Foto: Flávio Neves (Folhapress)
Pouca gente sabe a pressão que vive um jornalista esportivo. Não me refiro às inúmeras críticas que recebemos nas redes sociais ou aos xingamentos na beira do alambrado em dia de jogo. Refiro-me às cobranças feitas em casa. Nesta segunda-feira, mesmo de folga, recebi um telefonema do meu sogro. E, antes que alguém pense diferente, temos uma ótima relação. Nada de inimizades! Mas ele queria pedir para que eu me posicionasse no pênalti de Wendell, que gerou o segundo gol do São Paulo de Rio Grande no sábado. Ele, como colorado, lembrou que o Inter também foi prejudicado ao não ter uma penalidade marcada contra o Veranópolis - no que ele está certo. E o campo ruim, segundo ele, foi ruim para os dois times - não só para os jogadores gremistas. Tentei argumentar, mas nossas teses são diferentes. Por isso, aqui vai minha opinião sobre o que aconteceu na zona Sul do Estado neste fim de semana: desculpe, meu sogro, não me odeie.
Tão logo cheguei ao Estádio Aldo Dapuzzo, abaixo de uma fina chuva, me deparei com um campo enlameado, com inúmeras poças d'água que eram cobertas por pás de areia pelos funcionários do clube. Tudo isso foi descrito no programa PRELIMINAR da Rádio GUAÍBA. E fui além: disse que, fosse eu o técnico Enderson Moreira, não escalaria os titulares da Libertadores naquele jogo. O campeonato do Grêmio neste ano não é o Gauchão e o risco de uma lesão seria altíssimo. Até penso que o diretor executivo gremista Rui Costa se exaltou demais. Eu nunca o vi tão alterado como ao final do jogo, quando falou com exclusividade ao microfone da Guaíba algo parecido com: "Esse árbitro nos roubou de novo!". Mas concordo com parte do discurso, incluindo a parte de que não vai demérito algum à sociedade riograndina, ou ao clube tradicional que é o São Paulo, mas não foram apresentadas as mínimas condições para um espetáculo de futebol. A festa das arquibancadas, bom, isso foi sensacional. E, dentro do jogo proposto, o São Paulo até mereceu os três pontos. No entanto, não desfaçam das reclamações do Grêmio: eles têm razão. Mesmo que tivessem ganho a partida, teriam motivos para reclamar do gramado e do árbitro.
E se ainda assim você estiver pensando o contrário ou mais, imaginando que eu esteja vestindo a camisa do Grêmio por baixo, lhe proponho o seguinte: imagine que em Rio Grande estivesse o time principal do Inter, disputando e liderando uma Libertadores paralelamente ao Campeonato Gaúcho. E mais, que D'Alesssandro, a cada 'la boba' que quisesse aplicar no adversário, tivesse antes que desviar de uma valeta feita para escoar a água para fora do campo. Ou ainda, que o São Paulo puxasse um contra-ataque fulminante e Willians o derrubasse com um carrinho fora da área. Mas o juiz, de maneira equivocada, marcasse pênalti para o time da casa. Você, colorado, não ficaria furioso com tudo isso? Certamente ficaria! E certamente eu estaria recebendo ligação de outra pessoa nesta segunda-feira, não o meu sogro colorado. Talvez a ligação seria de um gremista, reclamando do 'choro alheio'.
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