terça-feira, 6 de março de 2012

O mandamento do volante


Certa vez, no Olímpico, estava assistindo ao treino do Grêmio, quando Celso Roth esbravejou com Adílson: “Qual é o mandamento do volante?”. O alemão balbuciou algo e a bola voltou a rolar. Não me aguentei e, ao final da atividade, na entrevista do treinador, tive de perguntar: “Roth, qual é o mandamento do volante?”. Ele riu e me respondeu: “Qual é a função do volante? O volante de um carro dirige, não é? Então, o jogador desta posição tem de fazer o mesmo, dirigir o time”. A imagem de Celso é quase um sinônimo de volante. Com ele, Giuliano foi reserva de Wilson Mathias, e Ronaldinho Gaúcho suplente de Itaqui. E o pior é que ele, quando atleta no Juventude, curiosamente, era lateral.

Acontece. Alguns treinadores de futebol são fãs dos volantes – quanto mais brucutu, melhor! O Santos de 2010, por exemplo, fez exatamente o contrário. Abriu mão de todos os marcadores para mandar a campo um 4-3-3. Arouca e Wesley eram os jogadores mais defensivos do meio-campo. Quase um disparate para nós, gaúchos! Os santistas levavam gol em todos os jogos (às vezes até mais de um). Mas nunca, eu disse nunca, deixavam de marcar gols. Foi o ano em que o país se encantou com o futebol de Paulo Henrique Ganso, Neymar e André – campeões da Copa do Brasil.

E, à frente daquele time, estava Dorival Júnior. Sim, o atual comandante do Internacional, foi responsável pelo “abominável” ato de exterminar os primeiros volantes da equipe. Pois nesta quarta-feira, quando tem de retornar à Vila Belmiro, para enfrentar este Santos, agora no comando colorado, Dorival rasga sua própria cartilha. Retira Dagoberto do time, um atacante, e posiciona três volantes atrás: Bolatti, Elton e Guiñazu. Enfim, ele foi capaz de sacar os “lenhadores” de campo, porque trazê-los de volta? Será que os gaúchos não estão preparados para este tratamento de choque? Eu diria mais, Júnior sabe o que lhe espera no litoral paulista, por isso arma uma retranca das brabas. Se fez certo, só saberemos na quinta. O mandamento, desta vez, falou mais alto.

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