O Internacional comemorou seus 100 anos de história na noite desta quinta-feira. Um mega evento, com shows de artistas conhecidos e uma estrutura de se invejar. Porém, no futebol, ninguém desembarcou no Aeroporto Salgado Filho. Ou seja, as festas estão uma beleza, mas dentro de campo segue tudo na mesma. Aliás, tenho minhas dúvidas com relação a estes gastos para organizar o Show do Centenário. Não gostaria de ver o Inter, daqui a alguns meses, tendo de se desfazer de jogadores para pagar as contas da festa desta quinta-feira.
Mais ou menos o que acontece com o Grêmio de hoje. Na verdade, a dívida do Tricolor não é exatamente referente a um espetáculo de som e luz. Provém de uma parceria mal sucedida. Em 2000, Grêmio e International Sport Leisure, mais conhecida pela sigla ISL, firmaram um acordo para explorar o marketing gremista. Em contrapartida, o clube gaúcho receberia uma prestação destinada à aquisição de jogadores, pagamento de despesas, de infraestrutura e custeio. A intenção era perdurar por 15 anos esta parceria.
Era o time dos sonhos sendo montado. Começaram a desembarcar no estádio Olímpico jogadores do quilate dos argentinos Amato e Astrada, Paulo Nunes, que voltava do Palmeiras, e Nenê (foto), recentemente campeão brasileiro com o Corinthians. No entanto, a empresa acabou pulando fora da jogada, deixando a conta bancária ao clube gaúcho. Naquele ano o Tricolor ainda emperraria diante do Caxias, na final do Gauchão. Quem pagaria a conta?
Bom, na teoria, o Grêmio pagaria. Na prática, as despesas virariam uma bola de neve sem fim e tamanho. Prova disso são as grandes vendas que o Tricolor tem feito nos últimos tempos. Em 2006, o Imortal trouxe do Ipatinga, campeão mineiro daquele ano, o zagueiro William. Depois de duas temporadas estupendas com a camisa azul, William foi doado ao Corinthians. Tudo por conta da dívida ainda pendente do período ISL, quando Nenê foi contratado. Agora, a mais nova perda que o Grêmio será submetido é a do também zagueiro Léo. Revelado pelo clube em 2008, o defensor era dado com uma das grandes promessas do Olímpico. E a notícia que recebemos é que será simplesmente trocado pelo brigão Maurício, ex Palmeiras.
Para quem não lembra, Maurício foi o atleta que trocou tapas com Obina, no jogo contra o Grêmio, neste Brasileirão. E por que o próprio Grêmio o contrataria agora?! Bom, na verdade o clube gaúcho não está interessado em se desfazer de Léo ou adquirir Maurício. Simplesmente quer abater a dívida de quase R$ 8 milhões, também dos tempos de ISL. O valor é referente à compra de Paulo Nunes, repatriado do Palmeiras naquela época. Então, o zagueiro gremista seria uma moeda de troca na negociação.
Veja bem, são duas pérolas que poderiam estar indo para a Europa e enchendo os cofres do Grêmio. Bolívar, do Inter, por exemplo - que não chega a ser um zagueiro clássico - foi vendido por R$ 11 milhões ao Monaco, da França, em 2006. Realmente, quando José Alberto Guerreiro, então presidente gremista, mandou estender uma faixa "Não vendemos craques", ele sabia o que dizia. O Grêmio não vende, doa seus craques.
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