quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O pagador de promessas

Foto: Arquivo S.C.Internacional (Silas no detalhe)

Vamos dedicar mais um capítulo ao novo comandante gremista. Silas se apresentou ainda ontem no estádio Olímpico, ainda está naquele período de conhecimentos. Visitando vestiários, banheiros, olhando o gramado por cima das arquibancadas, enifm. Todas aquelas coisas que faz um novo funcionário de empresa: se aclimatando. Porém, Silas não terá o deslumbre que outros poderiam ter. Pelo menos não deveria. Silas já pisou no Olímpico, ainda nos tempos de jogador. Para quem não sabe, sim, ele foi boleiro. Surgiu em 1985, defendendo um tricolor. No São Paulo atuou por três anos, até rumar para o Sporting de Portugal. Foi para a Itália e retornou ao Brasil para os braços de uma torcida. Uma tal torcida colorada.

Silas chegou em 1992 a Porto Alegre como um dos principais nomes do Inter, para buscar o inédito título da Copa do Brasil. O arquirrival do Colorado, o Grêmio, já havia conquistado o caneco na primeira edição do torneio, em 1989. Um ano antes havia batido na trave, perdendo a finalíssima para o Criciúma de Felipão. O Inter precisava devolver na mesma moeda. Por isso trouxe Silas. E deu certo! Não foi exatamente o maestro do meio-campo. Na verdade, na final contra o Fluminense, por exemplo, atuou apenas no segundo tempo, e na partida do Rio de Janeiro, quando adentrou o lugar de Marquinhos. Mas fez parte do grupo campeão, que, inclusive eliminou o próprio Grêmio nas quartas-de-final. É bem verdade que Silas por pouco não virou um ídolo da torcida gremista quando, em 1995, por pendências financeiras, fez com que o Inter ficasse por 24 horas entre as equipes que disputariam a Série B. Mas o Colorado pagou o que devia e a FIFA voltou atrás.

Mas, como o mundo dá voltas, Silas agora veste azul. E, na sua apresentação como treinador do Grêmio declarou que a prioridade é a conquista da Copa do Brasil de 2010. Depois de devolver o Avaí à Primeira Divisão Brasileira, Silas tem a missão de colocar o Grêmio na Libertadores e, quem sabe, conquistar o tri da América, o bi do Mundo, enfim. Porém, antes mesmo de sonhar, o comandante terá de fazer o mesmo que fez com a camisa vermelha: conquistar o Brasil. Só assim ele pagará sua dívida, cumprindo a promessa.

O grande problema é que de promessas o povo brasileiro está cheio. É de políticos, de treinadores de futebol e de mulheres. Queremos ver o trabalho. No entanto, fechando a entrevista coletiva de ontem, Silas declarou o seguinte: "Não me sinto à vontade dando entrevistas. Prefiro estar no campo. Não vejo a hora de começar a pré-temporada". Amigos, a pré-temporada será em Bento Gonçalves e, como se não bastasse, farei a minha promessa. Ao me encontrar com Silas, a primeira pergunta que farei é: Professor, o senhor pretende pagar a dívida com a torcida tricolor e conquistar a Copa do Brasil em 2010?

Promessa é dívida. Devo, não nego. Pago quando puder.

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