quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu abraço negro

Foto: Jefferson Bernardes (Vipcomm)

Tarciso Flecha-Negra, Christian, Aírton Pavilhão, Tesourinha, Roger Machado, Adriano Gabiru (por que não?), Juarez Tanque, Tinga. Eu poderia passar o dia inteiro citando ídolos negros da dupla Gre-Nal. E se formos para o âmbito nacional, a lista aumenta: Pelé, Garrincha, Romário e por aí vai. O negro é um capítulo muito importante do futebol e da história brasileira. E me admira que em pleno 2014 vivamos episódios de racismo. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro - mas principalmente no Brasil. E aqui pertinho, em Bento Gonçalves. O Esportivo vai tentar provar que o fato não ocorreu dentro do Parque Montanha dos Vinhedos. Mas o fato em si ocorreu. Dentro ou fora do estádio, ele ocorreu. O árbitro Márcio Chagas, marcando ou não uma falta, apresentando ou não um cartão amarelo, prejudicando a Esportivo ou Veranópolis, não merecia passar pelo que passou e ouvir o que ouviu: "negro imundo", como ele próprio falou na Rádio GUAÍBA. E bananas colocas no cano de descarga e no teto do carro? Não temos mais espaço para isso! Chagas tem toda a razão em levar adiante a situação. E o Esportivo, mais do que razão, tem a obrigação de investigar o que aconteceu.

Eu só lamento que a gente tenha que falar disso num dia após rodada. Rodada em que, inclusive, o Esportivo teve uma vitória espetacular diante do Veranópolis, que o distanciou um pouco da zona do rebaixamento. Rodada em que os outros dois clubes de Porto Alegre conseguiram fazer frente diante da dupla Gre-Nal. O São José empatando (e por pouco não vencendo) com o Inter. O Cruzeiro aguentando a pressão dos titulares do Grêmio. Mas não! Azar do esquema tático, do treinador que mexeu bem ou mal, da atuação do jogador! Nós temos que falar de racismo em pleno 2014!

Fico profundamente irritado quando não posso falar de esporte. Isso porque escolhi essa área porque me apetecem as análises táticas, a bola rolando e as entrevistas com jogadores. E sempre quando a editoria esportiva encontra a editoria policial, sinto nojo. Principalmente em um episódio como este que aconteceu em Bento Gonçalves. Então, o que me resta é abraçar Márcio Chagas e todos os negros do Brasil, que fizeram, farão ou simplesmente sobrevivem no planeta racista. Um abraço negro!

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