terça-feira, 23 de março de 2010

Sandro repete Falcão

Foto: Blog Terceiro Tempo

A venda do volante Sandro, do Internacional, de certa maneira repete o que se fez com Falcão trinta anos atrás. Claro, guardadas as proporções. São duas crias das categorias de base do clube, que assumiram a titularidade com pouca idade. Atuavam em posições defensivas do meio-campo, mas nem por isso deixavam de apoiar no ataque. E, o mais alarmante de tudo, foram vendidos em meio a uma Libertadores da América. E, pior do que serem vendidos, estas negociações foram anunciadas! Na verdade, ao divulgar o acerto com o Tottenham, da Inglaterra, claramente, a atual diretoria colorada repete o erro cometido há três décadas pelo então presidente José Asmuz.

No dia 21 de julho de 1980, o Conselho Deliberativo do Internacional se reunia para anunciar a oferta de 3 milhões de dólares da Roma, da Itália, por Falcão. A maioria dos conselheiros presentes na reunião concordou com a venda do craque. Quatro dias depois, a venda era concretizada e estampava a capa dos principais jornais do Estado. No dia 30, o Inter entrava em campo contra o Nacional, do Uruguai, para decidir a final da Libertadores. Resultado final: 0 a 0, no Beira-Rio. No segundo jogo da finalíssima, em Montevidéu, os uruguaios bateram o Colorado por 1 a 0 e se sagraram campeões da América. Há quem diga que a transação não influiu em nada. Que o grande problema foram as lesões de alguns jogadores importantes para o elenco, como Mário Sérgio e Batista, que atuaram no sacrifício. Mas nada tira do imaginário do torcedor que a venda de Falcão foi determinante para a perda do título.

Em 2010, o Inter não está na final do torneio sul-americano e nem o valor da negociação é parecido (são 10 milhões de euros por Sandro), mas a manchete é idêntica: "Meia do Inter é vendido durante a Libertadores". O destino também dos jogadores não será o mesmo. Falcão foi para a Itália, se tornar o Rei de Roma. Enquanto Sandro rumará para a Inglaterra, para que o Tottenham sirva de vitrine em um futuro próximo. Até a idade dos atletas é outra. Em 1980, Falcão tinha 27 anos quando deixou o Beira-Rio, já Sandro tem apenas 21. Talvez por isso se explique uma maior quantidade de títulos para o primeiro. Talvez não.

Bom, não se quer dizer com tudo isso que o problema é vender jogadores durante uma Libertadores - até porque a saúde financeira do clube muitas vezes depende disso. A questão é não divulgar esta venda. Em 2006, por exemplo, quando o Colorado levou o caneco para a casa, Tinga, Bolívar e Rafael Sóbis foram negociados antes mesmo da final contra o São Paulo, mas tudo não passava de especulação na mídia. Somente após guardar a taça no armário, o clube revelou as tratativas. Agora, entrega de bandeja a informação, deixando o torcedor frustrado e o jogador dividido. Cada vez menos acredito em um título do Inter nesta Libertadores.

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