quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vem, meu irmão


Foto: Diego Vara (Jornal Zero Hora)



Vem, meu irmão - A Lupa no Gramado

Houve tempos em que a rivalidade valia mais do que tudo nos pagos gaudérios. Dizer que ia vencer para ajudar o compadre, era quase um sacrilégio. Agora, neste ano, o discurso sumiu. A questão não é prejudicar o arquirrival, mas simplesmente não ajudá-lo. Sou do tempo em que se colocava o "banguzinho" em campo só para atrapalhar as pretensões do co-irmão. Ainda mais levando em consideração o fato de que o rival está na briga por classificação ou título. Na terra dos chimangos e maragatos guerra é guerra!


Para quem não lembra, já tivemos exemplos clássicos desta tese. Em 1996, por exemplo, o Internacional precisava vencer um já rebaixado Bragantino, na última rodada, que se classificaria entre os oito melhores do Brasileirão. Pois não teve competência para tanto. Acabou sendo derrotado por 1 a 0, gol do veterano Esquerdinha. E, ainda por cima, o atacante Leandro (esperança de gols dos vermelhos) errou uma cobrança de pênalti. Mas nem tudo estava perdido. Bastava o Grêmio de Felipão vencer o Goiás, dentro de casa, que daria uma mãozinha ao Colorado. Mas o Imortal, curiosamente, perdeu por 3 a 1. Ao final do jogo, o placar eletrônico do estádio Olímpico mostrou a seguinte frase: “ELES estão fora”. No dia seguinte, um aviãozinho com a mesma frase circulou pelos céus de Porto Alegre. Para piorar a estima dos colorados, naquele mesmo ano o Grêmio se sagraria bicampeão brasileiro.


Como resposta a esta história, podemos lembrar o campeonato do ano passado, quando o Grêmio buscava mais um título nacional. Na briga direta pelo caneco, o time de Celso Roth vinha capenga e o São Paulo em ascensão. Para desespero dos gremistas, na 33ª rodada, o adversário dos são-paulinos seria justamente o arquirrival Inter, que vinha poupando titulares para jogar a Copa Sul-Americana. Não deu outra: os vermelhos levaram 3 a 0 ao natural, enquanto o Grêmio não saiu de um empate dentro de casa contra o rebaixado Figueirense. O resultado foi determinante para que o São Paulo de Muricy alcançasse a liderança e rumasse para o hexacampeonato.


Pois neste ano, os dirigentes gremistas resolveram abandonar a rivalidade - pelo menos em discurso. Jogadores e comissão técnica espalham aos quatro cantos que o time defenderá a invencibilidade dentro de casa contra o Palmeiras. E, para quem não sabe, uma derrota do Verdão aliada a uma vitória colorada no domingo, praticamente instala o Inter entre os quatro melhores que vão à Libertadores da América. Por isso, para desespero dos fanáticos que pedem a escalação dos fraldinhas nesta noite, resta apenas a conscientização de que o Grêmio agirá como o verdadeiro irmão mais velho do Colorado, ajudando o time do Beira-Rio a atravessar a rua.


A não ser que o plano da diretoria gremista vá além. O Grêmio bate o Palmeiras, mantém a invencibilidade dentro de casa e aposta todas as fichas em Celso Roth no próximo domingo. Acontece que apostar em Roth contra o Inter é quase um tiro no pé. E a torcida tricolor sabe disso.

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