quinta-feira, 8 de março de 2012

Convicção de João Sem-Medo

Gaúcho do Alegrete, João Saldanha foi um jornalista que exerceu a profissão no Rio de Janeiro, antes de assumir o Botafogo e a Seleção Brasileira como treinador. No comando do escrete, recebeu a alcunha de “João Sem-Medo”. Tudo porque, às vésperas da Copa do Mundo de 1970, recebeu o ‘pedido’ do presidente da república Emílio Garrastazu Médici para convocar Dadá Maravilha. E, com isso, apenas respondeu: “Ele escala o Ministério, eu a Seleção”. E isso aconteceu no auge da ditadura militar no Brasil.

Como resultado (direto ou indireto), João acabou demitido do cargo e para seu lugar foi chamado o ex-jogador Zagallo. O “velho Lobo” enfim convocaria Dadá e venceria a Copa no México. Não me arrisco a dizer que Saldanha teria o mesmo destino vencedor, porém admiro-o pela convicção. Felipão e Dunga viriam a fazer o mesmo anos depois, um em 2002 o outro em 2010, com Romário e Neymar, respectivamente. Independente do sucesso – ou não – de seus trabalhos, parece que a convicção é um dom rio-grandense.

Nesta quinta-feira, o que mais se ouve são críticas ao técnico colorado Dorival Júnior. Os mais ferozes o chamam de medroso por ter modificado o time do Inter, armando um esquema mais defensivo para encarar o Santos. O resultado foi desastroso. Mas, conhecendo os antigos trabalhos de Dorival, arrisco-me a perguntar: será que o time com três volantes foi mesmo uma ideia do treinador? Ao final do jogo, ele limitou-se a explicar que a escolha passou por “um problema interno” com Dagoberto – o atacante sacado. Teria Júnior passado pelo mesmo problema de Saldanha? Se realmente passou, não soube sair-se dele com a mesma habilidade do “João Sem-Medo”. Deixou o presidente escalar o Ministério e a Seleção.

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