espera-se que contra o São Paulo, o Inter não precise acionar os flancos para vencer. Assim como se espera que contra o Avaí, o Grêmio não sofra decepções com a mais nova atração das categorias de base. Enfim, nesta quarta-feira, bom jogo para vermelhos e azuis!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A dança dos técnicos


Para os fãs de futebol brasileiro, os últimos tempos vem surpreendendo no que diz respeito à estabilidade dos treinadores. Figuras imaculadas das casamatas de nosso país, como Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho, acabaram perdendo seus empregos nos últimos dias. E nesta vasta lista prosseguem os de menores expressão, como Vágner Mancini, Nelsinho Batista e Geninho. Já faz algum tempo, mas até o Felipão foi demitido! Aonde fomos parar?!

Pois agora borbulha mais uma nova informação: Renato Gaúcho é contratado pelo Fluminense. O mesmo que deu o título do Mundial de 83 para o Grêmio; o mesmo que jura amor eterno ao azul, preto e branco; o mesmo que teve seu nome cogitado logo após a demissão de Celso Roth. E veja como o futebol é engraçado. A mesma torcida que derrubou Roth, urrou pela contratação de Portaluppi. A direção gremista fincou o pé e disse que queria Paulo Autuori. Pois a grande maioria aplaudiu de novo, achando que o carioca levaria o Grêmio aos Emirados Árabes no final do ano. E foi só cair diante do Cruzeiro para que os primeiros gritos começassem a aparecer. E o que não faz um Gre-Nal, meu amigo?! Bastou o Imortal Tricolor bater no arquirrival para que o Olímpico inteiro passasse a exaltar o treinador e esquecer completamente que um dia na vida pediu por Renato Gaúcho.

Pois do lado vermelho, a situação é totalmente adversa. Diariamente se vê um colorado exaltado a exijir a demissão do treinador Tite. Já se foram uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e a liderança do Brasileirão, e a direção diz que ainda aposta no comandante. Até quando? Se bem que, analisando o mercado de treinadores, a vida colorada não está fácil. Exisitiram pedidos pela contratação de Vanderlei Luxemburgo. Poucos, mas existiram. Pois no final de semana, o "técnico-manager" foi anunciado no Santos. Vágner Mancini, pelo que parece, é uma extensão de Adenor Bacci e Nelsinho Batista não aparece mais no Beira-Rio nem pintado de ouro. Pois o grito unânime é de apenas um nome: Muricy Ramalho. O cara que deu três títulos brasileiros para o São Paulo nos últimos três anos, é a grande esperança de alegrias para a massa vermelha. Agora eu pergunto: quem está disposto a aguentar o birrento Muricy falando seu caipirês e reclamando que a família está em São Paulo de novo?

Sinto inveja da estabilidade de Hélio dos Anjos no Goiás, de Mano Menezes no Corinthians e de Dorival Júnior no Vasco. Pelo menos até a próxima dança das cadeiras...

100 anos de corneta


Gre-Nal número 377. 119 vitória do Grêmio. 117 empates. 141 vitórias do Internacional. 501 gols azuis contra 539 gols vermelhos. Um século de histórias para contar. O clássico deste domingo apenas complementa o que já se desenrola desde 1909. Não interessa que o seu time do coração passe um ano em branco, sem vencer ninguém - desde que ele vença o Gre-Nal.

Outro fator confirmado pelo duelo deste final de semana, foi de que o vencedor é o melhor time do mundo e que o perdedor é o pior. Empate nunca é alívio dobrado. Há 100 anos é assim. Pois bastou o árbtiro Gaciba apitar o fim do confronto, para que a festa tricolor se iniciasse. A partir de então, não importa que o time esteja em 7º lugar no Brasileirão. A comemoração era de como se tivesse sido o Campeão da Libertadores. O gol de Máxi López tirou um peso das costas da massa azul (apenas repetindo aqui as palavras do meio-campista Souza). E, na cabeça do fanático, a culpa do jejum de grenais era do Celso Roth mesmo, porque foi só o Autuori assumir que o time ganhou de novo. Aliás, que baita time! Desde o gandula ao flanelinha do estacionamento do estádio Olímpico apostam que o Grêmio será campeão brasileiro este ano. Não que a equipe não tenha competência para tanto, mas por que antes do Gre-Nal ninguém apostava na força do elenco tricolor? Respondo: porque Gre-Nal é Gre-Nal.

O mesmo acontece com o lado inverso. Claro, com as proporções inversas. Bastou o Inter perder o clássico para que a rebelião tomasse conta dos peles vermelhas. Nem parece que o time está em 3º lugar na tabela de classificação. É bem verdade que o Rolo Compressor vem descendo ladeira abaixo há horas, mas ainda não é o fim do mundo! Fim do mundo é para o Cruzeiro que perdeu a América e agora está na zona de rebaixamento. Não há no Beira-Rio quem não pense que o Tite deve fazer as malas e rumar pra bem longe. Aliás, até existe quem queira a permanência dele - o presidente e o vice -, mas até estes começam a ser axincalhados pelo torcedor fanático. Ninguém leva em consideração que o Grêmio jogou em casa, com o apoio do seu torcedor, e empurrado por um jejum de vitórias que ninguém mais aturava. Sabe porque isso acontece? Porque Gre-Nal é Gre-Nal!

Não adianta eu dar uma de lúcido aqui. No fundo do peito também carrego o resultado deste histórico Gre-Nal do Século. Porém, já são 100 anos de duelo, 100 anos de cornetas, 100 anos de depressão pós-jogo. E não podia ser diferente. Agora, resta quem discuta: este foi o verdadeiro Gre-Nal do Século? Pois é, este é mais um resultado do ambiente Gre-Nal. Assim como as velhas discussões entre Mundial FIFA e Mundial Toyota. Enfim, parabéns aos gremistas e pêsames aos colorados.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Números, números, números...


Grêmio e Inter completam 100 anos de rivalidade neste final de semana. E para falar deste clássico é importante começar desde o início. Em 18 de julho de 1909, um grupo de aventureiros recém reunidos desafiou um dos principais clubes de Porto Alegre para uma partida de foot-ball. Sim, ainda se pronunciava em inglês o pouco difundido "bolapé". De um lado se postaram onze descendentes alemães, de boina e engravatados, trajados em uma elegante camisa azul e preta de algodão.

Do lado adversário, jovens que pouco se conheciam, vestindo uma camisa pesada, de cor vermelha, com cordões brancos amarrados na altura da gola. Pois os seis anos de experiência dos azuis falaram mais alto. Impôs-se um elástico 10 a 0. Hoje em dia nem um time de hidrantes leva 10 a 0 do seu adversário. Mas naquela oportunidade levou. Poderia ser o fim de uma partida. Mas não. A partir dali os homens de vermelho postaram em suas mentes que iriam vencer os azuis. Até que um dia venceram - mais precisamente em 1915, por 4 a 1.

Desde então, a vida dos vermelhos foi superar os azuis, para logo em seguida ser superado novamente. A verdade é que um não vive sem o outro. No entanto, o Gre-Nal deste domingo terá um sabor especial. Não só pelo fato de postar frente a frente arquirrivais centenários, mas para os admiradores de táticas futebolísticas. Há sete Grenais o Inter não perde. Ou, traduzindo, desde que Mano Menezes deixou o Grêmio e desde que Tite assumiu o comando Colorado, a torcida gremista não comemora vitória. De lá para cá, o Grêmio - sempre com Celso Roth - atuou em um esquema com três zagueiros, dois alas, três meias e dois atacantes. De lá para cá, o Inter sempre apostou nas duas linhas de quatro, com dois na frente. Pois agora, passados dois meses do último confronto (2 a 1 para o Inter, pelo Gauchão), o quadro virou ao contrário.

Celso Roth não está mais no comando tricolor. Agora as definições táticas estão a cargo de Paulo Autuori, que decidiu utilizar o esquema 4-4-2, que bateu o próprio Grêmio pelas últimas quatro vezes. E, quis o destino, que o técnico colorado, Adenor Bacchi (o Tite), armasse seu time no 3-5-2. Aquele mesmo que ele cansou de surrar durante um ano.

E agora: quem vence o duelo dos números? Quem comemorará vitória? Os três zagueiros ou a linha de quatro? O experiente Tite ou o estreiante Autuori? Os argentinos do Grêmio ou os castelhanos do Inter? Olha, apenas uma coisa é certa. Quem vencer entrará para a história como o time que venceu o Gre-Nal dos 100 anos.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A volta dos que não foram


Neste meio de semana, os torcedores da dupla Gre-Nal assistiram aos jogos de seus clubes com o pensamento distante. Se o time levava um gol ou se marcava, tanto fazia. Agora, se um jogador dava uma chegada mais ríspida ou discutia com o árbitro, era um calafrio na espinha. Tudo porque o Rio Grande do Sul já respira o clássico de domingo.

Com a delegação gremista que foi à Curitiba, ausências de Herrera, Máxi López, Souza e Réver. Todos se resguardavam para duelo contra o arquirrival. O Grêmio se deu ao luxo e acabou pagando o pecado ao perder de virada, por 2 a 1, para o Coxa. Ainda, há quem diga que a derrota só foi decretada após a expulsão de William Thiego. Aliás, com o cartão vermelho, o lateral está automaticamente fora da próxima partida. E agora, quem será o seu substituto? Outro que não jogará o Gre-Nal do centenário será o zagueiro Léo, que amarelou. Não, não que ele tenha ficado com medo, o atleta recebeu o terceiro cartão amarelo. Já no dia seguinte à derrota, a dupla de ataque argentina e o zagueiro Réver (que sequer viajaram por problemas de lesões) treinaram normalmente e integrarão a esquadra tricolor. E, por fim, o mais esperado e importante retorno será o do meio-campista Souza, que cumpriu sua pena e vem sedento por vitória.

Se as dúvidas circundam o estádio Olímpico, pode-se dizer que o Beira-Rio está afundado em um nevoeiro de mistérios. Na vitória de 4 a 2 sobre o Fluminense, o técnico Tite operou diversas modificações na equipe. Abandonou o esfarrapado esquema de três volantes e adotou o 3-5-2: Sorondo, Índio e Álvaro compuseram a defesa. Porém, uma notícia que chamou a atenção foi a absolvição de Bolívar, no STJD. E agora, ele entra como titular ou não? Outro grande mistério colorado diz respeito ao ataque. Na quarta-feira, Alecsandro desbancou Taison e entrou como titular. Porém, o garoto entrou no decorrer do jogo e decretou a vitória dos vermelhos. E agora, quem será o companheiro de Nilmar? Contudo, o grande quebra-cabeças de Tite será a escolha do meio-campo. Magrão e Glaydson foram expulsos e D'Alessandro cumpre pena de 60 dias. O volante Sandro vem treinando normalmente e pode reassumir seu espaço. Isso se tiver condições físicas.

Não adianta, Gre-Nal sem mistérios não seria Gre-Nal. E não é por menos. Estão em jogo 100 anos de clássicos. No primeiro enfrentamento entre eles, em 1909, vitória de 10 a 0 do Grêmio. Com certeza, o Inter não devolverá jamais este placar elástico, assim como nunca mais os tricolores gritarão uma dezena de vezes a palavra gol. Entretanto, na terra da bravura, até mesmo o meio a zero vale à pena. Nem que seja à facão!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Se eu fosse você


Do Oiapoque ao Chuí. Da Terra do Fogo à Cidade do México. Todos, sem excessão, adorariam estar no lugar de Cruzeiro ou Estudiantes nesta quarta-feira. Formalmente, 38 equipes participaram da Libertadores e sonharam com o título da América. E mesmo aquelas que não participaram, invejaram os argentinos e brasileiros que disputaram a finalissíma no Mineirão. Pois no Rio Grande do Sul não foi diferente. Tanto Grêmio quanto Inter olharam a decisão com olhos de admiração.


Para os gremistas, a derrota para o Coxa pouco importou. A quarta-feira foi de memórias. Era a chance de tirar aquele velho grito de tricampeão da gargante. Ao assistir o Cruzeiro na decisão, o Grêmio voltou a lamentar os erros de finalização de Alex Mineiro e as falhas da defesa pela semifinal. Certamente ainda houve quem dissesse: "Ah, o Grêmio é melhor que esse time deles!". Aliás, se estivesse no lugar dos mineiros, o Imortal teria a chance de vingar seu ego, destruído em 2007 pelos argentinos do Boca Juniors. Quem sabe, em cima do Estudiantes, aquela ferida sarasse. Como é bom estar em uma final de Libertadores! Nesta hora os avós chamaram os netos na sala, para contar os detalhes daquela conquista contra o Peñarol, para falar sobre aquele tal de Adílson Batista (ainda quando ele se chamava Capitão América). Bons tempos!


Pois, se para a massa azul a noite foi de lamentações, do lado vermelho não foi muito diferente. Certamente algum colorado falou: "Ah, desse Estudiantes nós ganhamos na Sul-Americana do ano passado!". Com este pensamento, o fanático chegou a pensar que estivesse seu time disputando a Libertadores, com certeza estaria na finalíssima desta quarta-feira. A partir daí foi um passo para o saudosismo. Logo vieram as recordações de 2006. Do Rafael Sóbis matando o São Paulo em pleno Morumbi, do Fernandão levantando o caneco embaixo de uma chuva de papel. Imagine se o Inter tivesse a chance de ganhar a América no ano da Libertadores?! Que bom seria!


Contudo, colorados e gremistas, nada disso é verdade. O Grêmio caiu na semifinal para o Cruzeiro. Já o Inter sequer se classificou para a Libertadores e ainda por cima perdeu a Copa do Brasil, recentemente, para o Corinthians. Meus amigos, a final realmente foi Estudiantes e Cruzeiro. Por isso, resta fazer um bom Campeonato Brasileiro, porque Libertadores da América agora só no ano que vem.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Mato sem cachorro


Nesta quarta-feira a dupla Gre-Nal entrará em campo mais uma vez. O Inter tentará se reabilitar diante do Fluminense, enquanto o Grêmio tenta manter a boa fase contra o Coritiba. No entanto, um fator chama a atenção. Mesmo que em momentos distintos, vermelhos e azuis terão que enfrentar a mesma missão para somar pontos pela 11ª rodada do Brasileirão: a armação das jogadas.

Na Azenha, não há como desmentir que a principal preocupação já é o clássico de domingo. Mesmo que o técnico Paulo Autuori não queira responder questões sobre o arquirrival, o Olímpico já cheira à Gre-Nal. Isso porque esta será a quarta partida deste ano e, como se sabe, nos outros três enfrentamentos os colorados levaram a melhor. Por isso é quase lei que a vitória venha desta vez. Tanto é que Souza forçou o terceiro cartão amarelo contra o Corinthians, justamente para se resguardar para o Gre-Nal. O mesmo motivo leva Máxi, Herrera e Réver - todos pendurados com dois amarelos - a sequer viajar para a capital paranaense nesta quarta. Contudo, o que não se disse até agora, é que o Grêmio não atuará, contra o Coxa, sem seu principal articulador de jogadas. O meia Souza está de fora, quem jogará é o garoto Maylson. E se pararmos para pensar nos jogos em que o camisa 8 tricolor não esteve em campo, dá para temer pelo pior. Aqui vai uma mãozinha à sua lembrança: derrota de 4 a 0 para o Caxias e empate em 2 a 2 contra o Goiás dentro de casa.

Pois se os gremistas devem temer pela precariedade da armação das suas jogadas, do Internacional eu não deveria nem falar. Após a suspensão de D'Alessandro por 60 dias, não há outra pessoa a se recorrer senão Andrezinho. É bem verdade que o carioca atuou por quase todo o Campeonato Gaúcho e não deixou a desejar. Porém, ganhar do Brasil de Pelotas não tem a mesma importância do que ganhar do Fluminense do Rio de Janeiro (e aqui não vai nenhum demérito aos pelotenses). Realmente as dificuldades encontradas por Andrezinho no segundo semestre são muito maiores. Prova disso são as fracas atuações contra Flamengo, LDU e Atlético-PR. Porém, há aqueles que defendam que do jeito que o argentino vinha atuando,
é melhor colocar até mesmo o Giuliano de titular. Tudo isso porque temos a mania de sempre achar que quem está de fora é melhor que quem está jogando. Isso já aconteceu com Fernandão, Alexandre Pato e até mesmo Alex. O D'Alessandro não será o primeiro a ter o futebol questionado no Beira-Rio, e nem será o último.

É, meus amigos sul-riograndenses, realmente a armação das jogadas poderá ser o grande problema da dupla nesta quarta-feira. Não me venham dizer que eu não avisei depois.

domingo, 12 de julho de 2009

Sujeira embaixo do tapete, não!

Após uma grande bofetada da vida é comum que se relembre o samba "Volta por cima", de Paulo Vanzolini. Caiu um tombo, teve alguma decepção ou sofreu um baque? Lá vem a velha frase "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Porém, mesmo sendo Um dos maiores clichês do povo brasileiro (e talvez até por causa disso) se aplica tão bem à dupla Gre-Nal.

No estádio Olímpico, o grande desejo do ano era o tri da América. E até as gaivotas sabem que não há nada pior do que não alcançar um sonho. É uma frustração enorme que trava os músculos e até deprime. Por isso, logo após a eliminação da Libertadores, o técnico Paulo Autuori reuniu seu grupo de jogadores e fez um pacto: recuperar a estima através do Brasileirão. Para tanto, traçaram como meta os quatro próximos jogos. Já no primeiro, uma goleada estupenda para cima do Atlético-PR. Com apenas 11 minutos de partida, o Grêmio já enfiava 3 a 0. Era uma raiva que estava borbulhando. Agora o passo seguinte será vencer o Corinthians dentro de casa. Será um choque de momentos. Enquanto os gaúchos enfrentam todo um questionamento por parte da torcida, os paulistas ainda vivem o clima de festa que se prolonga desde a conquista da Copa do Brasil. Então, se quiser prosseguir em seu estado de recuperação, o Tricolor terá que superar o atual ban-ban-ban dos clubes brasileiros. Terá que segurar os fenômenos naturais de Ronaldo Nazário. Terá de esquecer a idolatria por Mano Menezes. Terá de barrar o ranço do torcedor.

Entretanto, se um tombo já dói, imagine dois. Esta é a situação do Internacional. Não bastasse a grande bofetada na final da Copa do Brasil, veio um sopapo ainda maior contra a LDU, pela Recopa Sul-Americana. Por causa disso, os colorados estão com o moral destruído. Não adianta alguém vir com a conversa de que o time ainda está na liderança do campeonato nacional. A desconfiança tomou conta do Beira-Rio. Eclodiu a revolução que pede a queima de algumas bruxas, a cabeça do técnico Tite e o impeachment do presidente Píffero! Não há espaço para mais erros, para mais decepções. Para tanto, a devolução da saúde mental dos colorados passa por este domingo e, consequentemente, por Curitiba. Quando o atual líder do Brasileirão entrar em campo, não interessa que do outro lado esteja o dono da casa, a massa vermelha exige a recuperação. Mesmo que por meio a zero, a vitória tem de vir para Porto Alegre. Por todos estes motivos, não há como não lembrar do "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". O que não se espera é que haja uma inversão da frase. Espera-se realmente que a poeira seja sacodida e não apenas empurrada para baixo do tapete - como já se viu em anos anteriores.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Com a cabeça nas alturas


A dupla Gre-Nal passou a noite da quarta-feira com a cabeça nas alturas. Sim, pensando alto, longe. Os gremistas sentaram na frente da televisão, com uma caixa de lenços de papel, para assistir a Estudiantes e Cruzeiro. Era a final que o Grêmio queria estar. A história devia ser outra. A massa azul inteira ficou imaginando uma reedição da bela batalha de La Plata, que desde 1983 rende fábulas sobre a bravura do povo tricolor. "Ah, se não fosse o Alex Mineiro errar aquele gol lá no Mineirão éramos nós que estávamos disputando a final da Libertadores da América!". Certamente esta frase foi escutada em diversas casas do Rio Grande do Sul. Pois não adianta sonhar, meu caro amigo tricolor! Resta ao Grêmio agora reestruturar a casa, para, quem sabe, lutar por uma vaga da Libertadores do ano que vem. Aí sim! Aí voltarão as frases de MSN: "soy loco por tri américa", mais fortes do que nunca.

Do outro lado do Estado, do lado rubro, as mentes também se encontram há alguns metros acima do nível do mar. Mas não só de sonhos. O pensamento do colorado hoje vai de encontro ao seu time, no alto dos 2.850m de altura, em Quito, no Equador. Lá, o Internacional terá que correr atrás da máquina de novo. Assim como aconteceu com o Corinthians, há uma semana, os vermelhos terão que reverter um placar adverso. E agora, aquele Inter displiscente e disperso que se viu no Beira-Rio, na primeira partida contra a LDU, não poderá sequer pensar em reaparecer. O torcedor não quer mais um vice-campeonato. Se a Copa do Brasil não veio (diga-se, muito mais por méritos corintianos), a Recopa não poderá fugir dos sonhos colorados. E nisso, há dois lados de uma moeda. Se vencer, o Colorado se sagra bicampeão deste torneio, tornando-se, assim, ao lado do São Paulo, o clube brasileiro com mais títulos desta espécie. Será mais um motivo para o colorado se gabar. Agora, se a taça ficar por lá mesmo, na altitude de Quito, meu amigo vermelhaço, estará armada a 3ª Guerra Mundial no Beira-Rio.

Há quem diga que o Brasileirão ainda poderá salvar o ano do centenário. No entanto, conquistar este campeonato não será tarefa fácil. São mais cinco ou seis equipes realmente candidatas ao título, inclusive o arquirrival Grêmio. Bom, quem sabe não tenhamos uma disputa acirrada entre a dupla gaúcha até dezembro? Olha só, até eu já me contaminei com este pensamento nas alturas!

Dente frouxo no barbante


Já não bastassem as quedas de Círio Quadros no Caxias e de Zé Teodoro no Juventude, há comentários de que, na dupla Gre-Nal, os comandantes também estejam por um fio. Aliás, "Balançou!", diria Sidney Kwecho sobre a atual situação dos treinadores Tite e Autuori.

Até que para o técnico gremista a situação é um pouco mais confortável. A pressão vem de fora para dentro. Há um certo ranço por parte de torcedores (principalmente aqueles que compõem a Geral) com a diretoria gremista. E tudo o que provém dos diretores, mesmo que de forma indireta, é levado como se fosse uma afronta pelos torcedores tricolores. E, para quem não lembra mais, o atual comandante, Paulo Autuori, faz parte de uma decisão tomada por Kroeff e Cia. Quando Roth foi excomungado do estádio Olímpico, o grito unísono era por Renato Portaluppi. A diretoria peitou a situação, bancou alguns dias de espera, e trouxe o gentleman lá das Arábias, por um salário de xeique. Até agora, nada se viu de diferente do trabalho do Celso Juarez Roth. Muito pelo contrário, o introsamento da equipe, que era o forte do time gremista, foi por água abaixo quando mudou-se o esquema tático para o 4-4-2. Até mesmo a dupla de ataque que atuou nas últimas duas partidas - Máxi López e Herrera - foi uma vitória no grito por parte da arquibancada. Por isso, quem irá dizer que Autuori não poderá cair do comando azul?

Pois, se no estádio Olímpico são apenas hipóteses, no Beira-Rio o sinal está literalmente vermelho. E pode-se dizer que o futuro do técnico Tite passa por esta quinta-feira. Quando o Inter entrar no estádio Casa Blanca, no Equador, para enfrentar a LDU, estará marchando para Auschwitz. A mira do rifle estará apontada para a fonte do treinador. Uma derrota significará uma eliminação da Recopa. A perda do título da Recopa significará o segundo vice-campeonato consecutivo. Aí, meu amigo, nem o mais otimista torcedor gosta de ver o seu time do coração ostentar duas medalhas de prata em menos de um mês.

Toda essa situação me lembra a infância, quando se atava a ponta de um barbante no dente frouxo e outro na porta do guarda-roupas. Esta pode ser a realidade do técnico Tite no Internacional. Será que os equatorianos serão o barbante? Bom, só o vice de futebol Fernando Carvalho poderá responder.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Queima de estoques


Já faz algum tempo que um bicho papão vem assustando os principais clubes do Brasil. Não, não estou falando do São Paulo com Muricy Ramalho e os seus três títulos consecutivos. Falo da grande e temida janela de transferências. Pois, ao que tudo indica, ela já começa a se escancarar nestes meados de julho.

No Beira-Rio, é só falar a palavra "euros", que dirigentes e torcedores começam a se degladiar para saber quem deve ir e quem deve ficar. Assim foi com Tinga, Rafael Sóbis, Alexandre Pato e Fernandão. Assim será com Nilmar, D'Alessandro e Taison. O torcedor já inicia o ano esperando pelo golpe da notícia bombástica. Mas no caso de Nilmar, a iminência desta manchete dura um ano. Alguns dizem que desta vez ele se vai. Mas vai para onde? Wolfsburg, na Alemanha; Palermo, na Itália; e até mesmo o inglês Manchester United aparecem na lista de pouso do craque colorado. O relento pós-venda é sempre o mesmo. O vice de futebol Fernando Carvalho aparece aos microfones e diz: "Contrataremos alguém do mesmo nível ou melhor!". O que, na verdade, não é de toda falsidade. Mas quem será a bola da vez depois de Nilmaravilha? Não me venham com outro Gil da vida!

Pois se do lado vermelho o meio do ano é assim, do outro lado não é diferente. No estádio Olímpico as notícias de dispensas e vendas já começam a estourar. O primeiro a deixar a Azenha foi o lateral Ruy, que foi mandado de mala, cuia e cabeça para o Fluminense de Parreira. Há quem cogite a possibilidade de Alex Mineiro também fazer as malas para o litoral santista. Em troca, viria o zagueiro Fabiano Eller (ex-Internacional). Pois agora, a última da vez, é o comentário de que chegou a hora do goleiro Victor e do zagueiro Réver levarem as trouxas para fora de Porto Alegre. Claro, estes saem prestigiados, deixando alguns milhões nos cofres tricolores. No entanto, o que apavora o torcedor gremista, é o modo como as diretorias do Grêmio costumam vender seus craques - por custo zero ou mixarias. Aqui eu lembro de Ronaldinho Gaúcho, Carlos Eduardo e o volante Rafael Carioca. Ao contrário do co-irmão, o Imortal não sabe queimar estoques de promoção.

Por isso, se ouvires através de alguém que a janela de transferência está aberta, trate logo de fechar as cortinas. Alguém poderá surrupiar o que há de mais valioso da sua casa. Aí, meu amigo, a reposição quase nunca é a mesma.

domingo, 5 de julho de 2009

Ouro de Tolo ou medalha no peito?


É bem verdade que o Grêmio bateu os paranenses com autoridade. Mas é outra grande verdade que o tricolor ainda não venceu nenhum adversário forte neste ano. As três vitórias no Brasileirão foram contra Botafogo, Náutico e Atlético-PR - todas equipes na zona de rebaixamento atualmente (e dentro do Olímpico ainda por cima). No entanto, os 4 a 1 deste domingo desafogaram o sofrimento do torcedor. Pelo menos fazem com que o fanático esqueça as reclamações de ontem. Ou o ataque é maravilhoso agora?


A mesma coisa procede com o Internacional. Vitória de 2 a 0 sobre o Náutico e liderança isolada do Brasileirão. Beleza! Porém, terminada a partida, ninguém mais lembra que D'Alessandro errou um pênalti e por pouco não afundou a equipe? Ninguém mais cogita as falhas da zaga e das defesas milagrosas de Lauro? Há de se ter memória no Beira-Rio e Olímpico, para que os sonhos não fiquem pelo caminho - como na semana passada.


Afinal de contas, quem não sonha com uma vaga na Libertadores do ano que vem? Quem não gostaria de erguer a taça de campeão brasileiro em dezembro de 2009? Pois está na hora de deixarmos as pequenas esmolas do dia-a-dia e pensarmos mais à frente. Está na hora de não nos conformarmos mais com o "ouro de tolo" e cogitarmos a hipótese de ostentarmos ouro em medalhas ao peito. Para isso, muito ainda deve ser feito.

Humildade Futebol Clube


Meu amigo, terminados os sonhos do bi da Copa do Brasil e do tri da América, não consigo pensar noutra coisa senão na humildade. Sim, exato! A soberba e o estrelismo nunca ganharam campeonato (a não ser em 2005, com uma mãozinha iraniana). E analisando os resultados desta semana, as decepções de gremistas e colorados, cheguei à conclusão de que não há espaço para medalhões no futebol atual. É matar um leão por dia! É comer pelas beiradas! Por mais piegas que isso tudo pareça. Enchi o saco de "Nilmaradona", "D'Ale la Boba" e "Kléber trancinhas". Paulo "Gentleman" Autuori, "Showza" e "Máxi Jardelópez". Desde o início de 2009 se fala muito nestes termos. E no que deu tudo isso? Goleadas monumentais? Melhor campanha da Libertadores? Tchê, eu quero é ver faixa no peito e taça no armário. Quero colar pôsteres na parede!

Pois vou levar o jogo da quarta-feira como parâmetro. De um lado Tite (com uma Copa do Brasil nas costas), do outro Mano Menezes (com o bi da Série B recém saído do forno). De um lado do campo o Nilmaravilha - louco de vontade de fazer as malas para a Europa -, do outro, um gordo Ronaldo desacreditado e sedento por provar que ainda é o mesmo. Quem joga mais: Kléber ou André Santos? Dunga respondeu isso recentemente. Qual meio-campista você já viu estampar capas de jornais europeus: D'Alessandro ou Elias? Caro leitor, isso só demonstra o que o estrelismo faz. Ou melhor, traz. Um conformismo, um derrotismo antecipado. Ou será que devo lembrar-te quem foram os jogadores que levantaram a América e o Mundo para os colorados em 2006? Ceará, Wellington Monteiro, Alex, Fernandão e Gabirú só viraram o que são graças à humildade e o trabalho focado.

Pois na quinta-feira não foi diferente. Um treinador cínico, pseudo-educado e "hiper campeão" inventando desculpas pela eliminação de seu time. E um estudioso, aplicado e HUMILDE ex-atleta comemorando a vaga na final da Libertadores da América. O sonho gremista ia tão bem quando Rospide frequentava o vestiário do Olímpico, mas foi só Autuori pisar na Calçada da Fama da Azenha para que a discórdia tomasse conta e a sorte abandonasse o Foot-Ball Porto-Alegrense - juntamente com Ruy Cabeção. E se alguém ousa insistir que a simplicidade não forma campeões, eu cito alguns nomes: Johnattan, Marquinhos Paraná, Gerson Magrão e Wellington Paulista estão na decisão sul-americana (quem eram eles ontem?).

Primo pela humildade por que vejo o modo como o tombo é grande para os favoritos. E aqui eu passaria a noite citando exemplos - Corinthians pós MSI, Grêmio no ano do Centenário, Fluminense com Renato Gaúcho e Inter pós Mundial Interclubes. Enfim, para o bem dos clubes sul-riograndenses, fim da linha para os "estrelismos". Por Favor!