quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O retorno de Manguita

Foto: Reprodução

O anúncio da contratação de Roberto "Pato" Abbondanzieri dá fim à pequena novela que se fez sobre a vinda do goleiro para o Inter. E, ao mesmo tempo, dá continuidade ao debate sobre a idade dos goleiros. Sim, pois sem nem mesmo ter pisado no gramado do estádio Beira-Rio com o símbolo colorado ao peito, o argentino está sendo chicoteado pelas primaveras que carrega. Sejam rugas ao redor dos olhos ou experiência nas costas, os 37 anos (quase 38) do jogador, levantam uma discussão que sempre se fará presente nas mesas de debate. Com a idade avançada, um goleiro ainda tem reflexos? E aqui vamos contar uma história para ilustrar toda esta polêmica.

Em 1974, desembarcava no mesmo estádio Beira-Rio de hoje Haílton Corrêa de Arruda, ou simplesmente Manga. Pernambucano, revelado pelo Sport Recife, o goleiro já havia cruzado as fronteiras sul-americanas muito antes de Iarley vestir a camisa do Boca Juniors ou Tévez beijar o escudo do Corinthians. Manga trazia em seu currículo o recente título mundial, conquistado com o Nacional de Montevidéu. No Uruguai desde 1969, Manguita Fenômeno adquiriu, além do seu portunhol carregado, uma Taça Libertadores e um Mundial Interclubes. Mesmo assim, quando chegou ao Inter, foi acusado de velho, pois já tinha 37 anos nas costas. Com desconfiança, Manga teve de provar ao povo colorado que era sim um grande goalkeeper. Justamente ele, que foi titular na Copa de 1966, atuou com Garrincha no Botafogo, campeão do mundo antes de qualquer gaúcho, teve de se ajoelhar para pedir clemência. Depois disso, todo mundo já sabe: bicampeão brasileiro pelo Inter. E basta olhar a grande defesa que ele faz no chute de Nelinho, do Cruzeiro, na final de 1975, para chegar à conclusão que a idade não mata os reflexos de um bom goleiro.

Aliás, nem precisaríamos buscar no fundo do baú para questionar os bons arqueiros. Quem lembra do milagre de Clemer diante do chute do Deco, do Barcelona, na final do Mundial FIFA de 2006, esquece que o guarda-metas tinha os seus 38 anos bem vividos. E, como não poderíamos deixar de fazer, mais uma coincidência pode vir à tona. Se o Inter vir a conquistar a Libertadores deste ano, na disputa do Mundial, Abbondanzieri terá os mesmos 38 anos de Clemer. Também, podemos lembrar que Dino Zoff, com a camisa da Seleção Italiana - a "Azzurra" - foi campeão do mundo em 1982 aos 40 anos - se tornando o jogador mais velho a colocar medalha no peito em uma Copa do Mundo.

Portanto, quando se falar na velhice de um goleiro, esqueça! Analise a força de vontade do atleta, os treinamentos dele. Depois, poderás trazer alguma avaliação. Mas nunca sobre sua idade. E justamente disso dependerá a atuação de Abbondanzieri no Inter. Se falhar, se não corresponder à altura, não será pelos 37 anos. E sim, por outros motivos. Goleiro é como vinho!

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