terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O batismo do árbitro gaúcho

Quando uma criança nasce no Rio Grande do Sul, antes mesmo de receber o batismo do padre ou ser registrada em cartório, já tem um time de futebol escolhido pelos pais. Na porta do quarto, ainda no hospital, o nome do bebê aparece seguido pela flâmula do clube. Na mala, roupinhas da cor vermelha ou azul. Enfim, aqui é assim. A “doença” chamada Gre-Nal atinge a todos. Somos obrigados a nos posicionar sempre, sejamos cidadãos comuns, entendedores ou não. Sobra até para a imprensa, por que não para os árbitros? Sim, até eles são rotulados de colorados ou gremistas.

Nesta quarta-feira será a vez de Fabrício Neves Corrêa receber o carimbo. Pela primeira vez o juiz estará comandando o maior clássico do Estado e, dependendo das marcações e/ou anulações, será coroado como simpatizante de um ou outro. Foi assim com todos. Leandro Vuaden, por exemplo, que ficou de fora do sorteio por estar escalado para apitar a Libertadores, é acusado pelos gremistas por ter coordenado seis jogos, com nenhuma vitória tricolor. E o que dizer de Márcio Chagas, após o episódio em que Roberto Siegmann revelou ser ele “filho do Buda”, ex-dirigente do Grêmio? Nunca mais os colorados o olharão como isento.

E não adianta nem propor para que se chame um juiz de fora do Estado. Quando isso acontece, pelo Campeonato Brasileiro, alguém sempre se levanta e diz que os árbitros “brasileiros” não sabem apitar Gre-Nal, que marcam faltas demais, não deixam o jogo correr. É necessário ter um homem da aldeia! Não sei se as acusações cessarão com a profissionalização do árbitro de futebol, tão pedida atualmente. Duvido muito, aliás. A insanidade gaúcha não permite que profissionais ajam como profissionais. Aos olhos do torcedor, eles sempre serão gremistas ou colorados.

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