terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O atacante mais vingativo do mundo

Foto: Neco Varella

Na última sexta-feira, Jonas se enfureceu com a torcida do Grêmio. O time perdia para o São José dentro de casa por 1 a 0. O artilheiro empatou o marcador e saiu correndo para encontro dos torcedores, como de costume. Porém, ao contrário das inúmeras declarações de amor (foto) que prestou ao longo de sua estadia no Olímpico, desta vez Jonas preferiu vociferar. E quando o próprio camisa 7, através de cobrança de falta, virou o placar para o Tricolor, e manteve-se em silêncio, declarou não estar disposto a comemorar com os gremistas. Ninguém entendeu nada na hora, mas agora as peças se encaixam. Jonas, simplesmente, sabia que estava deixando o clube porto-alegrense. Agiu como uma mulher traída e vingativa.

Quando chegou ao Grêmio, em meados de 2007, o atacante vindo do Santos, pouco foi aproveitado pelo então treinador Mano Menezes. Acabou, no ano seguinte, sendo emprestado à Portuguesa. Destacou-se e retornou ao Imortal. Mas nem por isso caiu nas graças da torcida ou do treinador. Celso Roth, que comandava a equipe em 2009, iniciou o ano priorizando Alex Mineiro, Herrera e Máxi López. Foi abaixo de muita pancada que Jonas conseguiu provar o seu valor, alcançando, inclusive, a artilharia do Brasileirão. A partir de então, ganhou até mesmo bandeira com seu rosto estampado em meio as arquibancadas e espaço entre os maiores goleadores da história do clube. E foi exatamente contra estes admiradores que ele protestou na semana passada. Quando conquistou o amor de quem sempre lhe destratou, decidiu ir embora, como se dissesse: "Agora quem não quer sou eu". Poucos entenderam.

A prova da sede de vingança que Jonas sente se explica no destino do atleta. No ano passado, choveram propostas da Rússia, Grécia e outros países. Entretanto, ele aguardava apenas uma: a Espanha. Quando o Valência manifestou interesse em contratá-lo, aceitou sem pestanejar. Isso porque foi da Espanha que partiu, em 2009, o título de um jornal que o apontava como "o pior atacante do mundo". Jonas causará aos espanhóis o mesmo sofrimento que causou aos gremistas. Fará com que os torcedores de toda a Valência o amem, para enfim deixá-los chorando solitários. Para os gremistas, que ficaram abandonados aqui no Rio Grande do Sul, não havia pior momento para isso acontecer. Recém cicatrizados do rompimento com Ronaldinho e às vésperas de uma Libertadores da América. Resta, agora, suprir esta ausência. Renato terá que enfrentar o Liverpool com os jogadores que tem à disposição. Não há mais tempo para reposição - somente após a entrada na fase quente da competição. No entanto, o Grêmio terá forças suficientes para superar a traição de Jonas e os uruguaios ao mesmo tempo?

Um comentário:

esse blog eh rock&roll disse...

Perfeito comentário. Incrivel percepçao dos fatos.
Excelente!!!