Temporada de caça ao Gabirú

Foto: Jefferson Bernardes

Foi só o "rei" se aposentar para que o Santos desse como aberta a caça ao novo Pelé. Foram muitos, diversos testados. Todos frustrados. A Seleção Argentina passou pelo mesmo processo, em busca de um novo Maradona. Zico no Flamengo, Jardel no Grêmio e tantos outros deixaram seus clubes órfãos após as passagens. O próprio Inter teve épocas em que tentava reeditar o meia Falcão. Agora, o animal em extinção é outro: está aberta a temporada de caça ao Gabirú! (foto)

Foram diversos os colorados que sentiram a ausência de Edu na lista dos 23 divulgada pelo técnico Celso Roth. Não que o atacante seja admirado pelo bom futebol, mas porque ele representava a esperança de um novo azarão no Mundial de Clubes. Seria ele o novo Adriano Gabirú. Porém, Edu foi deixado de fora da lista, devendo até mesmo ser emprestado no início do ano que vem. Por isso, a primeira reação do torcedor é procurar o número 16 - cabalístico utilizado pelo autor do gol da vitória sobre o Barcelona. Desta vez, será o garoto Juan, mescla de lateral-esquerdo com zagueiro, o dono da camisa histórica. Mas convenhamos, são poucas as chances de ele marcar contra a Internazionale (ou até mesmo de entrar no jogo), na final imaginada pelos vermelhos.

Outros nomes poderiam surgir do banco de reservas: o talismã Giuliano, o garoto Oscar, Leandro Damião. No entanto, nenhum representa o que foi Gabirú em 2006. Talvez Alecsandro. Porém, ao que tudo indica, ele será titular do time, pois recebeu a camisa 9. A não ser que Roth resolva modificar o esquema tático, colocando Giuliano no meio e deixando apenas Rafael Sóbis na frente. Alguns enxergam nesta a melhor formação para o Inter. Aí, no segundo tempo da partida, Alecsandro poderia entrar, para desespero e esperança do torcedor colorado. Enfim, quem será o herói deste ano?

Futuro nas mãos

Fotos: Denny Cesare e Alexandre Lops

Para aqueles que defendiam o retorno do mata-mata ao Brasileirão, a resposta veio neste final de semana: tudo ficará para a última rodada. Assim como nos velhos tempos, o campeonato nacional encerrará com decisões - principalmente para o Grêmio. Aliás, o Tricolor praticamente definiu o certame deste ano. Como se estivesse com o futuro nas mãos.

Neste domingo, os gremistas definiram o rebaixamento do terceiro clube para a Série B - o Guarani. Mesmo em Campinas, os comandados de Renato Portaluppi não se compadeceram do sofrimento do Bugre e venceram por 3 a 0, com gols de Clementino, Jonas e André Lima (foto). Por tabela, encaminharam o campeão brasileiro de 2010. Isso porque na despedida da Primeira Divisão, domingo que vem, os campineiros vão enfrentar o líder Fluminense. Ou seja, ao antecipar o descenso de Vágner Mancini e seus jogadores, o Grêmio facilitou o caminho dos cariocas para o título. Um presente de tricolor para tricolor. E justamente os corinthianos, que já sofreram a dor do rebaixamento no Olímpico em 2007, perderão o caneco deste ano pelas mãos do clube gaúcho. Enfim, resta agora selar o próprio destino. Na rodada derradeira, o Botafogo (inimigo direto à vaga no G-4) visitará Porto Alegre. Basta um empate para que os gremistas estejam na Libertadores de 2011. Ou será que o Goiás tem chances de vencer a Copa Sul-Americana?

Enquanto os clubes brasileiros vivem dias de grande expectativa nesta semana, o Internacional está com a mente em Abu Dhabi. A prova é que a segunda-feira é mais importante que o domingo para os colorados. Neste início de semana, se conhece quais jogadores vão aos Emirados Árabes. Os torcedores estão hipnotizados pela possibilidade de conquistar o bicampeonato mundial. Nem mesmo o empate contra o Vitória, dentro de casa, neste domingo, atrapalha a expectativa dos vermelhos. Da partida, apenas o golaço de Rafael Sóbis ficou cravado na memória (foto à direita). E das mãos dele - ou melhor, dos pés - que o Colorado espera que venha o título neste fim de ano. O mês de dezembro reserva emoções à torcida da dupla Gre-Nal.

As pazes com o passado

Foto: gremio1983.blogspot.com

Os gremistas terão de vestir vermelho se quiserem chegar à Copa Libertadores de 2011. Desta vez, não será o Internacional, rival histórico, o alvo da torcida tricolor. Até os colorados já fizeram a sua parte contra o Botafogo, no final de semana passado. Agora, os azuis terão de se aliar a outro inimigo: o Independiente da Argentina. Será ele quem disputará a finalíssima da Copa Sul-Americana contra o Goiás. A vaga foi conquistada após vitória sobre a LDU, do Equador. E aquela história de que os goianos são o Brasil não cola no Rio Grande do Sul. Aqui ninguém vai sentir vergonha de torcer por argentinos! Mesmo assim, o Grêmio vai ter de esquecer antigas rusgas para vestir a camisa dos hermanos.

Em 1984, quando o Imortal sonhava em conquistar pela segunda vez consecutiva a Taça Libertadores, se deparou com o clube de Avellaneda na final. Fora de casa, o time gaúcho (atual campeão) foi derrotado por 1 a 0. No Olímpico, empate em 0 a 0 e festa dos argentinos - encerrando o sonho do Bi da América. Porém, a revanche viria justamente após a conquista do segundo título continental. Em 1996, o Grêmio de Felipão iria a Kobe, no Japão, para decidir a Recopa Sul-Americana, depois de garantir o título da Libertadores no ano anterior. O adversário seria o mesmo Independiente, que era o campeão da Supercopa Libertadores da América, conquistada em cima do Flamengo. Desta vez, não teve nem graça. Com gols de Jardel, Carlos Miguel, Adílson e Paulo Nunes, o Tricolor enfiou uma goleada de 4 a 1 sobre os argentinos (foto).

Aliás, depois disso, o Independiente nunca mais ganhou nenhum título de expressão fora do país. Pode ser que seja a hora de quebrar este jejum, em cima do Goiás. Resta saber se o clube, conhecido como "Rey de Copas" por ser o maior vencedor da Libertadores com sete conquistas, irá ignorar o passado com o Grêmio. Afinal de contas, o trauma dos 4 a 1 em Kobe paralisou o clube no tempo. Será que os argentinos estão dispostos a fazer um favor ao time gaúcho? Bem que a diretoria gremista podia enviar uma carta ao Independiente, assim como quem não quer nada, e selar as pazes com o passado.

Nada é impossível

Foto: Marcos Ribolli/Globoesporte

Gremistas e colorados sabem que "impossível" é uma palavra que não consta no dicionário futebolístico. Os tricolores não esquecem a histórica Batalha dos Aflitos, quando retornaram à elite do futebol brasileiro de forma heróica. Já os vermelhos se trajam de branco cada vez que querem recordar o domingo que vergaram o temível Barcelona. Enfim, já se sabe que tudo é possível dentro das quatro linhas. Por isso que Grêmio e Inter não deixam nunca de sonhar com a vaga no G-4 e o Bi-Mundial, respectivamente. E a quarta-feira deu provas de que os sonhos não estão distantes.

Primeiro foi a vez dos colorados sentarem em frente à televisão. Inter de Milão e Twente, da Holanda, se enfrentaram pela Liga dos Campeões da Europa. E, com um gol sofrido de Cambiasso, os italianos interromperam um jejum sem vitórias. É verdade que o time apresentava oito desfalques quando pisou no gramado, mas convenhamos que esta Internazionale não lembra nem de longe aquela que assombrou o continente europeu no ano passado. Tanto é que já se falava em demissão do técnico Rafa Benítez, em caso de insucesso diante dos holandeses. O fato não ocorreu, mas escancarou a possibilidade de um título mundial do Inter de Porto Alegre em Abu Dhabi. Basta que os colorados queiram!

À noite, os gremistas foram analisar quais as chances de um clube brasileiro se sagrar campeão da Sul-Americana. Palmeiras e Goiás duelaram, com certa vantagem dos paulistas após terem vencido fora de casa. Porém, inspirados no Fluminense do ano passado, os goianos esqueceram o drama do rebaixamento no Campeonato Nacional para concentrar forças no torneio continental. E aí promoveram a maior surpresa da quarta-feira: venceram por 2 a 1 e se classificaram para a final (foto). Os gremistas ainda não estão livres de perder a vaga no G-4, mas só de não ter que torcer contra Felipão o alívio é maior. Na noite de hoje o Grêmio conhece para quem vai torcer na final - se por Independiente ou LDU. Enfim, de nada adianta secar se os comandados de Renato não fizerem a sua parte. E ainda restam Guarani e Botafogo para cumprir a missão.

O melhor no banco dos reservas

Foto: Alejandro Pagni/AFP
No próximo final de semana, o Internacional fará a despedida do seu torcedor antes da disputa do Mundial de Clubes. Diante do Vitória, Celso Roth escalará o que tem de melhor, para testar a formação que representará os colorados em Abu Dhabi. A boa notícia é o retorno de Tinga, que já foi anunciado como titular da equipe. Com isso, um atleta deve deixar o time. E, muito provavelmente, será Giuliano. Exatamente na semana em que será homenageado como o melhor jogador da Libertadores 2010, o jovem meio-campista retornará ao banco de reservas.

Nesta quarta-feira, Giuliano alcançou o mesmo patamar de um mito argentino. Juan Sebastian Verón foi eleito pela Conmebol o grande astro do torneio em 2009. Sendo ele o maestro do Estudiantes, campeão da América. Agora chegou a vez do meia colorado, com seus escassos 20 anos, provar da mesma honraria. E não é para menos. Foi ele o artilheiro do Inter na campanha deste ano. O próprio Estudiantes, de Verón, foi vítima de um dos gols de Giuliano. Além deste, mais outros quatro gols construíram a imagem vitoriosa do meia no título vermelho. E apesar disso tudo ele será reserva a partir de agora. Justo ele, único alteta do Beira-Rio a ser lembrado por Mano Menezes recentemente.

Mas quem sabe não passa por aí mais um capítulo na história do "predestinado". Pode ser que o Bi-Mundial venha dos pés de um suplente - assim como em 2006. Aliás, qual o torcedor não gostaria de assistir a este feito? Tal qual Gabirú há quatro anos, Giuliano decreta o placar de 1 a 0 e sai comemorando de braços erguidos para o alto (foto). Até mesmo a camisa 16 deve parar nas mãos do talismã colorado. Seria o cenário perfeito, dentro de todas as coincidências que trouxeram o Inter até aqui.

Douglas não é melhor que Eto'O

Foto: Camila Domingues (Correio do Povo)

Quando jogava no Flamengo, o atacante Obina ganhou o noticiário ao ter o nome citado em cântico da torcida. Das arquibancadas do Maracanã ecoava a afirmação "o Obina é melhor que o Eto'O". A frase é quase um deboche com a realidade, confirmada pela dispensa do próprio atacante meses depois. Pois agora a pergunta é a seguinte: e Douglas, do Grêmio, é melhor que Eto'O? O questionamento não leva em consideração o futebol dos dois. São posições e estilos de jogo diferentes. Mas a diretoria gremsita pensa que sim, Douglas é melhor que o camaronês.

O Grêmio se viu prejudicado ao ter o maestro sentado no banco dos réus nesta terça-feira (foto). Julgado por entrada ríspida em Richarlyson, do São Paulo, o camisa 10 tricolor foi denunciado pela imagem do jogo. Durante a partida, sequer foi mostrado o cartão amarelo. Aliás, nem a falta foi assinalada. Porém, os advogados do clube paulista, ao defenderem a expulsão do zagueiro Alex Silva, apresentaram a jogada faltosa ao STJD. Enfim, atiraram Douglas na fogueira! Mesmo assim, a diretoria gremsita pensa que se o árbitro na ocasião não viu, nada deveria ser feito. O problema é do juíz!

Pois neste último final de semana, um caso semelhante ocorreu na Europa. O atacante Eto'O, da Internazionale de Milão, agrediu um adversário com cabeçada a estilo Zidane. Dentro de campo, o juíz da partida nada marcou. Argumentou que não viu o lance. Apesar disso, foi denunciado através das imagens e pegará três jogos de suspensão - além de multa de 30 mil euros. Se a Liga Italiana puniu o jogador pela TV, por que Douglas seria poupado no Brasil? O argumento dos advogados do Grêmio não cola. Nenhum atleta pode ser beneficiado, ninguém é melhor que ninguém. Nem Douglas é melhor que Eto'O (pelo menos neste sentido).

Cordeiro em pele de lobo

Fotos: Alexandre Lops e Lucas Uebel

Pela primeira vez, gremistas comemoraram com gosto uma vitória colorada. Os jogadores do Internacional decidiram ir contra a rivalidade e deram uma mãozinha ao arquiinimigo. Longe do pampa, no clima carioca, eles decidiram mostrar serviço ao técnico Celso Roth, vencendo o Botafogo por 2 a 1. De quebra, contribuíram para que o Grêmio permanecesse no G-4. Finalmente o Rio Grande do Sul foi unificado! Desde os tempos dos chimangos e maragatos estavamos dividos. Mas não espere que esta bandeira branca perdure. Foi um lapso. Tudo por conta de um tal de Mundial Fifa.

No Engenhão, havia até mesmo quem empunhasse bandeiras exigindo a entrega do jogo. Apesar do largo jejum de vitórias, os torcedores vermelhos pediam por mais uma derrota. Tudo para prejudicar o inimigo histórico, que briga diretamente com o Botafogo pela Libertadores da América. Pois o tiro saiu pela culatra. Se fossem titulares, talvez a vontade da torcida tivesse se realizado. Mas reservas foram escalados, e eles queriam mostrar serviço ao comandante. Muriel (foto) fechou o gol, e os garotos Oscar e Sasha apresentaram as armas no ataque. No final das contas todo aquele papo de vingança, escorreu pelo ralo. Nem mesmo a liberação do lateral Marcelo Cordeiro, contribuiu para que os cariocas vencessem. Aliás, cordeiro foi o Inter! Um cordeiro em pele de lobo.

Sorte do Grêmio, que já havia feito o serviço no sábado. Contra o Atlético-PR, dentro de casa, o time de Renato foi mais uma vez um leão, brigando para assegurar vaga entre os quatro melhores do campeonato. Infelizmente, melhor que isso não ficará, pois o Cruzeiro também somou três pontos e solidificou uma vantagem inalcançável na terceira posição. Restará aos gremistas se contentarem com a vaga na Pré-Libertadores do ano que vem - isso se Luiz Felipe Scolari não conquistar a Sul-Americana. Mas, se o Tricolor teve a ajudinha do arquirrival (daonde menos se esperava), porque não acreditar na compaixão do ídolo Felipão?

Parabéns, Rio de Janeiro!

Rio de Janeiro, "a cidade maravilhosa", agradece novamente à Porto Alegre. Pelo segundo ano consecutivo, a rivalidade gaúcha pode presentear os cariocas. No ano passado, o Grêmio enviou uma equipe totalmente descaracterizada para enfrentar o Flamengo, que brigava pelo título nacional contra o Inter. Resultado: vitória dos rubro-negros e revolta dos colorados. Agora é a vez dos botafoguenses ganharem um agradinho do Rio Grande do Sul.

A torcida vermelha aguarda esta rodada do final de semana sedenta por vingança. O Botafogo briga diretamente com o Grêmio por uma vaga na Libertadores do ano que vem. Por isso, uma derrota no Engenhão, neste domingo, nem seria tão sofrida assim. Celso Roth já apontou que levará ao Rio um time cheio de reservas, apenas Rafael Sóbis de titular. Os jogadores prometem não entregar os pontos de graça, mas nem o retrospecto do Inter na capital carioca deixa os gremistas esperançosos. Em 2010, o Colorado perdeu todos os jogos que disputou na cidade - foi surrado pelo Flamengo, Fluminense e até mesmo pelo Vasco da Gama. Não parece ser agora que mudará o ritmo dos resultados.

Mas, de nada adianta ficar esperando dos reservas do Inter, se o próprio Grêmio não fizer por onde. Além do Botafogo, a briga pelo G-4 inclui o Atlético-PR - inimigo do sábado. Então, muito cuidado com as cobranças de falta e escanteios de Paulo Baier. Uma derrota, ou até mesmo um empate, pode alijar o Tricolor da disputa pela quarta vaga. E ainda por cima, mesmo que tudo saia dentro dos conformes, Renato Portaluppi e Cia. terão de secar o Palmeiras até o último minuto. Ontem, pela Sul-Americana, a LDU venceu o Independiente, da Argentina, em Quito, por 3 a 2. Pelos placares de ida, a final seria entre Palmeiras e LDU. E se o palmeirense Marcos Assunção já vem acertando chutes de longa distância, imagine como não seria na altitude equatoriana! Nesta hora, é melhor se unir ao Botafogo e rezar para o Cristo Redentor abençoar o G-4 do Brasileirão (foto).

E o Oscar vai para...

Foto: Alexandre Lops

As conquistas de 2006 viraram DVD no Beira-Rio. Alguns dos atores que participaram daquele "filme" querem repetir a dose neste ano. As estrelas já não estão mais. Fernandão, Gabirú e Iarley foram embora do Internacional. Agora, há espaço para novos nomes. D'Alessandro, Giuliano e Rafael Sóbis despontam como favoritos para receber a luz dos holofotes. Porém, existem os coadjuvantes, que de uma hora para outra podem ganhar destaque no elenco. Um deles é o garoto Oscar, de 19 anos (foto).

Trazido às escondidas do São Paulo, o meio-campista é comparado a Alexandre Pato, como sendo a novidade para o Mundial Interclubes. Foi relacionado entre os 30 pré-inscritos junto à Fifa, e ao que tudo indica estará na lista final de Celso Roth. Esta hipótese ficou mais forte ainda nesta quinta-feira, quando o departamento médico do Inter anunciou que o centroavante Ilan, contratado para dar experiência ao ataque colorado, não atuará mais em 2010 por conta de uma lesão no pé. A ausência dele praticamente escala Oscar para integrar a delegação em dezembro. Aliás, as apresentações dele no Campeonato Brasileiro Sub-23 o credenciam para estar com o restante do grupo.

Agora, se ele terá chances como titular já são outros quinhentos. Num meio-campo recheado de craques, fica difícil arranjar uma vaga entre os onze. Até mesmo para uma eventual entrada no segundo tempo. Giuliano, Andrezinho e Damião já provaram que podem ser decisivos na hora do aperto. Mesmo assim, não se pode duvidar que o garoto seja a surpresa de última hora - vide a história de Adriano Gabirú há quatro anos. Por isso, quando anunciarem a famosa frase "e o Oscar vai para...", você já pode responder: vai para Abu Dhabi. Oscar vai para Abu Dhabi.

É dez humano?

Foto: Mowa Press

Antes do amistoso entre Brasil e Argentina, muito se falou sobre o retorno de Ronaldinho Gaúcho à Seleção. No Rio Grande do Sul, os holofotes focaram a estreia de Douglas (o maestro do Grêmio) com a camisa canarinho. Os colorados torciam para que D'Alessandro não sofresse nenhuma lesão que pudesse prejudicar a participação no Mundial Interclubes. E dentro de todo este cenário quem chamou para si a responsabilidade foi outro camisa 10: Lionel Messi (foto). Com um gol no final da partida, ele decretou a vitória dos hermanos em Doha, no Catar.

A derrota pode até parecer desumana, devido ao volume de jogo apresentado pelos brasileiros. A atuação não era merecedora de derrota. Seria até mesmo uma injustiça com o goleiro Victor, destaque da partida com grandes defesas. Mas quem é Messi para se falar em humanidade. Muito pelo contrário, ele é sobre humano, sobrenatural. Está no patamar de craques históricos como Maradona, Zico e Cruyff. E mesmo assim, durante boa parte do jogo, a Seleção conseguiu neutralizar o ataque argentino, encaminhando um empate em zero a zero. Até que no último minuto, o "diferenciado" partiu em disparada. Aliás, o gol serviu para separar os craques dos meros bons jogadores.

Para quem não percebeu, o lance nasceu no meio-campo, em uma perdida de bola de Douglas - iguais as que ele costuma perder no estádio Olímpico. Porém, em Porto Alegre não existem Messis. O atleta gremista resolveu entregar um contra-ataque justamente no pé do melhor argentino. A partir de então, nem Thiago Silva, nem David Luiz (senhores zagueiros), foram capazes de parar o meia castelhano. O chute cruzado também não foi potente ao ponto de rasgar a mão do goleiro, mas certeiro o bastante para matar o melhor arqueiro do país. E aí se entende porque Messi é um camisa 10 nato. Ronaldinho, Douglas e D'Alessandro ficam menores perto dele.

O retorno da múmia

Foto: Lucas Uebel (Vipcomm)

Se a dupla Gre-Nal tiver jogadores enfaixados dentro de campo no próximo final de semana, não se assuste. Não são múmias! São jogadores que acabaram de sair do departamento médico, após muitos dias de recuperação. Ambos já foram titulares incontestáveis, e agora não sabem sequer se ficarão no banco de reservas. No entanto, a questão não é técnica ou por opção do treinador. Certamente, os dois, se estiverem em condições físicas adequadas, estarão entre os 11 que entram em campo. Estou falando de Tinga e Mário Fernandes. Eles que passaram mais dentro do ambulatório do que vestindo as camisetas de seus clubes, podem reaparecer no final de semana. Tudo depende das avaliações feitas para que, enfim, eles voltem a trazer alegrias ao torcedor.

Paulo César Tinga (foto) foi o grande trunfo de Celso Roth na modificação do esquema tático para a reta final da Libertadores. Porém, depois disso, não conseguiu a uma sequência. Retornava aos gramados e logo acusava as velhas dores na coxa. Passou por um bom período de fisioterapia e agora está de volta. Se ele estará em campo (ou não) contra o Botafogo, é uma dúvida. Mas não por veto do departamento médico. Muito menos por ter de disputar uma vaga entre os titulares. A camisa 7 é dele e pronto. Só resta saber se a comissão técnica deseja entrar com gana diante do Botafogo. Vale lembrar que uma vitória contra os cariocas pode ajudar o rival Grêmio. Então, há quem defenda a utilização do meio-campista somente contra o Vitória, na outra rodada. Mas também não se descarta a presença dele no banco de reservas lá no Rio de Janeiro - e uma eventual entrada no segundo tempo da partida.

No Olímpico, resta a definição pela dupla de defesa. Após mais um milagre de Victor (desta vez na Vila Belmiro), restou aos gremistas a lamentação pelo terceiro cartão amarelo de Rafael Marques. Vilson, que poderia ser o substituto, está lesionado e nem deve mais jogar em 2010. E então, quem formará a zaga com Paulão? Aí é que entra o retorno de Mário Fernandes. Lembra dele? Pois é, o atleta passou por uma cirurgia no ombro problemático e já vem treinando com os companheiros. Resta saber se a falta de ritmo de jogo vai prejudicar na hora de Renato escolher. Do contrário, Ozeia ganha a titularidade na decisão contra o Atlético-PR. Mas não é necessário nem perguntar. A torcida tricolor prefere ver Mário - nem que seja com o braço enfaixado.

Vence quem quer

Fotos: Reprodução Sportv e Jefferson Bottega
O Brasileirão entrou pelo funil. Chegou a fase em que se separa o joio do trigo. Em que se separam os meninos dos homens e os interessados pelos desinteressados. Foi assim que se escreveu mais uma passagem da dupla Gre-Nal pelo Brasileirão. Quem se empenhou pelo resultado, conquistou o que queria. Mas aqueles que cumpriram tabela, se complicaram (não na tabela, mas com a torcida).

A imortalidade do Grêmio foi mais uma vez evocada neste sábado. O Tricolor foi obrigado a atuar com um jogador a menos desde os 18 minutos do primeiro tempo, quando Jonas foi expulso por acertar um cotovelaço no adversário. Aliás, este cartão vermelho promete tirá-lo de mais alguns jogos, se denunciado pelo árbitro. Mas quem tem Victor, não teme! Pelo menos assim foi na Vila Belmiro. Restando 20 minutos para o apito final da partida, o Santos teve um pênalti assinalado a seu favor e Zé Eduardo parou nas mãos do goleiro gremista (foto acima). De novo, o arqueiro da Seleção Brasileira salvou a pele dos gaúchos. Desta maneira, o placar zerado foi um prêmio ao time que mais lutou dentro de campo. O Santos, que já tem a vaga na Libertadores assegurada, apenas assistiu ao sofrimento (seguido de alívio) dos gremistas.

No domingo, a história se repetiu. Saiu aliviado aquele que mais se emepenhou em busca do resultado. A prova é de que o relógio marcava 15 segundos quando o Avaí abria o placar sobre o Internacional (foi este o gol mais rápido do certame neste ano). Logo depois, viria o segundo castigo - para desespero dos colorados. Na etapa complementar, o time de Celso Roth reagiu, já com Leandro Damião (foto à direita) na vaga do vaiado Alecsandro. Igualou o marcador. Mas os avaianos queriam vencer, e assim chegaram ao terceiro tento, fechando o jogo em 3 a 2. Pior para os colorados que deixaram o gramado sob apupos e o temor de um Mundial negro no final do ano.

Volta por cima

Foto: Miguel Schincariol

Não é fácil levantar do chão depois de tomar uma pancada da vida. São poucos os que conseguem reconstruir tudo de novo. Pois este final de semana é a chance da volta por cima. O clima não é de vingança, tampouco de raiva. Os tempos são outros e o objetivo é totalmente diferente. O Grêmio quer uma vaga na Libertadores da América de 2011, e o Inter quer chegar no Mundial Interclubes na ponta dos cascos. A hora é agora!

Desde o início do ano, o sonho dos gremistas era alcançar uma vaga no principal torneio sul-americano. O atalho era a Copa do Brasil, mas no caminho, na semifinal, o Grêmio cruzou por um tal de Santos. As equipes protagonizaram belos duelos. No entanto, os "meninos da Vila" levaram a melhor - levantando a taça posteriormente. Por isso, como falei, é a chance do Tricolor reescrever a história. Vencendo os santistas neste sábado, o clube dá um passo largo rumo ao G-4 do Campeonato Brasileiro e, quem sabe, à tão sonhada vaga na Libertadores. E a tarefa ganha um "facilitador": o adversário vem desfalcado. Daquela escalação que bateu o Grêmio pela Copa do Brasil, não constam Wesley, André e Robinho; Ganso está machucado e Neymar, suspenso (foto). Ou seja, as portas estão abertas para os gremistas fazerem a festa desta vez.

Já o Inter pode dizer que finalmente conseguiu o que queria: dedicar-se apenas ao Mundial. Não existe a mínima possibilidade de título no Brasileirão, então, o jeito é encarar os jogos como treinamentos. E um atleta em especial deve agarrar a chance com unhas e dentes. O goleiro Lauro, esquecido por meses, fora até mesmo do banco de reservas, terá a chance de vestir novamente a camisa 1. Provavelmente, Celso Roth levará o arqueiro para Abu Dhabi (inclusive, por reconhecimento aos trabalhos prestados, a 3ª vaga será dele). Mas quem sabe não é a hora de Lauro mostrar que tem condições de ser titular do gol colorado? Contra o Avaí, neste domingo, Renan e Abbondanzieri ganham um novo concorrente. Definitivamente, este final de semana é a oportunidade de dar volta por cima.

A crise é internacional

Foto: Getty

Pela primeira vez o macaco está olhando para o próprio rabo! São inúmeros os colorados que vejo manifestar um certo temor com relação ao futuro do Internacional no Mundial Interclubes. De uma hora para a outra, o título da Libertadores foi vencido meio que no acaso. Ninguém mais confia nos goleiros (nem no titular, ou nos reservas). A zaga, apesar da presença de um General, não assusta mais os adversários. O meio é pouco produtivo. E o ataque não faz gols. De que maneira o time será bicampeão do mundo em dezembro? Pois peço atenção aos desavisados. Se a crise no Beira-Rio assusta, vire os olhos e ouvidos para a Itália.

O Inter só pode perder para o próprio Inter - isso é o que acreditam alguns torcedores. Pois a principal causa do medo vermelho é justamente o clube homônimo: a Inter, de Milão. Justamente ela, que papou tudo em 2009, poderá ser a grande rival para o título em Abu Dhabi. Mas, se enganam aqueles que ainda enxergam o clube italiano como a patrola da temporada passada. Nesta reta final, que antecede o torneio mundial, a Internazionale vem deixando a desejar. A equipe parou de fazer gols, vem empatando e perdendo jogos importantes - tanto pelo Campeonato Italiano, quanto pela Liga dos Campeões. Além disso, qualquer semelhança com o irmão brasileiro cai por terra quando se visita o departamento médico. Atualmente, o ambulatório tem o goleiro Júlio César, o lateral Maicon, os volantes Cambiasso e Thiago Motta, e o zagueiro Samuel. A última notícia ainda aponta anemia no meia Sneijder (foto) - carrasco da Seleção na Copa. O jogador chegou a desmaiar no vestiário, durante uma partida, e pode ficar de fora da viagem para os Emirados Árabes.

Então, quando for reclamar que o Inter está poupando jogadores pelo Brasileirão, pense bem. Os italianos reclamam que estão jogando demais! Se for xingar Celso Roth, pense no ódio que a torcida italiana tem de Rafa Benítez, que conseguiu emperrar a máquina de Mourinho. Enfim, a situação está muito pior do lado de lá do Oceano Atlântico. Também, não se pode pensar que o título está ganho. Se for assim, quem decidirá o Mundial Interclubes será Pachuca, do México, e Al-Wahda, dos Emirados Árabes. Aí estaria escancarada a crise internacional - ou dos Internacionais!

Quarta-feira pela quarta vaga

Exatamente um mês atrás, no dia 10 de outubro, Botafogo e Palmeiras entravam em campo pela 29ª rodada do Brasileirão, no estádio Engenhão, no Rio de Janeiro (foto). Em um duelo que prometia ser quente, o placar foi 0 a 0. De lá para cá, apenas um deles se mantém vivo na tabela de classificação (o outro está focado na Sul-Americana). E, mesmo assim, ambos são inimigos diretos do Grêmio. Digo isso porque, se quiser chegar a Libertadores de 2011, o Tricolor terá de superar estes dois adversários. E a briga tem um capítulo importante nesta quarta-feira! O torcedor gremista vai ter que se dividir nesta noite. Palmeiras e Botafogo voltam aos gramados como fizeram há um mês. Porém, não estarão se enfrentando.

Os cariocas, atualmente quarto colocados, vão à Fortaleza encarar o Ceará. Uma vitória impõe distância de cinco pontos, colocando ainda mais pressão na partida do Grêmio contra o Santos no próximo sábado. A quatro rodadas do fim do certame, seria uma vantagem gloriosa para o time comandado por Joel Santana. Ainda mais se considerarmos que, no jogo seguinte, o adversário será o Internacional, que não faz a mínima questão de buscar três pontos no Rio de Janeiro. Depois, um Prudente já rebaixado seria presa fácil. Por fim, tudo se decidiria no estádio Olímpico, em um duelo direto pela quarta vaga. Aí, se o Grêmio chegar vivo até lá, a vantagem é toda gaúcha.

Porém, todo o esforço não será recompensado se o Palmeiras conquistar o título da Copa Sul-Americana. Como sabemos, se um brasileiro vencer o torneio, o Campeonato Nacional passa a ter apenas três vagas para a Libertadores. E o time de Felipão marcha firme rumo ao título. Nesta noite, os paulistas recebem o Atlético-MG, que parece estar dando mais atenção à luta contra o rebaixamento. No primeiro jogo, um empate em 1 a 1, em Minas Gerais. Portanto, basta um placar zerado para que o Verdão continue vivo na batalha continental. Na fase seguinte, o adversário será o vencedor do confronto entre Avaí e Goiás (equipes que estão exatamente na mesma situação dos mineiros, ou seja, centrarão força para não cair à Série B). Na finalíssima, aí sim, o Palmeiras cruzaria contra LDU, Independiente ou Newell's Old Boys. Mas convenhamos, as chances de título são enormes para o Palmeiras! E então, os gremistas vão secar nesta noite?

Fica Renato

Foto: gremio1983.blogspot.com

Há alguns dias, Renato Portaluppi indicou os cinco melhores jogadores do Brasileirão. Darío Conca, do Fluminense; Douglas, do Grêmio; e D'Alessandro, do Internacional, eram alguns dos nomes que apareceram na lista do comandante gremista. Mas e se ele tivesse que anunciar os cinco melhores treinadores do Brasil, quais nomes apareceriam? Será que ele estaria lá? Muito provavelmente sim, pois há informações de que ele teria pedido o quarto maior salário do país para permanecer no clube em 2011. A nova direção, de Paulo Odone, acenou com R$ 360 mil - um aumento considerável aos R$ 275 mil que recebe atualmente. Mas ele negou. Quer estar no patamar de Felipão, Muricy e Luxemburgo. Será que consegue?

Não tem como dizer que Portaluppi não merece um salário deste nível. Somente o fato de tirar o Tricolor do Z-4 para lançá-lo ao G-4 valeria a quantidade pedida. Porém, os cofres do clube não comportam tanto. A folha de pagamento deste ano foi enorme - a maior das últimas temporadas. Contratações como as de Douglas, Leandro e Paulo Paixão (além das renovações com Victor e Jonas) aumentaram consideravelmente a receita do estádio Olímpico. Sinceramente, acho que a diretoria só não bateu o martelo até agora, pois aguarda a classificação para a Libertadores da América. A presença de Renato na competição que ajudou a vencer em 1983 somente traria benefícios ao clube. No entanto, mais um ano com Copa do Brasil poderia causar estragos na poupança tricolor. E qual o jeito para manter o ídolo sob a casamata?

Recentemente, Santos, Corinthians e Flamengo se utilizaram de publicidade para repatriar grandes ídolos. Robinho e Neymar, Ronaldo e Adriano só ficaram nestes clubes com a contribuição de patrocinadores fortes. Mas tudo isso apenas é a adaptação de uma campanha antiga, promovida pelo próprio Grêmio. Em 1995, após conquistar a América, o Imortal sofria a ameaça de perder o artilheiro Jardel. Emprestado pelo Vasco da Gama, o goleador estava prestes a ser repassado ao Verdy Tokyo, do Japão. Pois Fábio Koff inventou o "Fica Jardel", onde os torcedores podiam contribuir com dinheiro do próprio bolso para pagar a conta (foto). Foi o bastante para bancar 10% do passe de Jardel, que permaneceu por mais alguns meses, disputando o Mundial Interclubes contra o Ajax, no final daquele ano. Posteriormente, seria vendido ao Porto, de Lisboa, deixando o torcedor órfão até hoje. Mesmo assim, ninguém esquece da vez em que a torcida pagou a conta. Será que não está na hora do "Fica Renato"?

Shows em Porto Alegre

Fotos: Blog Rock n Roll Music e Clicesportes

O estádio Beira-Rio, acostumado a assistir grandes espetáculos aos domingos, repetiu a dose no dia de ontem. No entanto, não foi a bola a estrela principal. Tampouco o time do Internacional. Mais de 50 mil pessoas lotaram o lugar acostumado com o futebol para aplaudir um beatle. Correram e se ajoelharam no gramado como quem comemora um título da Libertadores. Porém, a comoção era voltada para Paul McCartney, que realizou o primeiro show da turnê "Up and Coming" na América do Sul, em Porto Alegre.

Aliás, para os colorados, foi até melhor que o músico inglês estivesse no Rio Grande do Sul pelo domingo. Desta maneira, ficou mais fácil de esquecer algumas cenas protagonizadas no sábado, em Goiânia, no Serra Dourada. Talvez os jogadores do Inter estivessem apressados em voltar ao Beira-Rio - afinal de contas, o show do ex-beatle era realmente imperdível. O empate em 2 a 2, depois de estar perdendo por dois de diferença, não é tão elogiável assim. Apenas demonstra a fragilidade já conhecida do Atlético-GO. E o gol de abertura da partida, onde Bolívar recua a bola para Pato, escancara a falta de concentração da equipe. Enfim, a cabeça está em Abu Dhabi.

Mas se o Beira-Rio viveu seu momento mágico no domingo, um dia antes, o Olímpico não deixou por menos. Os comandados de Renato Portaluppi enfiaram uma goleada de 5 a 1 no Ceará. Outra vez, André Lima, Jonas e Douglas brilharam com a camisa gremista. Foram, definitivamente, o show de abertura de Paul McCartney. Inclusive, para quem não sabe, o beatle terminou a apresentação e rumou para Buenos Aires, onde dá continuidade à turnê. Pois se ele assistiu ao jogo do Grêmio, pode avisar os argentinos que no ano que vem terão um osso duro pela Libertadores. Ao que tudo indica, vai chegar ao G-4 em breve.

O bonde andando

Foto: Mauro Vieira (Zero Hora)

Sabe aquela história de quem pega o bonde andando e quer sentar na janela? Pois é, a dupla Gre-Nal está prestes a vivenciar esta frase. Duas figuras podem chegar à reta final do ano com a titularidade caindo no colo. São posições vitais para as equipes e deverão sofrer alteração justamente agora, quando os torcedores começam a se entusiasmar - os gremistas com o Brasileirão e os colorados com o Mundial de Clubes. Tanto a camisa 1 quanto a 10 podem mudar de nome em suas costas.

A camisa 1 do Internacional é promíscua por si só. Desde o início do ano, se divide em quatro nomes. Iniciou com o time B no Gauchão, tendo Muriel como dono. Depois, pelo Gauchão, Lauro foi o titular. No entanto, foi só Abbondanzieri (foto) pisar no Beira-Rio, para tomar a titularidade. E quando tudo parecia acomodado, Renan arrancou a vaga na semifinal da Libertadores. E bem que as coisas poderiam parar por aí, mas há quem não tenha se contentado com nenhum dos quatro, e pede a contratação de mais um arqueiro para a viagem de Abu Dhabi. Não dá mais! A pré-lista enviada à Fifa já tem o nome destes goleiros. A partir de então, um deles deve ficar de fora do Mundial. Renan, campeão da América, poderia ser o número 1, mas ele vem sendo muito questionado. Aliás, neste sábado, contra o Atlético-GO, ele nem fará parte da delegação. Celso Roth já adiantou que Pato Abbondanzieri será o titular. Na outra rodada, diante do Avaí, será a vez de Lauro. Enfim, está instaurado o vestibular no gol vermelho.

No Grêmio, o sistema tático escolhido por Renato Portaluppi vem dando resultado - ou seja, ele não vai mexer tão fácil nas peças que montou. A não ser que aconteça uma desgraça. Pois a desgraça se chama Supremo Tribunal de Justiça Desportiva. O meia Douglas, maestro da camisa 10, foi indiciado pelo STJD por uma entrada no jogador Richarlyson, do São Paulo. E o detalhe é que o atleta sequer recebeu cartão naquela ocasião. Porém, ao analisar a expulsão do zagueiro Alex Silva, os juízes resolveram julgar também o meia gremista. Não parece estranho? Dependendo da punição, Douglas perderá o restante do Campeonato Basileiro. E aí, quem entra no time é Souza. Ele, que frequentou mais o ambulatório do que os gramados neste ano, poderá terminar 2010 como o principal armador do Tricolor. Será que mesmo assim o Grêmio consegue alcançar o G-4? Se bobear, quem pega o bonde andando é o próprio São Paulo, especialista neste quesito.

Coladinhos

Fotos: Carlos Costa e Valdir Friolin

Teve um certo momento do Campeonato Brasileiro em que a diferença do Inter para o Grêmio era de 11 pontos. Os colorados figuravam no 4º lugar da tabela de classificação com 27, enquanto os tricolores ocupavam a incomoda 17ª posição com 16. As coisas foram mudando de figura aos poucos. O Internacional venceu a Libertadores da América e, automaticamente, foi pensando no Mundia Interclubes. Já o Grêmio teve como divisor de águas a chegada de Renato Portaluppi. O cenário foi se invertendo e ambos se encontraram. Nesta 33ª rodada, Inter e Grêmio estão na 6ª e 7ª posição, respectivamente, empatados com 50 pontos.

E, pelo andar da carruagem, os azuis vão ultrapassar os vermelhos. A vontade apresentada pelo Grêmio nesta quarta-feira foi capaz de exorcizar até mesmo a maldição do Serra Dourada. Aquele time que não ganhava de ninguém fora de casa, supera diversos adversários longe de Porto Alegre. O futebol pode nem ser dos mais belos, mas o placar vem sendo favorável. Aliás, nos 2 a 0 diante do Goiás, foram os centroavantes que balançaram as redes: André Lima (foto acima) e Diego Clementino. Mais uma vez o meio-campo foi elogiável, com Adílson e Rochemback protegendo bem, e Douglas municiando o ataque. Que venha o Ceará no próximo sábado!

Esta é a velha gangorra da dupla. No Beira-Rio, as vitórias andam escassas. Já são cinco jogos sem sentir o gostinho dos três pontos! Contra o Fluminense, o Inter se despediu de vez das chances de tetracampeonato. O inimigo era o líder do certame, e mesmo assim o Colorado não aproveitou. A atuação do goleiro carioca (foto à direita) foi estupenda, é verdade. Mas a apresentação dos atletas não anima a torcida. Show mesmo só o do Paul McCartney no final de semana. Aliás, vai ser até melhor para o torcedor colorado focar no ex-beatle, porque a próxima rodada manda o time ir enfrentar o desesperado Atlético-GO - sem Alecsandro, D'Alessandro e Guiñazu, suspensos. Alguém acredita em uma reviravolta? O Mundial já começa a tirar o sono dos colorados.

Última chamada para embarque

Foto: Arquivo Vipcomm

"O cavalo encilhado não passa duas vezes" - é o que diz um ditado gauchesco. Porém, no Brasileirão, o cavalo passou encilhado diversas vezes para a dupla Gre-Nal. O campeonato deste ano está parelho como nunca se viu. O Inter, por exemplo, não vence há quatro jogos e, nem por isso, ficou de fora da briga pelo título nacional. Já o Grêmio, que agonizava na zona do rebaixamento, escala rumo ao G-4 rodada após rodada. É bem verdade que os próprios clubes gaúchos não vem se ajudando nas últimas rodadas. Porém, os tropeços dos de cima também contribuem para a continuação dos sonhos. Mas esta quarta-feira será decisiva para as pretensões das equipes.

Assim como o Dia D na Segunda Guerra Mundial (onde as tropas aliadas desembarcaram na Normandia), o Fluminense desce na beira do Rio Guaíba neste início de noite. Não é todo dia que se tem o inimigo direto dentro de casa. É a grande chance para o Colorado arrancar a liderança dos cariocas. É verdade que estará entregando de bandeja para o Cruzeiro, mas, por consequência, ganha uma sobrevida no certame. Do contrário, uma derrota - ou até mesmo novo empate - enterra de vez as chances de tetracampeonato. A partir de então, o Beira-Rio só servirá de palco para o show do Paul McCartney e para treinamentos que visam o Mundial Interclubes de Abu Dhabi.

E quem pensa que a situação do Grêmio é mais tranquila, se engana. Atualmente, quatro pontos separam o Tricolor do Botafogo, quarto colocado. A distância ainda pula para sete pontos se considerarmos que apenas os três primeiros vão pra Libertadores do ano que vem. Por isso, apenas uma vitória diante do Goiás, no Serra Dourada, mantém o time de Renato Portaluppi na briga. E, claro, os goianos não venderão pontos de maneira barata; já que figuram na zona do rebaixamento há um bom tempo. Se os gremistas perderem o trem desta quarta-feira, talvez não exista outro. Nem amanhã de manhã.

O encontro dos camisas 10

Ainda não havia falado sobre a convocação do técnico Mano Menezes. Pela primeira vez, depois de muito tempo, nenhum jogador do Internacional foi chamado para vestir a camisa da Seleção. A ausência interrompe uma sequência iniciada em Rafael Sóbis, que passou ainda por Alexandre Pato, Renan, Alex e Sandro. Agora, foi a virada da gangorra. No mundo paralelo da dupla Gre-Nal, o Grêmio venceu neste quesito. Victor e Douglas estão na lista do comandante Mano. O goleiro já vinha sendo chamado desde os tempos de Dunga, mas a presença do meio-campista é novidade. E havia quem quisesse o atacante Jonas, artilheiro do Brasileirão. Mas, convenhamos, a convocação de Douglas já serve para deixar a diretoria tricolor em êxtase. Aliás, você lembra da última vez que um camisa 10 gremista serviu à Seleção Brasileira?

Lucas, Anderson e Carlos Eduardo não se encaixam neste perfil. Então, quem foi? Pois Douglas interrompe um período de 11 anos em que o estádio Olímpico deixou de enviar meio-campistas armadores para a Granja Comary. Ronaldo de Assis Moreira, ou simplesmente Ronaldinho Gaúcho, foi a última matéria bruta do Grêmio, e a história foi meio diferente de Douglas. O ano era 1999, e Ronaldinho (revelação das categorias de base) tinha 19 anos quando estreou contra a Letônia. Meses depois marcaria o primeiro gol, contra a Venezuela, pela Copa América. De lá para cá, a camisa 10 do Grêmio virou do Paris Saint-Germain, do Barcelona, do Milan e, claro, do Brasil. Porém, ele entrou em recesso temporário.

Em novembro de 2010, Ronaldinho Gaúcho está de volta à Seleção após a não convocação para a Copa do Mundo - justamente agora, quando o Grêmio reenvia um novo meio-campista: Douglas! Mano Menezes já adiantou que o primeiro é titular da equipe. Ou seja, muito provavelmente, eles vão disputar posição. Na Copa de 70, em um meio-campo repleto de números 10, a prioridade foi de Pelé. Agora, pelo menos antes do jogo, Ronaldinho larga na frente.