segunda-feira, 24 de março de 2014

Time fechado

Na última sexta-feira, antes de eliminar o Cruzeiro-RS e carimbar o passaporte à semifinal do Gauchão, Abel Braga elogiou a mecânica de jogo do arquirrival Grêmio. Pois neste domingo, depois de vencer o Juventude por 3 a 0 na Arena e também se classificar, foi a vez de Enderson Moreira retribuir a gentileza: "Por onde o Abel passou, conquistou. Monta times qualificados, que jogam para vencer os jogos. Fico feliz com os elogios, mas falo também que a equipe do Inter tem jogado em ótimo nível. A gente sabe que, no Campeonato Brasieliro, é um dos grandes concorrentes". Pois eu me atrevo a dizer o que os treinadores não disseram e o que os diferencia. Abel já tem o time do Inter pronto, fechado. Enderson e o Grêmio, não.

A cada rodada (seja da Libertadores ou Gauchão), Enderson namora com a possibilidade de tirar Edinho do meio-campo. Foi assim com Dudu, até que a lesão de Zé Roberto abrisse brecha para tal. Agora é a vez de Alan Ruiz encantar o treinador tricolor. Desde a pré-temporada, o time mudou muito! Para quem não lembra, quando 2014 começou, Riveros era reserva - Maxi Rodríguez acabou perdendo lugar. E no ataque, o jovem Luan soube aproveitar com sobras a chance que teve após a lesão de Kleber Gladiador. Este é o Grêmio de Enderson Moreira, em constante mutação. Embora esteja vencendo nas duas competições, o técnico não cansa de repetir que trabalha com uma equipe ainda em formação.

Do lado colorado, Abel Braga chegou em Porto Alegre e anunciou: "Meu centroavante titular é Rafael Moura". E assim, mesmo que Wellington Paulista aproveite cada segundo enquanto He-Man se recupera de uma lesão no joelho, passa a impressão que jamais conseguirá se firmar na mente do técnico. E o companheiro de ataque? Por que não Otávio, Sasha, Aylon ou Murilo no lugar de Jorge Henrique? No meio-campo, Alan Patrick se destaca a cada vez que é chamado para compor o time, mas é Alex o dono da vaga (mesmo depois de retornar de um pequeno desconforto que o tirou de algumas rodadas do Estadual). Na zaga, muitos entendem que Ernando merece estar no lugar de Paulão - menos o treinador. Tudo isso porque Abel já desenhou o time do Inter em sua prancheta e não está disposto a mudar. É possível escalar seus titulares, do 1 ao 11, de olhos fechados: Dida; Gilberto, Paulão, Juan e Fabrício; Willians, Aránguiz, Alex, D'Alessandro, Jorge Henrique e Rafael Moura. E, curiosamente, estes 11 nunca atuaram juntos. Enfim, o Inter está fechado! E eu não disse que isso é bom.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Abel falou o que não havia dito no ar

Existem alguns pactos no jornalismo que se faz necessário respeitar. Na última semana, quando a coletiva de Abel Braga já havia encerrado, um dos repórteres perguntou o que o técnico colorado pensava sobre a possibilidade do time ter de jogar quartas de final e semifinal do Gauchão fora de Porto Alegre, por um pedido da produtora que organiza a festa de reinauguração do Beira-Rio. A resposta veio com Abel já saindo da sala de entrevistas, em tom irônico: "Por mim, essa festa nem aconteceria". Todos riram. Mesmo assim, ninguém noticiou. Por questão de respeito e ética, o que se fala fora dos microfones, não pode ser tornado público sem o consentimento da fonte. Agora, enfim, pode vir à tona.

Isso porque nesta sexta-feira, noutra entrevista, Abel não conseguiu esconder a irritação: "O Inter continua como no ano passado: sem casa, sem destino. Eu não falo mais, é cansativo. É chato, é chato demais. Esse negócio de jogo não acontecer por causa de festa, de alpinista não existe. Isto é conversa para boi dormir. Festa é time em campo, com o torcedor", disparou ele. Enfim, quem conversa com o treinador (mesmo quem com pouca frequência), sabe que ele não disse nem a metade do que pensa sobre a ausência do Beira-Rio: "A minha festa é o meu time jogar no Beira-Rio. A festa do torcedor é ver o time no seu estádio. Não quero saber desse negócio de festa", encerrou.

Por enquanto, até segundo aviso, Abel Braga e seu time só voltarão ao Beira-Rio após a festa de inauguração - ou seja, em caso de finalíssima do Gauchão. Depois, só após o término da Copa do Mundo: "O Inter continua como no ano passado: sem casa, sem destino".

O gol de Rhodolfo fez Heinze pedir a aposentadoria

O título deste post obviamente é uma brincadeira. Ninguém disse isso e nem vai dizer, mas é o que a torcida do Grêmio pode repetir até se transformar em verdade. Com o gol de empate anotado por Rhodolfo, já nos acréscimos, o zagueiro Gabriel Heinze era o mais irritado dos jogadores do Newell's Old Boys. Enquanto os jogadores tricolores se abraçam na lateral do campo, Heinze se agacha, xinga o ar e caminha sem rumo. Segundos antes, era ele quem estava na marcação, estático, vendo Rhodolfo cabecear para o fundo da meta de Guzmán. Pois nesta sexta-feira, o histórico defensor argentino divulgou através de nota no site do clube que se aposentará ao final da temporada.

No comunicado, a explicação apresentada por Heinze é que foi vencido pelas dores lombares: "Quero contar-lhes que ao final desta temporada no serei mais jogador do clube. Esta vez, lamentavelmente, não posso ir contra a realidade de meu corpo, que me apresenta um jogo que não encontro forma de ganhar." Algumas linhas depois, pede à diretoria que destine o dinheiro que hoje lhe é depositado para as categorias de base, "de onde sinto que está o futuro de tudo o que queremos para o Newell's".

Heinze é daqueles casos inexplicáveis do futebol. Nunca foi um zagueiro habilidoso. Mesmo assim, de cintura dura e tudo mais, jogou duas Copas do Mundo com a Seleção Argentina (2006 e 2010). Ainda, defendeu clubes gigantescos da Europa, como Sporting Lisboa-POR, Paris Saint-Germain-FRA, Manchester United-ING, Real Madrid-ESP e Roma-ITA. Agora, aos 35 anos, já não consegue mais aguentar as dores. Já de 'saco cheio' disso tudo, no duelo contra o Grêmio em Porto Alegre, protagonizou uma cena lamentável. Quando deixava o vestiário da Arena, foi interpelado pelo repórter Diogo Rossi, da Rádio GRENAL: "¿Puede hablar, Heinze?" Ele mal olhou para o 'periodista' e seguiu seu caminho: "No". "¿No puede?", insistiu Diogo. "Puedo. No quiero!", e seguiu seu rumo até o ônibus. Enfim, este foi Gabriel Heinze, que pediu aposentadoria após o gol de Rhodolfo.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Inter vai pagar Vale mais uma vez

Foto: Vinicius Costa/Agência Preview

O departamento de futebol não se intromete neste assunto. Quando é para falar sobre o local das partidas do Internacional, é preciso conversar com o vice-presidente de administração José Alfredo Amarante. O problema é que seu otimismo nem sempre condiz com a realidade. Na última sexta-feira, o repórter da Rádio GUAÍBA, Cristiano Silva, trouxe a notícia que a produtora que organiza a festa de reinauguração do Beira-Rio exigia que as quartas de final e semifinal do Gauchão fossem disputadas fora de Porto Alegre. Uma semana depois, o clube oficializa a informação. Porém, neste meio-tempo, o Beira-Rio foi oficializado como local do jogo do próximo sábado e até o horário de uma vistoria foi divulgado. Vistoria esta que nunca sequer foi agendada com o Corpo de Bombeiros.

No início da noite desta quarta-feira, pude conversar ao telefone com o tenente-coronel Adriano Krukoski. Com um certo ar de irritação, o comandante do Corpo de Bombeiros da capital disse-me que ninguém do Inter o havia procurado e, inclusive, voltava naquele momento de uma reunião com a direção colorada. Nesta, ficou estabelecido que EPTC, Brigada Militar e Ministério Público deviam concordar com um horário em comum para, todos juntos, vistoriar a remodelada casa vermelha. E o resultado: nada disso vai acontecer.

Enfim, o Inter pagou vale mais uma vez. Ou melhor, pagará o Estádio do Vale mais uma vez. Gostaria de saber qual a resposta do técnico Abel Braga ao ser avisado que teria de mandar sua equipe a Novo Hamburgo novamente no próximo sábado. "Espero que isso não aconteça mais", disse ele em sua última entrevista coletiva no CT Parque Gigante. Pois vai acontecer! Abel, neste momento, deve ter o mesmo semblante que apresentava quando os refletores do Vale apagaram no duelo contra o Juventude, pela 9ª rodada. Sentado no banco de reservas, com os braços recostados para trás, mascava rapidamente o chiclete, olhando firmemente para o nada. Logo depois disparou no microfone: "Não dá para entender. Temos um estádio lá em Porto Alegre, bonito, mas temos que jogar aqui".

O grupo segue sendo da morte

Foto: (Olé.com.ar)

O gol de empate de Rhodolfo pode enganar. Sim, pode enganar alguém e fazer com que se pense que o Grupo 6 da Libertadores da América não era o 'Grupo da Morte'. Era sim! Nenhum outro na edição deste ano tinha tantas grifes aglomeradas - afinal de contas, são seis troféus do torneio divididos entre os quatro clubes. Se o Grêmio está praticamente classificado para a próxima fase, o mérito é total deste elenco e principalmente do treinador Enderson Moreira. E, mesmo assim, se a vaga está tão próxima, não quer dizer que foi fácil. Ou você não viu a expressão de alívio dos jogadores tricolores após o empate aos 47 do segundo tempo, no Coloso del Parque, em Rosario? O 1 a 1 contra o Newell's Old Boys permite ao Grêmio sonhar com algo mais longe. O grupo segue sendo da morte, mas morte para os outros.

"O trabalho da comissão técnica é muito bom. Se passarmos desta fase, somos candidatos a ir muito longe", decretou o presidente Fábio Koff após a partida desta quarta-feira. E quem sou eu para dizer que não? O time gremista está sendo forjado a ferro e fogo. E, sobretudo, está se saindo muito bem. Basta um empate na Colômbia na próxima rodada, contra o Atlético Nacional de Medellín, que a vaga está praticamente sacramentada - somente uma goleada de 5 a 0 a favor do Nacional de Montevidéu, dentro da Arena na última partida, tiraria a classificação. Contudo, alguém duvida que uma simples vitória vai deixar de vir nestes dois jogos restantes? Que os outros morram! O Grêmio já deixou a fase de grupos para trás.

Acontece que a segunda fase da competição é outro nível de disputa. Em mata-mata não se brinca. "És difícil de ganar 'La Copa'. Muchos buenos equipos se fueron sin ganar", declarou ao repórter Ígor Póvoa, da Rádio GUAÍBA, o estrangeiro que mais marcou gols com a camisa tricolor, Alfredo Oberti - ex-jogador do Newell's, antes do empate desta noite. E ele tem razão. Agora a competição é outra. Esqueça o 'Grupo da Morte'. Que venha a Copa!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Experiência em Newell's

Talvez Enderson Moreira tenha razão se escolher Dudu como substituto de Zé Roberto. Eu apostava em Alán Ruiz, até pelo fato do jogador ter vindo do futebol argentino e poder passar esta experiência ao restante do elenco na hora de enfrentar o Newell's Old Boys. Acontece que o jovem meio-campista não teria tanto a agregar ao elenco gremista neste quesito: experiência. Fiz um levantamento de quantas vezes Ruiz esteve no Estádio Marcelo Bielsa, para duelos pelo Campeonato Argentino. E, para minha surpresa, Ruiz nunca pisou profissionalmente no gramado do Coloso del Parque. Apesar de ter defendido clubes como Gimnasia y Esgrima, Arsenal de Sarandí e San Lorenzo, só compareceu em apenas uma rodada. E, mesmo assim, sequer entrou em campo - ficou no banco de reservas no empate em 1 a 1, no dia 9 de setembro de 2013. Antes disso, no dia 31 de março, em casa, permaneceu em campo até os 8 minutos do segundo tempo, na derrota de 1 a 0.

Quando o assunto é experiência em Newell's, o nome a ser citado é Hernán Barcos. O centroavante já ajudou a eliminar os 'leprosos' de uma Copa Sul-Americana. O fato ocorreu em 2010. No jogo de ida, em Rosário, o 'Pirata' atuou todo o tempo no empate em 0 a 0, apesar do bafo de 35 mil argentinos gritando nas arquibancadas. Na volta, em Quito, foi sacado aos 32 do segundo tempo e viu, do banco, Calderón (que entrou em seu lugar) marcar o gol da vitória e da classificação para a semifinal da competição. Ainda, em 2008 pelo Huracán, atuou no 1 a 1 pelo Campeonato Argentino - porém, a partida não aconteceu no estádio Marcelo Bielsa. Antes disso, de 2003 a 2005, Barcos ainda defendeu o Racing. Busquei informações com relação a este período em sites argentinos, mas não encontrei fichas técnicas dos campeonatos relacionados.

Entretanto, tudo isso é apenas uma curiosidade. A experiência, embora contribua, não ganha jogo. Tampouco a ausência dela faz perder. O próprio diretor-executivo Rui Costa, em entrevista à Rádio GUAÍBA na noite desta terça-feira, após o reconhecimento do gramado, fez questão de ressaltar: "Eu não conhecia este estádio. Esperamos que a nossa primeira experiência seja positiva".

- Retrospecto dos jogadores:
Alan Ruiz
9/11/2013 - Newell's 1x1 San Lorenzo - Campeonato Argentino (ficou no banco)
Barcos
2/11/2010 - Newell's 0x0 LDU, em Rosário - Copa Sul-Americana

terça-feira, 18 de março de 2014

Passo Fundo no Beira-Rio

Na noite desta terça-feira, fui o responsável por trazer aos microfones da Rádio GUAÍBA a notícia de que o Inter havia sido absolvido em julgamento realizado no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Além disso, que o lateral Fabrício recebeu apenas uma advertência. Tudo isso por fatos ocorridos na partida contra o Juventude, pela 9ª rodada do Gauchão. Depois, li diversas opiniões de que a pena foi branda, levando em consideração que o jogador podia levar um gancho de 3 jogos e o clube perder até 10 mandos de campo por brigas entre torcedores. Porém, é fácil argumentar desta maneira quando não se assistiu à audiência ocorrida na sede da Federação Gaúcha de Futebol. Eu pude fazê-lo, amigos. E, digo de todo coração: votaria como a maioria dos auditores. Pelas provas e defesa apresentadas por Rogério Pastl, a mesa julgadora fez o mais coerente. Enfim, pude conhecer 'in loco' a tão falada competência do advogado colorado. E atesto a vocês: se depender dele, teremos Inter x Passo Fundo, no próximo sábado, às 16h, pelas quartas-de-final do Gauchão.

Digo isso porque é Pastl quem advogará na causa passo-fundense, no mesmo local, na próxima quinta. E, depois de absolver o Inter, para utilizar tranquilamente o Estádio Beira-Rio, resta definir o adversário colorado de maneira indireta. Caso consiga devolver ao clube do noroeste do Estado os 8 pontos tirados pela escalação 'irregular' do meia Paulo Josué, estará reconfigurada a tabela de classificação do certame. O Esportivo, que recentemente escapou de levar uma punição severa pelo caso de racismo, cairá para a zona do rebaixamento. E o Passo Fundo, que hoje figura em 14º lugar, computará 19 pontos e será um dos classificados à próxima fase - na vaga que atualmente é do Cruzeiro. Ou seja, Pastl pode colocar indiretamente Inter e Passo Fundo, frente a frente, no Beira-Rio.

E pensar que o Passo Fundo só tem alguma chance nos tribunais graças ao técnico Luís Carlos Winck e principalmente ao assessor de imprensa Luciano Silveira. Foi o jornalista (de passagem recente pela imprensa de Porto Alegre) quem apresentou ao presidente do Passo Fundo, Selvino Ferrão, o telefone do advogado colorado. Com o apoio do treinador da equipe, conseguiu convencer o mandatário que a única escapatória do clube do Interior era investir pesado em um dos melhores advogados do Rio Grande do Sul na área desportiva. Ferrão, apesar dos parcos recursos financeiros, concordou. Pois é, meus amigos, assim é a justiça. Não adianta ser inocente, é preciso parecer inocente. E esta será a missão de Rogério Pastl para com o Passo Fundo.