A carta divulgada por Douglas nesta quarta-feira explode como uma bomba de gás lacrimogênio. No entanto, passada a névoa, é necessário olhar com atenção. A tão falada apatia, atribuída ao meio-campista no Grêmio pode ser explicada através de sua acusação: atraso de pagamento dos direitos de imagem. Enfim, não era preguiça, mas falta de vontade em jogar.
Aliás,
apesar de ser uma acusação ainda sem provas, atrevo-me a defender Douglas. É
perigosa a maneira como a torcida gremista trata os jogadores técnicos.
Certamente, o camisa 10 não é o craque que pensa ser, mas também não é a Geni
desenhada no Olímpico. Acontece que, com a desculpa de ver no seu time “a cara
do Grêmio”, às vezes se injustiça bons atletas – vide Rochemback e Borges.
Chega-se ao cúmulo de idolatrar balões para a arquibancada de Paulão ou
carrinhos certeiros de Sandro Goiano, para deixar em segundo plano jogadas de
efeito e plástica. A exigência por raça e garra chegou ao extremo quando se faz
esquecer que o fundamento do futebol é ter a bola nos pés – foot-ball.
Enfim, Caio
Júnior tenta apresentar ao Tricolor uma maneira moderna desta prática. Se vai
dar certo ou não, pouco se sabe. É bem verdade que até agora surtiu muito pouco
efeito, mas já é o início para aprisionar o clube deste pensamento atrasado de
que a vontade sempre prevalecerá à qualidade. Está mais do que na hora do
Grêmio deixar de ser refém desta imortalidade invisível, e não há melhor
momento para declarar sua própria independência do que diante do Ypiranga (mesmo
este não sendo aquele rio do Dom Pedro).
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