segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Campeonato Napoleônico


Sem dúvidas é o Campeonato Brasileiro mais louco que já vimos na Era dos Pontos Corridos. Alguns dizem que é o mais emocionante de todos, mas não sei se podemos classificá-lo desta maneira, vide o que a última rodada nos apresentará. Confesso que, assistindo à partida do Internacional contra o Sport cheguei a duvidar do próprio colorado. Por relances, acreditei que o Sport faria o crime. O que seria um desperdício já que para os pernambucanos tanto fazia vencer ou não, enquanto que o Goiás fazia o favor do ano, batendo o multicampeão São Paulo no Serra Dourada. Eis que o Inter ressurgiu, mais na raça do que na técnica, e vira o placar na Ilha do Retiro. O resultado recolocou o Inter na briga pelo título. No entanto, a maior curiosidade de todas: para levantar a taça, os colorados terão de torcer pelo arquirrival Grêmio. E qual a tarefa mais árdua: o Inter torcer pelo Grêmio ou o Grêmio jogar pelo Inter?

Pois não demorou muito para as torcidas darem amostras do que vai acontecer. Terminado o jogo contra o Barueri, no estádio Olímpico, a massa azul já gritava "Mengo! Mengo!". Em contrapartida, até o próximo domingo, inúmeros colorados juram amor eterno ao Tricolor. São as loucuras que apenas o futebol permite. Do lado gremista, permanece um rancor oriundo ainda do ano passado, quando o Inter foi derrotado pelo São Paulo, prejudicando o Grêmio. Do lado colorado, pedidos de dignidade para que o rival se imponha diante do Flamengo em um Maracanã lotado.

Dadas as proporções, eu até acredito que o expresso de Marcelo Rospide, mesmo jogando a todo vapor, não aguentaria a pressão carioca. Imagine 80 mil pessoas gritando "É campeão!". Alguém vai lembrar que o Grêmio calou o Mineirão ao empatar com o Cruzeiro e empatou com o Palmeiras no Palestra Itália. Ora, mas nenhum deles estava disputando a última rodada com condições de se tornar hexacampeão brasileiro. Aliás, à minha tese se junta o retrospecto do próprio Grêmio, que neste ano só venceu o Náutico fora de casa.

Portanto, ao falar de dignidade, o Internacional age como se fosse um prisioneiro de guerra, pedindo por mais alguns minutos de vida. Esquecem-se os colorados de que na guerra não há espaço para a piedade. E o que é o clássico Gre-Nal senão uma batalha constante? Portanto, resta para o Colorado é olhar pra si mesmo, vencer o Santo André, e terminar o Brasileirão como vice-líder. Até para que sirva de análise à direção: "aonde foi que nós erramos?". Seria até mesmo ingrato o Internacional, depois de tantos tropeços e tantas vendas prematuras, conquistar alguma coisa. Mas, como dissemos no início, este é o campeonato mais louco dos últimos tempos.

Não há dúvidas. O Grêmio vai se sacrificar para imolar o seu rival (e ainda com requintes de crueldade). Se acontecer o contrário, pegaria-nos todos de surpresa. Agora, se isso acontecer, se realmente o Grêmio vencer o Flamengo e ajudar o Inter a conquistar o título nacional, aí sim, aí o Brasileirão deste ano estará assinando o seu atestado de loucura. E eu quero ser internado junto!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ver para crer


Foto: Alexandre Lops (Assessoria S.C. Internacional)


Neste domingo, a partir das 17h, o Brasil vai parar de respirar por quase duas horas. Pelo menos os fãs de futebol. São quatro os jogos que estarão em observação. Em Campinas, teremos um duelo de gigantes. As duas maiores torcidas do Brasil (a massa rubro-negra e os Gaviões da Fiel). Dois atacantes consagrados: Ronaldo Fenômeno e Adriano Imperador. Será o duelo de titãs. A favor do Flamengo o fato de que o Corinthians não disputa mais nada, e também não quer que São Paulo ou Palmeiras levante a taça de campeão. Pode ter cheiro de tramoia. Mas, Mano Menezes acalma os demais postulantes: o Timão quer honrar a camiseta. Resta saber se a torcida quer o mesmo.


No Palestra Itália, duelo de kamikazes. O Atlético-MG de Celso Roth se confronta com o Palmeiras de Muricy Ramalho. Mais uma vez os dois treinadores entram em briga pessoal, agora por uma vaga na Libertadores da América. Ambos tiveram como algozes a dupla Gre-Nal na última rodada. Os paulistas tomaram um laço para o Grêmio, praticamente dando adeus às possibilidades de título. Já os mineiros perderam em casa para o Colorado, quando o cavalo paraguaio de Roth entrou em ação mais uma vez.


Outro duelo importante, e talvez o mais deles, se dará no estádio Serra Dourada. O Goiás, de Fernandão e Iarley, se confronta com o São Paulo, que busca o sétimo título nacional. Inclusive, no ano passado, o Tricolor se sagrou campeão justamente em cima dos goianos, em uma partida para lá de criticada. Agora, o clube Esmeraldino quer vingar o prórpio ímpeto e, ainda por cima, contribuir com o título de outro alguém. A ex dupla colorada já declarou que fará de tudo para entregar as medalhas para o Internacional. Porém, a última pergunta que fica no ar é se o Inter realmente quer ser campeão.


O próprio vice de futebol, Fernando Carvalho, conhece o histórico do seu clube. Chegar em uma fase decisiva, dependendo apenas de si mesmo, é difícil para o clube da beira do Rio. O Inter não sabe conviver com essa pressão. Aliás, parece que funciona melhor quando as causas são impossíveis. Ganhar do Barcelona, do São Paulo em pleno Morumbi ou bater a Inter de Milão, às vezes parece mais tranquilo do que enfrentar postulantes a Série B.


E eu não gostaria nem de citar, mas Bragantino em 1996, Coritiba em 2005 e principalmente o Olímpia na Libertadores de 1989 me fazem duvidar do Inter, antes mesmo de sonhar com algo. Aliás, o torcedor colorado se acostumou a ser um São Tomé. Precisa ver para crer.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Teoria flamenguista

Foto: Mauro Vieira - ClicRBS

Eu tenho uma teoria! Assim como zilhões de pessoas que se acham doutores em determinados assuntos e bolam teorias, eu tenho uma. Não é um plano mirabolante e complexo, tal qual as teorias de Albert Einstein. Também não é uma descoberta de se gritar "Eureka!". Mas já serve para convencer os meus amigos e mais chegados sobre qual time será o campeão brasileiro de 2009. E hoje, finalmente, decidi colocar minha bochecha à disposição de tapas. Que me desculpem os colorados, eu até torço para que seja o Inter o campeão, mas minha teoria não me deixa sonhar. E, por incrível que pareça, tem feito com que alguns amigos meus, colorados, se dêem conta de que o título não passa de um sonho. Pois bem, vamos a ele.

Atualmente, o Internacional possui 59 pontos na tabela de classificação - apenas três a menos que o São Paulo. Portanto, mediremos as qualificações do time gaúcho para que, em duas rodadas, ultrapasse o seu rival. Consideremos os adversários de ambos. Os comandados de Mário Sérgio terão pela frente duas equipes rebaixadas. Só por isso, já poderíamos decretar o expresso vermelho amplo favorito ao caneco. No entanto, não esqueçamos que o Inter tem uma desvantagem de três pontos. Mas, voltando à análise, não acredito que Sport Recife e Santo André possam oferecer alguma dificuldade. Aposto em duas vitórias coloradas. Sendo assim, com mais seis pontos, o Internacional terminaria o campeonato com 65.

Enquanto isso, o São Paulo terá pela frente Goiás e Sport Recife. Neste domingo, no Serra Dourada, os ex colorados Iarley e Fernandão defenderão as cores do Rio Grande do Sul mais uma vez. Pode até ser que saia um empate, mas consideremos que se faça uma vitória goiana, para apimentar ainda mais a classificação. Na última rodada, o Tricolor Paulista ainda teria pela frente o Sport, em pleno Morumbi. Enfim, coloquemos mais três pontos na conta são-paulina. Portanto, o time treinado por Ricardo Gomes terminaria o campeonato com os mesmos 65 pontos do Inter. No entanto, os colorados teriam a vantagem de uma vitória a mais e saldo de gols superior, o que já dá o título ao Internacional.

Contudo, antes mesmo de Guiñazu erguer a taça, voltemos o holofote para o terceiro participante. Neste domingo, o Flamengo enfrenta o Corinthians em Campinas. Mesmo que Mano Menezes declare que escalará o que tem de melhor, a diretoria paulista não vai deixar. Tudo isso porque a rivalidade entre Corinthians e São Paulo não permite. E ainda teria o Palmeiras na concorrência pelo título. Então, por que não entregar três pontos de bandeja para o Flamengo? Com isso, os flamenguistas chegariam aos 64 pontos. Mas ainda viria o gran finale. A tabela elaborada pela CBF coloca na última rodada o Grêmio frente a frente com o postulante a título. E a mesma pergunta se repete: "por que não entregar três pontos de bandeja para o Flamengo?". Se vencer o Rubro-Negro Carioca, o Grêmio breca o Flamengo nos 64 pontos, entregando a taça de campeão brasileiro ao Internacional. Por isso, que gremista, em sã consciência, gostaria de ser o responsável pelo título do arquirrival?

Enfim, meus amigos, feliz o Flamengo que não tem rivais à vista. Tanto Botafogo quanto Fluminense estão brigando na parte de baixo da tabela, enquanto o Vasco aguarda no topo da Série B. Já São Paulo e Inter morrerão na praia porque têm inimigos entrincheirados. E quem diz que a união não faz a força? Sorte carioca, sorte de campeão.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Só não vê quem não quer


Afinal de contas o que é o futebol? O que constrói a imagem de um bom treinador? Terno e gravata? Títulos? Bonézinho e prancheta? Bom, vamos por partes. Aonde o Grêmio quer chegar? Paulo Autuori foi trazido a peso de ouro dos Emirados Árabes. Não deu resultado algum e foi mandado de volta. Agora, o presidente gremsita, Duda Kroeff, aparece aos microfones para falar que mesmo que não tivesse ido embora, o comandante não teria seu contrato renovado. Acontece que Autuori veio para proporcionar ao Grêmio tudo aquilo que Celso Roth não havia conseguido. A missão falhou e o Grêmio retorna ao que fazendo antes. Adílson Batista e Dorival Júnior, pelo que parecem, se assemelham muito mais ao estilo Roth do que ao estilo Autuori. Afinal de contas o que o Grêmio quer?


É difícil responder. Agora, se a pergunta fosse o que o Grêmio não quer, eu responderia facilmente. A direção do Tricolor não quer Marcelo Rospide. Segundo o vice de futebol Luiz Onofre Meira, o técnico interino não tem as mínimas possibilidades de ser efetivado. Agora, eu retorno a pergunta que abriu este comentário: "o que constrói a imagem de um bom treinador?". A meu ver, um bom treinador, primeiramente, tem de ter currículo. E, convenhamos, que currículo apresentam Adílson e Dorival? Vice da Libertadores, Série B e títulos estaduais. Sendo
assim, por tempo de trabalho, Rospide largaria até em vantagem. Nada por nada, pelo menos o interino é uma incógnita. Mas quero me ater no que o próprio Rospide chama a atenção: os números. Marcelo Rospide dirigiu o Grêmio em nove partidas (são seis vitórias, dois empates e uma derrota). Um aproveitamento de 74%. Que outro treinador do Brasil tem aproveitamento igual? O próprio Dorival Júnior, dirigindo o Vasco da Gama na Série B, tem 68%. O líder São Paulo, de Ricardo Gomes, ostenta 57%. Portanto, o que se espera de um treinador, que são números e resultados, Rospide tem de sobra.


Se o problema for experiência em competições importantes, o próprio histórico gremista serve de exemplo. Felipão, Mano Menezes e Valdir Espinoza jamais haviam estado em uma Libertadores da América antes de passar pelo clube porto-alegrense e, nem por isso, decepcionaram o seu torcedor. Enfim, poderíamos permanecer mais uma dúzia de horas apresentado fatores que não impedem a efetivação de Marcelo Rospide no comando gremista. Até mesmo Dunga, o técnico da Seleção Brasileira, serviria de exemplo. Mas já percebemos que a diretoria gremista prefere investir um caminhão de dinheiro em mais um "enganador". Sendo assim, repasso minha dica para o Esporte Clube Juventude. Independente de permanecer ou não na Série B do Brasileirão, o clube caxiense já tem um nome para comandar a equipe em 2010. Só não vê quem não quer!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

De volta para a casa


Muito se falou na vinda de Adílson Batista para o Grêmio em 2010. Na verdade, a diretoria gremista apostava mesmo em Paulo Autuori, mas ele não quis ficar, então partiu-se para outros lados. Ainda ontem veio a notícia sobre a negativa de Adílson, que preferiu continuar seu trabalho no Cruzeiro. Agora aparecem os planos B, C e D. Imagine a situação: Dorival Júnior acompanhar o notíciario e perceber que é a segunda opção no estádio Olímpico. Será que ele vai abandonar todo o prestígio conquistado no Vasco? Ainda aparecem os nomes de Silas, do Avaí (disputado por diversos clubes brasileiros) e até mesmo a efetivação de Marcelo Rospide pode surgir como alternativa. Mas basta pensar um pouquinho mais para perceber que o interino não tem a mínima chance de assumir.

Você certamente já participou de uma entrevista de emprego. Existem perguntas que se faz a todo candidato à vaga. Como: "Você fuma?", "É casado?", "Tem carteira de motorista?". Pois no Grêmio, quando um treinador senta na mesa do presidente tem de responder a uma pergunta universal: "Você já jogou no Grêmio?". Adílson não precisou nem responder. Duda Kroeff olhou para um dos pôsteres do bicampeonato sul-americano, conquistado em 1995, e avistou a presença do "Capitão América" com a taça da Libertadores sobre a cabeça. Até por isso era o plano A. Porém, a proposta salarial acabou não agradando ao comandante. Até que desembarcou no imaginário da direção um tal de Dorival. Já em fim de carreira, atuou com a camisa do Tricolor em 1993, época de vacas magras. Mesmo assim, já responde ao pré-requisito.

No caso de Silas, a contratação é um pouco mais complicada. Durante sua carreira bem sucedida como boleiro, Silas defendeu o vermelho do arquirrival. Inclusive, foi campeão da Copa do Brasil com o escudo do Inter sob o peito. Tal imposição já serve para que a direção gremista olhe o treinador com maus olhos, mas não é descartado por completo. Agora, Rospide, pobrezinho, não foi jogador de futebol. Também por isso sequer vestiu o manto Imortal. Portanto, acabou sendo jogado fora na primeira avaliação.

Tais argumentos poderiam cair por terra se levássemos em consideração a contratação de Paulo Autuori nos últimos meses. Acontece que através dele o Grêmio aprendeu que precisa de alguém com a sua própria cara embaixo da casamata. Sendo assim, com a negativa de Adílson, um possível não acerto com Dorival e os descartes de Silas e Rospide, tudo leva a crer que o técnico gremista em 2010 será ele: Renato Portaluppi. Quer outro jogador mais identificado com a história gremista? Com certeza a torcida não se faria contra, resta saber se a diretoria quer.

Meu amigo de fé


A vitória do Inter sobre o Atlético-MG neste domingo, em pleno Mineirão, não apenas recoloca-o na condição de postulante à título. Os três pontos afirmam as cores do coração do treinador atleticano, Celso Roth. Gaúcho de nascença, Roth sofre do mesmo mal que diversos conterrêneos seus. A maioria da população sul-riograndense não está concentrada em Porto Alegre. Nem por isso, deixa de torcer para times de futebol da capital. Caxias, Juventude e Brasil de Pelotas bem que tentam rivalizar com a dupla Gre-Nal. No entanto, a supremacia dos torcedores azuis e vermelhos é visível.


Pois Celso é natural de Caxias do Sul. Podia muito bem ser ou grená ou alviverde, mas prefere defender as cores do Internacional. Não exatamente como tantos outros boleiros. Na verdade, o técnico não veste o uniforme colorado, mas carrega o vermelho no peito. Profissional como é, chegou, inclusive, por inúmeras vezes a comandar o arquirrival Grêmio. Conseguiu dar uma disfarçada por um bom tempo na sua preferência. No entanto, nestes 2009, ano do Centenário do Colorado, Celso Roth não se aguentou e decidiu presentear seu time de infância.


Ainda quando estava à frente do clube gremista, no início deste ano, Celso entregou três clássicos pelo Gauchão. No final das partidas tentava enganar a imprensa, dizendo que estava descontente com o resultado. No fundo, ria de felicidades por ver sua equipe do coração avançar no campeonato. Por isso acabou sendo demitido. Foi parar em Belo Horizonte, bem longe do clube da beira do Guaíba. Mas quis o destino que os caminhos se cruzassem novamente. E assim se fez. Cinco partidas realizadas e cinco vitórias coloradas. Em praticamente todas os seus jogadores jogaram muito melhor que os colorados, mas Roth sempre deu um jeitinho.


Confesso que jamais havia visto algo deste nível no futebol. É claro que escutei, li e já vi atletas que juraram amor eterno ao seu time de infância. Pelé no Santos, Maradona no Boca Jrs., e mais recentemente Adriano no Flamengo. Agora, entregar de bandeja como faz Celso, é a primeira vez. Aliás, para me tirar uma pulguinha atrás da orelha, gostaria de ter acesso ao quadro de sócios do Sport Club Internacional. Certamente deve estar lá o nome cravado - Sócio Campeão do Mundo: Celso Juarez Roth. Brincadeiras à parte, parabéns aos colorados!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Excomungados

Foto: Alexandre Alliatti (Globo Esporte)

Paulo Autuori foi-se embora do Olímpico já faz uma semana. No entanto, deixou algumas ideias suas disseminadas por lá. Em uma de suas últimas entrevistas coletivas, o comandante declarou que gostaria de contar com jogadores com perfil vencedor. Desta maneira, as palavras chegaram até o ouvido do então capitão Tcheco. O meio-campista vestiu a camisa tricolor de 2006 a 2009. Neste meio tempo esteve fora, jogou na Arábia e retornou à Porto Alegre. Foi o dono da braçadeira durante todo este tempo e ergueu duas taças de campeão gaúcho. Mesmo assim, a bronca toda de Autuori (treinador acusado de não ter a cara do Grêmio) era de que, inconscientemente, Tcheco representava tudo aquilo que o Grêmio não conseguira, já que o atleta foi vice-campeão Brasileiro em 2008 e vice da Libertadores em 2007. Bastou para que a diretoria gremista caísse na onda. Pois ano que vem, Autuori não estará no Olímpico. Muito menos Tcheco. Há aqueles que juram que o jogador assinará contrato com o Corinthians, aonde disputará uma Libertadores da América e terá o respaldo do técnico: Mano Menezes.


Embora Tcheco tenha sido um ídolo do período de "vacas magras", exsitem os torcedores que comemoram a sua saída. Afinal de contas, o atleta está velho, lento e só sabe bater faltas - enquanto o Douglas Costa transpira jovialidade. Pois veja a situação em que o torcedor gremista se meteu. Os argumentos que expulsam Tcheco do estádio Olímpico são quase os mesmos que demitiram Celso Roth. Celso tinha o "DNA do fracasso", era a cara de um time perdedor. E agora, pasme, o gremista cai nas mãos destes dois excomungados.


Digo isso porque o princípio da rivalidade gremista se chama Internacional, e contra quem o Colorado jogará neste final de semana? Atlético-MG. Justamente o time comandado por Celso Roth. Se vencer em Belo Horizonte, o Inter praticamente crava as mãos na vaga para a Libertadores do ano que vem. Então, não é sacrilégio dizer, que todas as esperanças de não classificação do Inter passam por uma torcida expressiva por Celso Roth. Veja bem, àqueles que excomungaram Roth do Grêmio são os mesmos que vibrarão com sua conquista neste domingo.

Mas digamos que o técnico do Atlético tenha mesmo o DNA do fracasso e que o Inter volte para Porto Alegre com três pontos na bagagem. Mesmo assim, as chances de título colorado ainda são muito pequenas. Portanto, a secação do torcedor gremista se estenderá para o ano que vem. Nenhum tricolor gostaria de ver o rival erguer duas vezes a taça de campeão da América! Para tanto, terão de torcer para outras equipes durante a competição. E quem melhor do que o Corinthians, eterno matador do Colorado? Pois é, e aí vem o ápice desta análise. Em 2010, quem estará vestindo a camisa 10 do Timão, muito provavelmente, será o meia Tcheco. Portanto, no fim das contas, o torcedor gremista poderá seguir preso à mesma cruz: torcer por Celso Roth e por Tcheco. Haja coração!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Robin Hood dos pampas


Foto: José Doval (Assessoria do Grêmio)

A vitória gremista sobre o Palmeiras, na noite de ontem, nos trouxe uma realidade: o Grêmio é o Robin Hood do Brasileirão 2009. E talvez até por aí se responda a supremacia tricolor dentro de casa e a inferioridade fora dela. Dos seis postulantes a título ou G-4, nenhum contará boas histórias do estádio Olímpico no final deste ano. E se o resultado desta quarta-feira deixa o torcedor palmeirense sem estímulo algum para seguir em frente, os fatos que irei relatar a partir de agora podem servir de atenuante ao sofrimento.


Comecemos pela parte de baixo. O Cruzeiro, atual sexto colocado, foi à Porto Alegre no dia 2 de agosto. Voltou para casa com uma goleada de 4 a 1 nas costas e dois jogadores expulsos. Pois com o quinto colocado, Atlético-MG, não foi muito diferente. No retorno de Celso Roth ao estádio Olímpico, outra goleada de 4 a 1, para não haver corneta entre os rivais de Belo Horizonte. Outra vítima do ímpeto gremista foi o Flamengo de Adriano e Cia. Com dois gols de pênalti do atacante Jonas, o rubro-negro carioca voltou para o Rio com os mesmos 4 a 1. Vitória também sobre o arquirrival colorado, que perdeu de virada ainda no primeiro turno. Depois de Nilmar colocar o Inter na frente, Souza e Máxi deram a vitória aos azuis no clássico dos 100 anos. O único que não perdeu no estádio Olímpico foi o São Paulo, que recentemente arrancou um empate em 1 a 1 com dois jogadores a menos. No entanto, para aqueles são-paulinos que pensavam em comemorar a atuação heróica nos pampas, o veneno chegou mais tarde. Ainda ontem o STJD julgou e puniu os atletas Jean, Borges e Dagoberto por dois jogos de suspensão. Ou seja, voltarão a atuar apenas na última rodada.


Por isso, meu amigo, não há porque sentir tristezas ao perder para o Grêmio no Rio Grande do Sul - pelo menos para os times que estão na parte de cima da tabela. Já alguns intermediários e
rebaixados foram aliviados de sofrimentos maiores. O lanterna Sport Recife, por exemplo, arrancou um empate em 3 a 3. O 13º colocado, o Vitória, vangloriou-se pelo empate em 1 a 1. E o Goiás, que já não fede nem cheira, por pouco não deixou o aeroporto Salgado Filho com três pontos na bagagem (ficou no 2 a 2).


Portanto, veja como o Grêmio repetiu os feitos do arqueiro das florestas, Robin Hood. Roubou pontos importantes dos fortes para entregar aos fracos. Por isso, as críticas pela ajuda involuntária dada ao Internacional não podem ser levadas em frente. Até porque, sabe-se muito bem, os postulantes vem tropeçando nas próprias pernas. Ou alguém aqui quer creditar a derrocada do Palmeiras exclusivamente ao jogo de ontem contra o Grêmio? Ou o Imortal tem culpa sobre as suspensões dos jogadores são-paulinos? Ou, ainda, o Grêmio tem culpa pelos tropeços dentro de casa de Cruzeiro e Atlético-MG? Ou a direção gremista é culpada pelas vendas do Inter? Meu caro amigo, o Grêmio já tem seus próprios culpados. Não precisa ser apontado como salvador deste ou assassino daquele. Agora, não há como negar: o estádio Olímpico foi um matadouro neste ano.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vem, meu irmão


Foto: Diego Vara (Jornal Zero Hora)



Vem, meu irmão - A Lupa no Gramado

Houve tempos em que a rivalidade valia mais do que tudo nos pagos gaudérios. Dizer que ia vencer para ajudar o compadre, era quase um sacrilégio. Agora, neste ano, o discurso sumiu. A questão não é prejudicar o arquirrival, mas simplesmente não ajudá-lo. Sou do tempo em que se colocava o "banguzinho" em campo só para atrapalhar as pretensões do co-irmão. Ainda mais levando em consideração o fato de que o rival está na briga por classificação ou título. Na terra dos chimangos e maragatos guerra é guerra!


Para quem não lembra, já tivemos exemplos clássicos desta tese. Em 1996, por exemplo, o Internacional precisava vencer um já rebaixado Bragantino, na última rodada, que se classificaria entre os oito melhores do Brasileirão. Pois não teve competência para tanto. Acabou sendo derrotado por 1 a 0, gol do veterano Esquerdinha. E, ainda por cima, o atacante Leandro (esperança de gols dos vermelhos) errou uma cobrança de pênalti. Mas nem tudo estava perdido. Bastava o Grêmio de Felipão vencer o Goiás, dentro de casa, que daria uma mãozinha ao Colorado. Mas o Imortal, curiosamente, perdeu por 3 a 1. Ao final do jogo, o placar eletrônico do estádio Olímpico mostrou a seguinte frase: “ELES estão fora”. No dia seguinte, um aviãozinho com a mesma frase circulou pelos céus de Porto Alegre. Para piorar a estima dos colorados, naquele mesmo ano o Grêmio se sagraria bicampeão brasileiro.


Como resposta a esta história, podemos lembrar o campeonato do ano passado, quando o Grêmio buscava mais um título nacional. Na briga direta pelo caneco, o time de Celso Roth vinha capenga e o São Paulo em ascensão. Para desespero dos gremistas, na 33ª rodada, o adversário dos são-paulinos seria justamente o arquirrival Inter, que vinha poupando titulares para jogar a Copa Sul-Americana. Não deu outra: os vermelhos levaram 3 a 0 ao natural, enquanto o Grêmio não saiu de um empate dentro de casa contra o rebaixado Figueirense. O resultado foi determinante para que o São Paulo de Muricy alcançasse a liderança e rumasse para o hexacampeonato.


Pois neste ano, os dirigentes gremistas resolveram abandonar a rivalidade - pelo menos em discurso. Jogadores e comissão técnica espalham aos quatro cantos que o time defenderá a invencibilidade dentro de casa contra o Palmeiras. E, para quem não sabe, uma derrota do Verdão aliada a uma vitória colorada no domingo, praticamente instala o Inter entre os quatro melhores que vão à Libertadores da América. Por isso, para desespero dos fanáticos que pedem a escalação dos fraldinhas nesta noite, resta apenas a conscientização de que o Grêmio agirá como o verdadeiro irmão mais velho do Colorado, ajudando o time do Beira-Rio a atravessar a rua.


A não ser que o plano da diretoria gremista vá além. O Grêmio bate o Palmeiras, mantém a invencibilidade dentro de casa e aposta todas as fichas em Celso Roth no próximo domingo. Acontece que apostar em Roth contra o Inter é quase um tiro no pé. E a torcida tricolor sabe disso.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

É o meu guri!

Foto: Divulgação CBF


É o meu guri! - A Lupa no Gramado

Definitivamente, o torcedor colorado não assistirá mais aos jogos da Seleção Brasileira. Vislumbrar os comandados de Dunga é quase um martírio para a massa vermelha. E este é um sofrimento que já dura um bom tempo, mas tem se acentuado conforme o ano avança. Tudo isso se deve a relação Nilmar-Seleção Brasileira-Sport Club Internacional. Um triângulo amoroso que não deu muito certo (pelo menos para os colorados).

A história ainda começou no meio deste ano, quando o Colorado disputaria o primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil. Acomodado na capital paulista, na iminência de entrar em campo contra o todo poderoso Corinthians, o Inter sentia um misto de felicidade com mau presságio. Estava na finalíssima de uma competição nacional, em pleno ano do centenário, mas sem o seu melhor jogador. Alguns riam sozinho, pois o atacante Nilmar estava servindo à Seleção Brasileira, e isso podia trazer alguns benefícios futuros para o Colorado. E assim começou o namoro do "guri do Beira-Rio" com a camisa amarela. O Inter acabaria perdendo a Copa do Brasil, mas os dirigentes ainda acreditavam no Brasileirão. Acontece que Nilmar foi se acostumando a vestir a amarelinha e acabou desistindo da cor vermelha. Resolveu trajar definitivamente a cor dos canários. Se mudou para o clube Villareal da Espanha que, curiosamente, tem o apelido de "Submarino Amarelo".

O tempo foi passando, Dunga foi chamando mais e mais vezes o ex-guri da beira do Guaíba. Até que, em um só jogo, contra o Chile, Nilmaravilha decidiu marcar três vezes. Foi o fim (ou o início, dependendo do ponto de vista). Conforme Nilmar se adonava de uma vaga no time titular do Brasil, o Inter afundava no Campeonato Brasileiro. Olhava para Alecsandro, o novo dono da camisa 9, como uma criança perdida em busca da mãe. Aquele não era o centroavante que o torcedor queria. Aonde ele estava? Pois eu respondo: estava com a Seleção, estufando redes de paraguaios, de ingleses e, por fim, hoje, de omanitas.

E agora, quando o Inter praticamente esmola por uma vaga na Libertadores do ano que vem, olha para a camisa nove e não enxerga um goleador nato. Mas quando liga o rádio, escuta notícias do seu artilheiro perdido no Oriente Médio, salvando, mais uma vez, o Brasil de um fiasco contra a Seleção de Omã. Não resta outra alternativa senão sentir de novo a mescla de felicidade com mau presságio. Afinal de contas, é o guri do Beira-Rio honrando as tradições.

Resta ao colorado olhar para o próprio umbigo. Não virão outros Nilmares, mas terão Marquinhos, Taison, Edu ou, quem sabe, algum outro jogador revelado até o ano que vem. Apenas fica a torcida para que ele não tome o mesmo rumo, mas que dê as mesmas alegrias de Nilmar. Pode ser mera ilusão, mas vale a pena sonhar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uma mãozinha dos amigos

Foto: Lucas Uebel (Vipcomm)


Uma mãozinha dos amigos - A Lupa no Gramado

Finalmente o Internacional aprendeu a utilizar a mãozinha dos "amigos". Nas últimas rodadas, o Palmeiras perdia, o Atlético perdia e apenas o próprio Inter se boicotava. Tropeçava dentro de casa, empatava com postulantes a rebaixamento e perdia para os adversários diretos na tabela de classificação. Mas ontem o Colorado deu uma respirada fora da água. Resolveu que vai brigar por alguma coisa. O problema é que pode ter sido tarde demais. Claro, tudo vai depender do próprio Inter.


Nesta última rodada, somente o São Paulo e o Flamengo se deram bem. De resto, tudo certo para a massa vermelha. O Atlético-MG foi ao Paraná e tombou diante do Coritiba, abrindo passagem pro Colorado. Ainda na quarta-feira, o Palmeiras despencou dentro de casa e por pouco não perdeu para o já rebaixado Sport Recife. Agora, a maior surpresa de todas veio neste sábado. O Grêmio - arquirrival histórico - decidiu agir a favor do Inter. De técnico novo e espírito revigorado, o Grêmio voltou a ser o velho Grêmio de sempre. Jogou melhor que o Cruzeiro, em pleno Mineirão, e por pouco não voltou para Porto Alegre com os três pontos. O problema é que Gilberto colocou o time mineiro na frente do placar, e Túlio e Fábio Santos acabaram sendo expulsos para desespero do torcedor gaúcho. Mas o Grêmio estava disposto a dar uma mãozinha ao Colorado e empatou a partida aos 46 do segundo tempo.


Assim, estancou o crescimento do Cruzeiro no Brasileirão e, de quebra, ajudou o Inter a retornar para o G-4. Claro, tudo isso porque o próprio Inter se ajudou - o que há tempos não vinha acontecendo! O time de Mário Sérgio se sobressaiu ao Santos e empolgou o torcedor colorado, que voltou a sonhar com a vaguinha na Libertadores. Agora resta para o clube da "beira do rio" se manter entre os quatro melhores, utilizando as suas próprias forças ou com uma ajudinha dos amigos.


E analisando a tabela dos jogos, podemos prever mais algumas mãozinhas. O Cruzeiro, por exemplo, vai à Arena da Baixada, enfrentar o Atlético-PR, de Paulo Baier e Cia. O São Paulo enfrenta no Engenhão o desesperado Botafogo, que já sente a sombra do Fluminense se aproximar. No Rio de Janeiro, os ex-colorados Fernandão e Iarley defenderão o Goiás em um duelo dificílimo contra o Flamengo. E, talvez a maior ajuda de todas, possa provir do Grêmio de novo, que recebe o Palmeiras dentro de casa. Então, podemos ter mais uma vez as equipes jogando a favor do Internacional na próxima rodada do campeonato. É claro, nada disso será válido se o Colorado não se ajudar. E a missão do expresso vermelho não será nada fácil. O time do técnico Mário Sérgio terá o Atlético-MG, de Celso Roth pela frente (provavelmente em um Mineirão lotado). Será a briga direta pela vaga no G-4. E se os colorados otimistas acreditam em mais uma vitória sobre Celso Roth, eu trago a novidade. Tite não está mais no Inter. Será que Mário Sérgio tem este mesmo retrospecto? É ver para crer.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Namoro às escondidas


Foto: Valdir Friolin (Jornal Zero Hora)


Este final de semana pode marcar um duelo de camaradas. Não daquele tipo de confronto combinado, onde as duas equipes empatam por tratado assinado. Não! Acontece que no sábado, o Grêmio vai à Belo Horizonte, enfrentar o Cruzeiro, enquanto no domingo o Inter recebe o Santos em Porto Alegre. À primeira vista, as partidas não oferecem nada de mais. É claro que não, pois ainda estamos com os pés fincados em 2009. Mas a dupla Gre-Nal já pensa à frente, planejando a temporada 2010. Por isso os jogos deste final de semana se fazem tão particulares.


No lado azul, Marcelo Rospide volta ao comando técnico do Grêmio. Promete não mexer muito na estrutura da equipe de Paulo Autuori - assim como fez quando assumiu o time de Celso Roth seis meses atrás. No entanto, mesmo que repita o ótimo retrospecto do início do ano (com cinco vitórias, um empate e uma derrota), Rospide não deve ser elevado à condição de "dono do time". Talvez a direção gremista ainda prossiga a sua procura pelo treinador com a cara de Grêmio. Talvez... Tanto que mergulha em seu passado para buscar o comandante para 2010. Quem não lembra do Capitão América? Dono da braçadeira em 1995, Adílson ergueu a taça da Libertadores para delírio do torcedor. Depois disso, ao pendurar as chuteiras, rumou para a vida de técnico de futebol. Chegou, inclusive, a treinar o próprio Grêmio em 2003 e 2004. Mas era principiante na função e passou quase desapercebido. Agora, com um vice da Libertadores com o Cruzeiro nas costas, Adílson Batista vira o principal alvo das propostas para se tornar o dono da casamata tricolor.


E este sábado se torna especial por isso. Cruzeiro e Grêmio se enfrentam. Adílson estará frente a frente com os possíveis futuros chefes, que, certamente, tentarão o seduzir. Aliás, neste ano, o sonho do tri da América gremista só caiu porque o Grêmio cruzou o caminho de Adílson nas semifinais. Será que 2010 não será o ano do pagamento da dívida de Adílson?


Do lado vermelho, o encontro especial ocorre no domingo. Vanderlei Luxemburgo desembarca no estádio Beira-Rio com o elenco santista já sem chances de título ou G-4. Porém, pode negociar o seu próprio futuro. O atual técnico colorado, Mário Sérgio, já declarou aos quatro cantos que não ficará para o ano que vem. Inclusive, logo após a demissão de Tite, o primeiro treinador procurado pela diretoria colorada foi Luxemburgo. Acabou não aceitando, preferiu permanecer no comando do Santos. Alguns dizem que ele só embarca em iate, nunca em barco furado e isso pode influenciar na vinda dele para o Internacional. Acontece que após a partida, seja qual for o resultado final, os dirigentes colorados vão puxar Vanderlei para um canto e apresentar a proposta. Assim como Adílson no Grêmio, Luxemburgo passou pelo Inter. Não recebeu o título de Capitão América. Aliás, no currículo consta apenas um título gaúcho. Vestiu o manto vermelho justamente em 1978, ano de vacas magras. Não foi como Mário Sérgio, que chegou no ano seguinte para se sagrar campeão brasileiro invicto.


Agora, além de não ter acrescentado nada à história colorada, Vanderlei, como treinador, jamais conquistou uma Libertadores da América. E qual o maior sonho do Inter senão conquistar o bi da América. Esse pode ser o prenúncio de um acerto. Ou, melhor ainda, este final de semana pode simbolizar o início de 2010 para a dupla Gre-Nal.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Guerra!



Guerra! - A Lupa no Gramado

Prestes a entrar no mês de dezembro, reta final do Campeonato Brasileiro e cinco equipes brigam pelo título nacional. Do lado de baixo da tabela, muita emoção também. O Sport Recife ainda ontem assinou o seu atestado de óbito. Ainda restam Náutico, Santo André, Fluminense, Botafogo e Coritiba, que persistem na briga contra a maré. Porém, no rodapé do território brasileiro, neutralidade total. O Grêmio não tem mais chances de nada. Daqui para frente apenas cumpre tabela e, ainda por cima, pode estragar a festa de alguns clubes. Já o Colorado, ladra, ladra e ladra. Mas faz um bom tempo que não morde. Aliás, infelizmente, as últimas manchetes da dupla Gre-Nal falam sobre os treinadores. No Grêmio, Autuori se foi e Rospide assume. No Inter, Mário Sérgio veste a boina de Che Guevara e inicia a revolução.

Para quem não sabe, Ernesto Guevara de la Serna (mais conhecido por Che Guevara), era argentino, natural de Rosário. Estudante de medicina, prestes a se formar, Guevara abandonou a faculdade aos 23 anos para viajar pela América Latina em sua motocicleta. Começou como um visitante curioso, conhecendo as belas paisagens da encosta andina e mergulhando fundo nas mazelas do continente. Começou assim e terminou como um revolucionário, vinculado a guerrilhas armadas na Guatemala e principalmente Cuba. Depois de tudo, acabaria assassinado por lutar contra tudo e contra todos, muitas vezes sem nem mesmo planejar, apenas agir por instinto.

Pois agora, passados 42 anos da execução de Che, Mário Sérgio tenta rumar pelo mesmo caminho da Revolução Cubano. Ele que, carioca de nascença, abandonou as praias do Rio de Janeiro para vivenciar os costumes gaúchos no final dos anos 70 e início dos 80. E justamente aqui, construiu uma imagem vitotiosa de futebolista, tanto com a camisa do Inter quanto com a do Grêmio, conquistando o Brasil e o Mundo. Agora, cego pelo instinto, Mário quer vingança. Em entrevista coletiva concedida no Beira-Rio, ele parte em fúria contra a imprensa, disparando que a mídia tem o costume de surrar os treinadores. Mário quer vingar as críticas contra Muricy, Abel, Gallo e Tite - os seus antecessores. E para ele, se os jornalistas não estão contentes com o futebol apresentado pelo Colorado é "guerra"!

O grande problema em tudo isso é que Mário Sérgio não consegue calar a crítica com ações. Prefere vociferar. Fecha treinos, se cala diante de perguntas e clama a revolução. Esquece que se o Inter simplesmente jogasse bola, nada disso seria preciso. Poderia nem estar mais na briga pelo título, simplesmente classificar-se entre os quatro que vão a Libertadores, que a torcida já estaria grata. Mas com as imprópéries, Mário briga com a imprensa, se afasta do torcedor e fica longe do seu próprio sonho: repetir os planos de Che Guevara e unificar a América Latina. Afinal de contas, com o andar da carruagem, Mário Sérgio não estará no cargo em 2010 para grafar seu nome como um dos Libertadores da América.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Amor platônico

Foto: Fernando Gomes (Jornal Zero Hora)

Amor Platônico - A Lupa no Gramado

Cinco meses e 24 dias (quase um semestre). Este foi o tempo que durou o trabalho de Paulo Autuori no comando do Grêmio. Foi quase um amor de verão, de adolescente, daqueles que se começa em dezembro, antes do Natal, e se acaba antes mesmo do retorno às aulas. Para outros, uma paixonite. Com validade pré-estabelecida. Paulo Autuori não foi contratado como um Mário Sérgio, não era um simples tampão. Foi trazido a Porto Alegre para tomar conta das categorias de base gremista, para promover a utilizaçã dos garotos, dar palpites sobre contratações, dispensas, enfim. Até mesmo o local da pré-temporada gremista partiu das vontades do treinador. Chegou por causa de um currículo extenso. Era a menina dos olhos da direção gremista. Inclusive, o desembarque dele foi festejado com aleluias. Alguns chegaram a pensar que finalmente o Grêmio perdia o "DNA do fracasso". Para resumir, nem bem tinha terminado o namoro com Celso Roth, já pedia a mão de Autuori em casamento. Estava completamente apaixonado.


Pois foram só as primeiras derrotas e eliminações começarem a aparecer para que a torcida desconfiasse do jeito Autuori de ser. "Ele não tem a cara do Grêmio!", acusaram alguns. Nem por isso a direção o mandou embora. Bancou Paulo e a comissão técnica. Tudo pelo bem do projeto. Em 2010 tudo seria diferente! O treinador teria jogadores de renome nas mãos, conheceria os garotos da base como ninguém e poderia, enfim, dar os títulos que a torcida queria. Quem sabe 2011 não seria o ano do bi-Mundial?


E agora, com todas as vontades realizadas, flores e bombons mandados, Paulo Autuori fez a desfeita. O antigo dono o chamou de volta. No Catar, ele receberá quase o triplo do que ganha no estádio Olímpico. Ele pensa na família, pensa nos filhos, pensa em tudo. Mas esquece da torcida que esperou pacientemente a sua chegada, demorada tal qual uma gestação. Deixou o Grêmio a "catar" coquinhos. Mas antes de sair pela porta da frente, não seria espanto se o comandante encontrasse na mochila uma carta de amor e despedida, de uma direção que já sente saudades antes mesmo dele partir. Na carta, estaria escrito a letra de uma velha canção de Roberto Carlos:


"Você foi dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples pra mim. Você foi o melhor dos meus erros, a mais estranha história que alguém já escreveu e é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez".


E quando Paulo Autuori estiver no avião, rumo ao Oriente Médio, vai ler a carta e lacrimejar por ter abandonado tanto amor gratuito. Ou vai ver, Autuori percebeu que nem tem a cara do Grêmio mesmo e que tudo não passou de um amoreco de verão. E assim ele parte para outros braços que, sabe-se lá, possam aceitar a sua própria cara. Enquanto isso, o Tricolor passa o tempo com Marcelo Rospide - o eterno pierrot do estádio Olímpico. Ele que já foi um hobby antes da chegada de Autuori, já espera uma nova chance de reconquistar sua direção. E quando estiver bem próximo de ser amado, o Grêmio encontrará outro amor platônico. E Rospide voltará a ser apenas mais um passatempo na história gremista.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Você não vale nada, mas eu gosto de você

Foto: José Doval (Assessoria Grêmio F.B.P.A)


Você não vale nada, mas eu gosto de você - A Lupa no Gramado
Durante o programa Show de Bola de ontem, discutimos algo muito interessante: quem são os goleadores da dupla Gre-Nal em 2009? E aí, entramos em contato com um quadro crítico - pelo menos em meu ver. No Internacional, existem dois artilheiros empatados. Tanto Taison quanto Alecsandro tem os mesmos 26 gols cada. No Grêmio, Jonas aparece isolado, com 24 tentos marcarados em todo o ano. Agora, tirando por base apenas o Brasileirão, poderemos nos atentar apenas em Alecsandro e Jonas, que ostentam 15 e 14 gols respectivamente. Acima deles, apenas Diego Tardelli e Adriano Imperador com 18. Porém, os atacantes de Atlético-MG e Flamengo são unanimidades em suas torcidas. Enfim, carregam praticamente nas costas toda a responsabilidade de manter as suas equipes em briga pelo título. Mas o que falar de Alecsandro e Jonas, que são meros refugos no Rio Grande do Sul?

Aliás, Jonas é a prova viva de que não se pode agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo. Esculachado por um jornal espanhol no início deste ano, chegou a ser classficiado como o pior atacante do mundo ao errar três gols em apenas um lance, em plena Libertadores da América. No entanto, nunca deixou de receber propostas do AEK Atenas, que adoraria ter os seus gols a favor da comunidade grega. E mesmo que o torcedor tricolor não seja um amante do futebol de Jonas, ama os seus gols. E, principalmente, o modo como ele os faz. Não interessa se eram de fio de canela, de boca de estômago ou de orelha. Todos ajudaram o Grêmio a galgar algo a mais no campeonato. Tanto que, ao se lesionar diante do Corinthians, Jonas deixou o Imortal órfão de goleador. Perea, Herrera, Douglas Costa, Máxi López e Roberson não fizeram nem a metade do que Jonas fez este ano todo.

Do lado vermelho, a imposição é praticamente igual. O único porém é que Alecsandro resolveu jejuar de uma hora para outra. Ainda nos tempos de Nilmar, colocar Alecsandro em campo era praticamente assistir a um golzinho do centroavante. Ele, que entrava sempre com a 19 às costas, descontava o marcador para os colorados. Vide a finalíssima da Copa do Brasil, quando o atleta entrou no segundo tempo e empatou um jogo que estava 2 a 0 para o adversário. O problema maior é que quando Nilmar se foi, Alecsandro parou de fazer gols. Ele simplesmente não sabe ser titular. A graça do jogo era colocar uma pulga atrás da orelha do treinador. Por isso se especula tanto que o São Paulo esteja interessado nele. Porque lá ele vai ter de desbancar Dagoberto e Washintgon. E isto motiva Alecsandro.

Mas, analise a situação: os artilheiros da dupla Gre-Nal não são bem quistos por suas torcidas. São uns Macunaímas - uns heróis às avessas. Devemos idolatrá-los ou vendê-los?

Talvez se jogassem juntos, Alecsandro e Jonas formassem a dupla de ataque mais bem sucedida da história gaúcha. Poderiam bater inclusive aquele outro ataque de refugos: Paulo Nunes e Jardel. Aliás, para quem não lembra, Nunes veio do Flamengo e Jardel do Vasco. Ambos vieram excomungados do Rio de Janeiro, e se tornaram heróis com a camisa tricolor. Será que o errado não somos nós? Bom, o Novo Hamburgo pensa mais ou menos assim, tanto que contratou uma dupla de atacantes extraditados de Porto Alegre a pontapés. Em 2010, para a disputa do Gauchão, o Nóia terá Rodrigo Mendes, ex-Grêmio, e Michel, ex-Inter. Será que eles estão certos? Bom, só Gauchão 2010 poderá nos responder.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Já foi!


Foto: Gaspar Nóbrega (Vipcomm)

Já Foi! - A Lupa no Gramado

O ano de 2009 nasceu para ser vermelho. O Inter patrolava adversários no Gauchão. Tite escalava os reservas e, sem dificuldades, goleava adversários. Para melhorar o estima, os colorados enfrentaram o arquirrival Grêmio por três vezes e, nas três, saiu vitorioso. Enfim, venceu o Gauchão com folga e era tido como o melhor elenco do país. Alguns já diziam que nem se fazia necessária a disputa do Brasileirão. Bastava entregar o troféu para o clube do Beira-Rio e estava tudo feito. Era o ano do Centenário perfeito. Até que a carruagem começou a virar abóbora. Derrota na final da Copa do Brasil, fiasco na Recopa, eliminação na Sul-Americana e tropeços no Brasileirão. O Inter mudou de esquema tático, treinador e jogadores. Nada melhorou o clima.

Mesmo assim, com toda esta insistência do Inter em não ser líder, o Campeonato se insinuava para o clube gaúcho. Mas o Colorado se fez de difícil. Dizia que estava a fim de trocar afagos, mas na hora "H" sempre fugia da raia. O Brasileirão se mostrou por diversas vezes interessado em pedir a mão do Inter em casamento, porém, o Inter, preferiu não assumir responsabilidade. Os dias foram passando, o calendário foi andando, e o amor esfriou. Foi então que o Inter se arrependeu. Como toda paixão platônica, decidiu que iria se arriscar. Tarde demais. O Brasileirão já se insinuava para outros. Vários concorrentes. São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, Cruzeiro... o Inter não ficou nem em segundo plano. E aí, ontem, quando o pacto pelas cinco vitórias havia iniciado, o Barueri percebeu que o Brasileirão não estava nem aí pro Inter. Ajudou a assinar a papelada do divórcio. Agora os colorados choram, desesperados de arrependimento. Mas já foi. Tarde demais!

Nem que o Inter vença os quatro últimos jogos ganha o título nacional. Até mesmo a classificação para a Libertadores da América já ficou difícil. Mas analisando friamente, até 2010 aparece obscuro pro Internacional. O que será do ano que vem? Quem fica e quem vai? Quem será o técnico? Resta ao Inter fazer como faz o Grêmio: pensar na pré-temporada, contratar jogadores, dispensar outros, enfim, planejar bem o ano que vem. Quem sabe 2010 não será melhor? Porque este ano já foi.