Nesta quinta-feira, fui pela Rádio GUAÍBA ao CT Parque Gigante acompanhar o último treino do Inter antes do enfrentamento contra o Esportivo. Porém, o maior fato da tarde não foi o treinamento em si, mas o papo que tivemos (nós, repórteres) com o auxiliar técnico Odair Hellmann. Ele, que trabalhou com Clemer, Dunga e agora faz o mesmo com Abel Braga, também foi jogador de futebol. E, para quem não lembra, encerrou a carreira no Brasil de Pelotas - justamente após o fatídico acidente que vitimou três funcionários do Xavante, entre eles o atacante e ídolo Cláudio Milar. Odair nos contou detalhes daquela noite triste e a sua própria história de superação para sobreviver após o capotamento do ônibus que levava a delegação de volta ao Bento Freitas.
Odair revelou que viaja ao lado de Milar e, aos goles de chimarrão, o uruguaio lhe confidenciou que estava insatisfeito. Que jamais o Brasil havia saído de Pelotas para fazer um amistoso de pré-temporada - ainda mais aquele, com 4 horas de viagem. Então, ele estava cansado, iria abandonar a carreira. Queria passar mais tempo com a família. A conversa corria estrada adentro, quando apareceu a curva que derrubou o time inteiro barranco abaixo. Ironia do destino: Cláudio Milar resolveu se abrir com um companheiro de equipe, revelar que largaria o futebol, justamente no dia em que iria morrer. Não sei se Odair permite que eu conte esta história. Mas achei que ela merecia ser contada.
Merece para percebermos que tudo deve ser feito. Se você tem vontade de fazer algo, que o faça! Assim deve ter pensado Marcelo Mabília ao pedir o seu desligamento do Grêmio. Não sei qual será o plano do técnico sub-20 agora. Se vai se arriscar na carreira entre profissionais, morar em Florianópolis ou criar gado no interior do Estado. Sei lá! Só sei que ele tem a razão e a emoção do seu lado. Teve vontade de fazer, que o faça! Daqui a pouco pode ter o mesmo destino de Roger Machado, que deixou o Grêmio por alguns meses e então foi contratado pelo Juventude. Talvez esta não seja a vontade de Mabília. Enfim, seja o que for, ele sabe o que faz. E, principalmente, fez com vontade.
*Este comentário foi ao ar às 21h30min no programa 'Plantão Esportivo' da Rádio Guaíba.
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