quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

À espera do Reveillon


A temporada 2010 nem iniciou ainda e o torcedor gremista começou a rezar. É uma oração estranha, pois não pede troféus no armário, nem permanência na Primeira Divisão. Geralmente a torcida recorre aos santos quando estas coisas acontecem. Pois com o Grêmio será diferente. Pelo menos nesta reta final e início de outro ano. Mesmo com o depósito da quantia necessária para permanecer com Máxi López no ano que vem, o Grêmio não está certo de que o argentino ficará no estádio Olímpico. A pressão da esposa, Wanda Nara, pode fazer com que Máxi realmente vá atuar na Itália, com a camisa da Lazio. Caso isso aconteça, o clube gaúcho teria de ser ressarcido pelo investimento feito. Mas aí é que mora o perigo. Vai trazer quem?

Não bastando toda esta preocupação, as coisas podem ficar piores ainda. Ao contrário do que inicialmente havia sido divulgado pelo próprio clube, o pré-contrato com o atacante Borges, ex-São Paulo, não garante ao Grêmio uma indenização caso o jogador opte por não atuar no Olímpico em 2010. Sendo assim, se receber uma proposta do Exterior até o próximo dia 31 e acertar a transferência, o atleta não precisa ressarcir o Tricolor. O pagamento só deve ser efetuado caso a oferta seja de uma equipe brasileira.

Para tanto, no momento em que o relógio apontar para a meia-noite do dia 31, o torcedor gremista irá às ruas estourar fogos. Sim, todos os outros torcedores também irão pipocar foguetórios. No entanto, as negociações deixam a massa azul sempre com uma pulga atrás da orelha. Desde que Ronaldinho deixou Porto Alegre sem entregar míseras moedinhas aos cofres do Tricolor, a torcida se vê apreensiva com a venda de seus atletas.

Veja o caso de Leandro, por exemplo. Ele sim, pelo jeito, está certo e desembarca em Bento Gonçalves para realizar a pré-temporada. Porém, para quem não lembra, Leandro foi um pedido de Paulo Autuori para a reta final da Libertadores. E perceba quando ele se apresentará com a camisa do Grêmio! Por essas e outras o gremista tem, sim, motivos de sobra para ajoelhar na beira da cama com um terço na mão. Dependendo do andar da carruagem, nem Máxi ou Borges estarão em Porto Alegre para jogar futebol.
Feliz Ano Novo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Entre os melhores da América


Foto: Daylife.com

Eu não sabia, mas existe a escolha do melhor treinador das Américas. E, para meu espanto, o novo técnico do Internacional, Jorge Fossati, concorre ao prêmio. Digo "para meu espanto" porque é uma surpresa dupla. Eu desconhecia completamente esta eleição, assim como desconhecia este treinador uruguaio. E, de supetão, os dois me aparecem num patamar gigantesco.


Pois bem, comecemos por partes. A escolha do melhor treinador da temporada 2009, ocorre há 24 anos e é organizada pelo jornal uruguaio El País, que consulta a imprensa esportiva das Américas do Sul, Central e Norte. Assim como o "entrenador", o periódico aponta o melhor jogador. Neste quesito, estão Verón, campeão da Libertadores com o Estudiantes; Edison Méndez, que marcou três gols contra o Fluminense na final da Sul-Americana; e o chileno Humberto Suazo, do Colo-Colo, goleador das Eliminatórias para a Copa do Mundo.

Junto com Fossati, concorrem o comandante do Estudiantes, Alejandro Sabella, que por pouco não venceu o Barcelona na final do Mundial; e o argentino Marcelo Bielsa, que comandou a Seleção do Chile. Bom, não é preciso explicar, mas vamos lá. O uruguaio Jorge Fossati foi campeão da Recopa e da Sul-Americana em 2009 com os equatorianos da LDU. Antes disso, não aparecia no mapa dos treinadores. Ora, são dois títulos de âmbito continental. É bem verdade que a Copa Sul-Americana foi taxada como "segunda divisão da América" por alguns. Mas, pelo jeito, o jornal uruguaio considera mais que isso.

O que me espanta mais ainda é que esta eleição é feita há 24 anos e eu (particularmente eu!) não conhecia ela. Jamais escutei que Abel Braga teria sido indicado para este prêmio - e ele foi campeão da Libertadores e do Mundo em 2006. Também não lembro de ter escutado o nome de Luiz Felipe Scolari nos tempos áureos do Grêmio, na década de 90. E agora me aparecem estes hermanos dizendo que Fossati foi um dos melhores da temporada.

Bom, o resultado da eleição será divulgado no dia 31 de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai. Porém, para saber se Jorge é tudo isso mesmo, só em agosto, ou quem sabe em dezembro, lá em Abu Dhabi. Antes disso, ele não passará de um desconhecido com um prêmio mais desconhecido em mãos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Novela à moda argentina


A novela Máxi López ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira. Responsável pelo jogador Buonanotte, do River Plate, que se acidentou na Argentina, neste final de semana, o empresário Dario Bombini - o mesmo de Máxi - não pôde comparecer em Porto Alegre. O grande problema é que estava marcada para hoje a mais nova reunião que decidiria o futuro do "Camisa 16". Digo mais nova, porque a cada dois dias surge a informação de que a negociação ficou para uma próxima oportunidade. E assim a definição pelo acerto se prolonga. Não se sabe quem mente: se o Grêmio, que não tem bala na agulha para mantê-lo no Olímpico, ou se o argentino, que empurra com a barriga vislumbrando a possibilidade de vestir a camisa da Lazio no ano que vem. Talvez seja um pouco dos dois.

Os melhores dramalhões (ou piores, dependendo do ponto de vista) são oriundos do México. Porém, este sucesso da teledramaturgia sul-americana, produzido na Argentina, está se superando. Aliás, o torcedor gremista já está cansado de escutar as mesmas notícias sobre a negociação. Ou vai ou fica! Enquanto não define e nem apresenta o primeiro reforço para a temporada próxima, o Grêmio assiste o Inter se reforçando para uma Libertadores da América. Já desembarcaram no Beira-Rio dois laterais-direitos, um treinador e agora, muito possivelmente, um volante. Wilson Mathias, que defende o Monarcas Morélia, esquece que está na terra da novela e se apresentará ao Inter na próxima semana. Sem desculpas e sem enrolações.

Inclusive, no estádio Olímpico, a lista de dispensas é muito maior que a de contratações. Até agora apenas especulações. Ainda por cima, fiquei sabendo que a intenção da diretoria é apostar nos jovens que venceram o Campeonato Sub-20 recentemente. Boa iniciativa apostar nas categorias de base. No entanto, não se esqueçam os dirigentes azuis que um time campeão se faz da mescla entre experiência e juventude. E, pelo que temos visto, a experiência está em falta - inclusive nas salas da diretoria.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel



Nesta época do ano é muito comum que dirigentes de clube de futebol cheguem aos microfones para dizer que trazem presentes de Natal ao torcedor. Pois não pense o Sr. Luiz Onofre Meira ou o Sr. Fernando Carvalho que ao apresentar Leandro e Bruno Silva estarão cumprindo com seu espírito natalino. Dirigentes não são Papais Noéis. Eles não precisam aparecer apenas em 24 ou 25 de dezembro para apresentar reforços para o próximo ano. Aliás, quem consegue ser competente durante o ano, pouco aparece nesta data.

Pego o caso do Corinthians e do Flamengo, por exemplo. Por lá, os reforços chegaram na hora certa e levantaram canecos neste 2009. Não são apenas promessas. Claro que as equipes irão contratar mais jogadores para disputar a Libertadores da América. No entanto, a maioria deles já está acertada e apenas se apresenta com os demais atletas no período de pré-temporada. Do contrário, quem nada conquistou, tem de encerrar o ano correndo atrás de mais e mais jogadores.

Porém, há de se entender que a torcida não vive apenas de promessas. Embora todos os torcedores sejam também eleitores (e alguns dirigentes insistam em se envolver com a política) isso não combina com o futebol. As expectativas devem ser superadas dentro de campo. No caso do Inter, com uma conquista da América e no caso do Grêmio com a Copa do Brasil. São as prioridades para 2010 - e não promessas. Depois analisamos para qual dos lados o Papai Noel presenteou melhor.

Um Feliz Natal a todos!

Um São Paulo no estádio Olímpico


Foto: Arquivo São Paulo F.C.

A contratação de Leandro pelo Grêmio é um sonho antigo. Seria o atacante de verdade, que a torcida exige há um bom tempo. Já desembarcaram no estádio Olímpico Amoroso, Marcel, Perea, Jonas e alguns outros. Poucos, ou nenhum, agradou à massa tricolor. A última cartada foi no argentino Herrera, que retornou no início deste ano, mas passou em branco por todo 2009. Seria melhor que nem tivesse vindo. Pois agora se espera resultado melhor de Leandro. Aliás, seria a grande contratação para a próxima temporada. Contudo, mais que isso, revela as reais pretensões do clube para 2010: voltar a ser grande, voltar a ser campeão.

Fazendo desembarcar o atacante Leandro, o Grêmio quer reeditar o São Paulo de 2007. Sim, pois Hugo e Borges devem rumar para a Azenha ainda no final do ano, logo após terem os seus contratos encerrados com o Tricolor Paulista. Os três, então, se juntarão ao meio-campista Souza, que no Morumbi atuou como ala-direito. O quarteto tem suas histórias particulares para contar. Hugo passou pelo Juventude e pelo próprio Grêmio antes de chegar ao São Paulo em 2007. Nunca foi unânimidade no Morumbi, mas soube encontrar o seu espaço. Borges saiu do Paraná para conquistar os últimos dois títulos brasileiros do Tricolor paulista. Leandro era ídolo da torcida e comemorou o campeonato em cima da goleira do estádio, com a taça ao lado (foto). Já Souza foi o primeiro a sair, quando foi jogar na França e depois retornou ao Brasil, justamente ao Grêmio.

Agora os quatro defenderão mais um tricolor - desta vez gaúcho. No entanto, a exigência da diretoria será a mesma que a do centro do país: um título nacional. Não exatamente precisa ser um Campeonato Brasileiro (até porque o torcedor gremista não aguentará esperar tanto), a Copa do Brasil pode ser o caminho mais fácil para uma Libertadores em 2011. E tudo ficará por conta do quarteto: Hugo, Souza, Leandro e Borges.

O grande problema é que para voltar a ser campeão, o Grêmio precisa voltar a ser grande. E com isso não quero afirmar que o Imortal pode ser considerado um time pequeno. Acontece que no São Paulo nem sempre o time dava no tranco dentro do campo. Às vezes, o planejamento por si só bastava para que a equipe chegasse forte às decisões. O grande exemplo foi 2008, quando, quase sem querer, Muricy carregou o grupo nas costas rumo ao título. Porém, será que o Grêmio tem esta estrutura toda? Silas é talentoso o bastante? E a diretoria gremista vai saber entregar um elenco confiável? Por isso, antes mesmo de montar o meio-campo do São Paulo multicampeão, o Grêmio deve se preocupar em ter a estrutura de um clube campeão.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Foco do problema

Foto: Divulgação S.C. Internacional

A temporada de 2010 já iniciou pro Inter. Calma, a delegação ainda não veio para Bento Gonçalves! Acontece que o time B, que vai disputar o Campeonato Gaúcho, iniciou os treinamentos com bola no estádio Beira-Rio. São 23 garotos, a maioria revelada no próprio Inter, que defenderá o Colorado no certame regional da próxima temporada. Isso demonstra qual a prioridade do clube para o ano que vem. Sem dúvidas, a conquista da Libertadores novamente.

No entanto, de nada adianta escalar os "fraldinhas" no Gauchão, se o Inter não se reforçar para viajar pela América. E o primeiro reforço não poderia ser outro senão para a lateral-direita. Desde 2007, quando Ceará foi vendido, no meio do ano, para o Paris Saint-German, o Inter não possui um jogador do ofício na posição. Bem que tentou, contratando Ângelo e Ricardo Lopes para assumir a camisa 2.

Porém, de nada adiantou. Os titulares desde lá foram o volante Wellington Monteiro, o zagueiro Bolívar e mais recentemente Danilo Silva. Aliás, antes de Ceará o Inter também passou um bom período sem um lateral-lateral por ali. Noutros tempos, Gavilán e Enciso enganaram pela direita. Agora, numa Libertadores, o Inter não pode mais se dar ao luxo de improvisações.

Trouxe Nei, do Atlético-PR. Dizem que Bruno Silva, uruguaio do Ajax, será o próximo. São dois laterais de uma tacada só. E isso é bom. Demonstra que a direção colorada sabe muito bem as suas principais deficiências - ao contrário do que eu pensava. Resta saber se os jogadores conseguirão responder à tamanha expectativa.

Aliás, atualmente, são poucos os clubes que podem se gabar de possuir um lateral-direito. Nem o rival Grêmio, vizinho, possui essa especiaria. Há aqueles que possuem os alas, que atuam apenas com três zagueiros. E há os que possuem as improvisações defensivas, como Alessandro, no Corinthians, por exemplo. Felizes são àqueles que ostentam Léo Moura, Vitor e Johnattan. Porém, são exatamente estes os mais cotados para vender seus jogadores.

Bom, depois de fazer desembarcar seus laterais, espero que o Inter não descanse. Ainda faltam mais alguns reforços: outro centroavante, um zagueiro, meia, enfim. Se quiser levantar a taça da Libertadores e do Mundial FIFA em mais um ano de Copa do Mundo, como disse o presidente Vitório Piffero, o Colorado precisa sair às compras neste natal.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um mar de nada

Foto: Wesley Santos (Press Digital)

Ainda ontem, pela tarde, assisti ao Gre-Nal da categoria Sub-20. O maior clássico do Rio Grande do Sul decidiria qual dos clubes passaria à finalíssima do Campeonato Brasileiro da categoria. Não tenho acompanhado muito de perto esta competição, por isso me liguei na partida deste domingo. Queria vislumbrar no meio de um mar de garotos a possível revelação dos próximos anos. A nova pérola que deixará alguns milhões de euros no estádio Olímpico ou Beira-Rio daqui a algum tempo.

Foi decepcionante. Aliás, não era preciso nem assistir à partida para saber que a categoria sub-20 anda em baixa. Veja como as equipes se classificaram para a semifinal. O Inter empatou em 1 a 1 com o Corinthians, no tempo normal, e passou nas penalidades. Já o Grêmio empatou em 0 a 0 com o Coritiba e teve o mesmo sucesso que o Colorado. Bom, poderia ter sido obra do destino. No entanto, a partida preliminar do Gre-Nal deste domingo era Atlético-MG e Fluminense, que decidiam a outra vaga para a finalíssima do certame. Também, novo empate no tempo normal e mais uma decisão por pênaltis. Possivelmente seja o pior campeonato sub-20 das quatro edições já realizadas.

Há quem exalte a atuação dos goleiros - Copatti, pelo lado do Inter, e Busatto (foto), pelo Grêmio. Ainda mais o arqueiro gremista, que defendeu uma penalidade durante o jogo e duas na disputa direta. Pode-se dizer que ele colocou o Grêmio na decisão contra o Galo. Mas nem isso me anima. Aonde estão os jogadores do futuro?! Bérgson, Gerson, Newton e Saimon pelo lado tricolor. Nenhum me encheu de esperanças. Tales, Bregalda e Forster para os colorados. Bocejei a partida inteira.

Deixando de lado algumas jogadas mais ríspidas, como um joelhaço no peito de um atleta gremista, nenhuma jogada com emoção. Até mesmo as penalidades foram "broxantes". É bem verdade que para o Inter, 13 jogadores não puderam ser escalados, pois foram chamados para integrar a equipe B, que já iniciou a pré-temporada visando o Gauchão 2010. Mas pelo andar da carruagem, nem que pusessem todos em campo, melhoraria a situação.

Enfim, de duas, uma: ou o Campeonato Brasileiro Sub-20 está fadado a se resumir em penaltis ou estamos nós fadados a aturar mais alguns anos de estrangeiros no time principal. Eu quero votar na primeira opção, mas a segunda me parece mais real.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Não vendemos craques

O Internacional comemorou seus 100 anos de história na noite desta quinta-feira. Um mega evento, com shows de artistas conhecidos e uma estrutura de se invejar. Porém, no futebol, ninguém desembarcou no Aeroporto Salgado Filho. Ou seja, as festas estão uma beleza, mas dentro de campo segue tudo na mesma. Aliás, tenho minhas dúvidas com relação a estes gastos para organizar o Show do Centenário. Não gostaria de ver o Inter, daqui a alguns meses, tendo de se desfazer de jogadores para pagar as contas da festa desta quinta-feira.

Mais ou menos o que acontece com o Grêmio de hoje. Na verdade, a dívida do Tricolor não é exatamente referente a um espetáculo de som e luz. Provém de uma parceria mal sucedida. Em 2000, Grêmio e International Sport Leisure, mais conhecida pela sigla ISL, firmaram um acordo para explorar o marketing gremista. Em contrapartida, o clube gaúcho receberia uma prestação destinada à aquisição de jogadores, pagamento de despesas, de infraestrutura e custeio. A intenção era perdurar por 15 anos esta parceria.

Era o time dos sonhos sendo montado. Começaram a desembarcar no estádio Olímpico jogadores do quilate dos argentinos Amato e Astrada, Paulo Nunes, que voltava do Palmeiras, e Nenê (foto), recentemente campeão brasileiro com o Corinthians. No entanto, a empresa acabou pulando fora da jogada, deixando a conta bancária ao clube gaúcho. Naquele ano o Tricolor ainda emperraria diante do Caxias, na final do Gauchão. Quem pagaria a conta?

Bom, na teoria, o Grêmio pagaria. Na prática, as despesas virariam uma bola de neve sem fim e tamanho. Prova disso são as grandes vendas que o Tricolor tem feito nos últimos tempos. Em 2006, o Imortal trouxe do Ipatinga, campeão mineiro daquele ano, o zagueiro William. Depois de duas temporadas estupendas com a camisa azul, William foi doado ao Corinthians. Tudo por conta da dívida ainda pendente do período ISL, quando Nenê foi contratado. Agora, a mais nova perda que o Grêmio será submetido é a do também zagueiro Léo. Revelado pelo clube em 2008, o defensor era dado com uma das grandes promessas do Olímpico. E a notícia que recebemos é que será simplesmente trocado pelo brigão Maurício, ex Palmeiras.

Para quem não lembra, Maurício foi o atleta que trocou tapas com Obina, no jogo contra o Grêmio, neste Brasileirão. E por que o próprio Grêmio o contrataria agora?! Bom, na verdade o clube gaúcho não está interessado em se desfazer de Léo ou adquirir Maurício. Simplesmente quer abater a dívida de quase R$ 8 milhões, também dos tempos de ISL. O valor é referente à compra de Paulo Nunes, repatriado do Palmeiras naquela época. Então, o zagueiro gremista seria uma moeda de troca na negociação.

Veja bem, são duas pérolas que poderiam estar indo para a Europa e enchendo os cofres do Grêmio. Bolívar, do Inter, por exemplo - que não chega a ser um zagueiro clássico - foi vendido por R$ 11 milhões ao Monaco, da França, em 2006. Realmente, quando José Alberto Guerreiro, então presidente gremista, mandou estender uma faixa "Não vendemos craques", ele sabia o que dizia. O Grêmio não vende, doa seus craques.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Descanse em pança

Foto: Retirada de www.geraldinos.wordpress.com

Faça um exercício de memória. Tente lembrar a escalação do Grêmio campeão do Mundo em 1983. Logo em seguida, escale a equipe campeã da Libertadores da América em 1995. Bom, se você não conseguiu, não precisa se preocupar. Procure por algum quadro que tenha a foto dos campeões. Certamente você lembra de todos os atletas que compõem a imagem, mas esqueceu de listar o famoso massagista Banha.

Alvaci Silva de Almeida, ou simplesmente "Banha", mora na lembrança de todo bom gremista - ou mero fã de futebol. Basta olhar para o seu biotipo para entender o porquê do apelido. Basta vislumbrar as fotografias das grandes conquistas do Tricolor Gaúcho para que ele apareça. É daqueles que, por competência ou coincidência, sempre estiveram presentes nos momentos históricos do clube. Pode ser comparado ao presidente Fábio Koff, por que não?! Libertadores de 95 e Mundial de 83, lá estava ele.

Pois nesta quinta-feira, 17 de dezembro de 2009 (justamente a data em que o rival Inter comemora os três anos de seu Mundial Interclubes), o Grêmio se enluta pela perda de uma das figuras mais carismáticas de sua história. Banha chegou no Grêmio no dia 1º de julho de 1964, quando tinha 21 anos. Ele era responsável pelo relaxamento muscular da categoria juvenil. Depois assumiu o posto de massagista da equipe principal, acompanhando os atletas durante as décadas de 80 e 90. Por motivos de saúde, abandonou a função no final da década de 90. Mas já havia escrito seu nome no imaginário do esporte sul-riograndense.

O ex massagista estava internado desde o dia 7 de dezembro no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, com tosse e falta de ar. Segundo informações da família, seu estado de saúde piorou no sábado e ele foi levado para o CTI em coma induzido. Banha teve duas paradas cardíacas. Justamente o seu coração, que tanto amou o Grêmio e o fez, mesmo doente, acompanhar de perto as emoções dentro de campo, acabou o levando. Surrado de tanto sofrer com os gols na prorrogação de Renato Portaluppi, com a bomba de pé direito de Aílton e com as cabeçadas de Jardel, o coração resolveu descansar para sempre.

Há quem diga que atrás de grandes homens sempre existem grande mulheres. Porém, se tratando de futebol, atrás de grandes jogadores sempre existirão grandes massagistas, roupeiros, etc (vide a foto da conquista mundial de 1983, que ilustra esta crônica). Descanse em paz, Banha.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Do inferno ao Reino dos Céus

Foto: Capa do livro (Divulgação)


Que belo Natal os colorados poderão ter neste 2009! Não por causa dos títulos - até porque não foram muitos. Muito menos porque se trata do ano do Centenário do clube, pois na minha opinião isso não passa de uma data simbólica. Agora, para comemorar o 25 de dezembro, dando e recebendo presentes, serão inúmeros os torcedores que irão ganhar um livro. Tudo isso porque, para os amantes da literatura esportivo (ou simplesmente do clube de futebol), foram escritas duas pérolas neste final de ano.

Ainda na semana passada, o ex jogador Falcão lançou "O time que nunca perdeu". O título da obra parece ficção-científica, parece soberba, enfim. Mas não. Paulo Roberto Falcão, atualmente comentarista esportivo, resolveu colocar no papel as histórias daquela equipe do Internacional que, em 1979, alcançou um feito talvez nunca mais atingível: Campeão Brasileiro de forma invicta. Ou seja, realmente, nunca perdeu. Portanto, de pronto, já bastaria para presentear um torcedor colorado.

Não bastando, a última terça-feira serviu de lançamento para mais uma obra literária. "De Belém a Yokohama", escrita por Fernando Carvalho. Pois o nome do livro serviria para emocionar qualquer colorado. Mas ele é a síntese da volta por cima do Inter. Um clube destroçado após as perdas das Libertadores de 1980 e 1989. Aniquilado após os títulos mundial e continental do arquirrival. Envergonhado após quase 10 anos de nada. Pois foi exatamente assim que o autor do livro chegou à presidência do clube da Beira do Rio. Em 2002, tomou posse de um clube que havia conquistado seu último título importante há exata uma década. Para piorar a situação, colocou as mãos em uma bomba, de cofre vazio. Parecia ser apenas mais um presidente. Mas não! Fernando Carvalho trazia na lembrança justamente a equipe de Falcão e Cia, do "time que nunca perdia". Queria transformar o seu Inter no velho Colorado.

No primeiro ano de mandato, foi à porta do inferno. Escapou do rebaixamento na última rodada do Brasileirão, vencendo o Paysandu fora de casa. E a partir daí começou a galgar algo a mais. Trouxe nomes desconhecidos (ou até mesmo desacreditados), do futebol nacional, prometendo o Reino dos Céus. Cercou-se de Clemer, Alex, Fernandão, investiu nas categorias de base e alcançou o ápice. Entregou o cargo de presidente no final de 2006, com o Inter Campeão do Mundo. Quem em sã consciência arriscaria dizer, nos idos de 2002, que aquele clube desesperançoso chegaria aonde chegou? Certamente ele, somente ele.

E agora, guiando o Inter no ano de seu Centenário, Fernando Carvalho tem o prazer de compartilhar suas histórias com outros torcedores. Contando os bastidores do purgatório e os segredos do Paraíso. É bem verdade que em alguns momentos ele deu o passo maior que a perna. Também não é mentira que por vezes faltou-lhe a humildade de perceber que seu clube não era tão invencível assim. Mas, de erros e acertos é construída a imagem de um homem. E seguirá sendo assim rumo a 2010 - quem sabe o primeiro capítulo de um novo livro.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Time de compadre


Foto: Arquivo (Site Avaí)

Depois de apresentar o técnico Jorge Fossati, o Inter parte em busca de reforços. Perguntado sobre possíveis indicações para reforçar o Colorado em 2010, o técnico uruguaio disse que até agora não discutiu tais assuntos com a diretoria gaúcha. Especulou-se que com ele viriam o lateral Reasco e o atacante Claudio Bieler, ex LDU, além de algumas revelações do futebol uruguaio. Porém, não passaram de boatarias. A verdade é que a cota de indicações do novo comandante já estourou. Com ele, desembarcarou em Porto Alegre a sua equipe particular, de auxiliares técnicos e um preparador físico. Portanto, acho que Fossati não está no seu direito de apresentar nomes para defender o Inter na próxima temporada. Até porque, qualquer indicação seria um estrangeiro, e de forasteiros o Colorado está cheio.

Agora, quem, pelo jeito, tem carta branca para indicar jogadores é o novo técnico gremista. Silas trouxe consigo para Porto Alegre apenas o irmão, que será seu auxiliar em 2010. Quando chegou ao estádio Olímpico, encontrou o circo armado. Preparador físico contratado, equipe montada e algumas dispensas a fazer. São as sobras do período Paulo Autuori, que deixou seu trabalho incompleto - ainda bem, para alguns!

Acontece que desde que foi apresentado, Silas é indagado sobre se irá mostrar alguns nomes à diretoria gremista. E pelo jeito vai. O treinador teve uma bela passagem pelo Avaí. Subiu o clube para a primeira divisão do futebol brasileiro, conquistou o campeonato catarinense e manteve-se na elite. Chegou a beliscar uma vaguinha na Libertadores, mas aí era pedir demais. Mesmo assim, Silas foi "endeusado" na Ressacada. Até uma cópia sua, em formato de boneco, ele ganhou! Tirou leite de pedra, como dizem por aí. Fez de Marquinhos, Muriqui e William as revelações do Brasileirão. Nas mãos dele, por exemplo, o goleiro Eduardo Martini se transformou em titular indiscutível.

Agora, quero sinceramente acreditar, que a direção do Grêmio não crê que ao trazer o treinador avaiano e alguns de seus comandados, terá sucesso. Tiro por base a própria campanha do clube catarinense. Veja bem, o Avaí terminou o Campeonato em 6º lugar, com 57 pontos. Imagine o Tricolor Gaúcho terminar 2010 nesta posição. Seria agradável? E nem falo em Copa do Brasil, porque o Avaí não disputou esta competição em 2009. Criciúma e Figueirense foram os representantes de Santa Catarina.

Pois bem, ao fazer desembarcar Ferdinando, Marquinhos e mais alguma meia dúzia de jogadores avaianos, o Grêmio não pode achar que está se reforçando para o ano que vem. Sendo assim, podemos ter a reedição das "ovelhinhas" no estádio Olímpico. Tomara que não!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O craque imortal


Nunca fui fã de despedidas. Tudo bem, despedidas de solteiro, despedidas de turma de colégio, despedida antes de viagem... Tudo isso é válido! Agora, pagar para ver um jogador de futebol anunciar que vai pendurar as chuteiras nunca me agradou. Até porque tem todo aquele fiasco de "Amigos do Fulano", que escala uma dúzia de ex jogadores, que quebram toda a magia que era vê-los jogar antigamente. É como se você fosse ao Maracanã assistir a uma partida dos Amigos de Pelé, ansioso para ver os lançamentos de Tostão e os dribles de Pelé, como se eles estivessem no auge de 1970.

Por isso mesmo, nem preciso dizer o que pensei quando começaram os boatos sobre a despedida de Danrlei. Ainda mais depois que foi noticiada confirmação de Romário no time dos Amigos do goleiro. Romário simplesmente é o Rei das Despedidas. Somente para ele mesmo foram feitas dezenas de festas. Então, acho que eu tenho meus motivos para ter ficado com um pé atrás.

No entanto, confesso que quando vi a escalação dos campeões da Libertadores de 95, voltei no tempo. Escalei novamente aquele time do Felipão: Danrlei, Arce, Rivarola, Adílson e Roger; Dinho, Goiano, Arílson e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel. Agora imagine para àqueles que não tiveram o prazer de assistir de perto esta verdadeira seleção. E analisando por este lado, entendo o porquê de 30 mil pessoas no estádio Olímpico. Tudo foi mágico.

Bem que o time adversário tentou estragar a festa, saindo na frente do placar. Mas não podia ser diferente. Com a velha garra de sempre, o Grêmio de 95 conseguiu equilibrar o jogo e empatou de uma maneira estupenda. Lançamento nas costas da zaga, Mazaropi saiu do gol e espantou a bola. Paulo Nunes recuperou, foi à linha de fundo e cruzou para Jardel. Pois Jardel, trajando a 16, de cabeça, atirou a bola para o fundo das redes. Foi a explosão da massa azul. Pensei nas milhares de crianças e adolescentes que só viram Jardel através de vídeos e realmente me emocionei. Estava ali o flashback daquele período mágico. A torcida fez a avalanche e estava feita a pororoca. Era o encontro da nova geração com a geração mais vencedora da história tricolor. A partir dali foi mera formalidade. A festa estava completa.

E não importa se Carlos Miguel está gordo demais, se o próprio Jardel está meio barrigudinho, se Dinho está mais careca do que nunca, enfim. A história teve o seu ponto final. Parabéns a todos os gremistas. Maneira perfeita de se encerrar a carreira. Imagino como Danrlei não se sentiu ao ser ovacionado quando saiu de campo. Aliás, como diz um amigo meu, fanático pelo Imortal, Danrlei é a múmia do estádio Olímpico. E não por velhice, mas porque em 10 anos de carreira no Grêmio conseguiu 14 faixas de campeão. Carreira vitoriosa como poucos. Não pode, sinceramente, ser eleito um exemplo de pessoa, mas como ídolo, certamente está em um dos altares do torcedor azul. E dizer que o hino do Grêmio exalta Eurico Lara...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ame-o ou deixe-o


Foto: Alexandre Lops (Assessoria Internacional)

Desde que Abel Braga saiu do Inter, o torcedor colorado ficou órfão. Aliás, Abelão nem era uma unanimidade no Beira-Rio, mas conquistou a massa vermelha com as conquistas dentro de campo. Depois dele passaram pelo comando colorado Gallo, Tite e Mário Sérgio. Dos três, apenas Tite teve um trabalho desenvolvido por mais tempo. Porém, em todo período que liderou o Inter, foi cercado de acusações de "gremismo", que de certa forma foram até injustos frente àquilo que ele proporcionou ao clube. Foi-se embora, a meu ver, tarde demais. Mas fez um trabalho razoavelmente bom.

Porém, para 2010 - ano em que o clube quer pintar o Mundo de rubro novamente -, o Inter ainda busca o seu comandante. Luxemburgo era o sonho da diretoria que, ainda bem, acabou não se confirmando. E digo ainda bem porque tenho visto as coisas que cercam Vanderlei nos últimos anos e percebo que ali já não existe um treinador de futebol. É um empresário, um manager, um tudo - menos professor! Pois terminado o namoro com o Luxa, a torcida começou a entoar o retorno de Muricy Ramalho a Porto Alegre. Mas ao lembrar de quem saiu daqui chorando mágoas de que precisava estar em São Paulo para ficar perto da família, não vejo avanços em Muricy. Apenas retrocesso.

Agora me aparece este tal de Jorge Fossati. Sinceramente, não lembro dele. Dizem que ele comandou a LDU na conquista da Recopa e Sul-Americana. Eu só lembro dos equatorianos primos de Bolaños que corriam endiabrados pela altitude de Quito. Dizem que por lá ele reorganizou o time que foi campeão da Libertadores no ano passado. Confesso que não sei e nem vou dar meus palpites. Mas, como não me aguento, darei meu pitaco nesta contratação colorada. Acho um erro o que o Inter vai fazer. Não por contratar o tal treinador uruguaio, mas por importar do Exterior uma esquadra de auxiliares e preparadores físicos. Ele bem que pode ser um grande treinador. No entanto, exigiu da direção colorada que só irá para o Beira-Rio se junto com ele desembarcar uma equipe particular de profissionais. Ora, por muito menos que isso a negociação com Luxemburgo melou. O Mister Brasileirão, como chegou a ser chamado no centro do país, queria trazer um elenco de novela para trabalhar junto com ele no Inter. É assim que ele age em todos os clubes que atua. E certamente o fará agora pelo Atlético-MG. O grande problema nisso tudo é que os clubes, ao contratar estes cidadãos, tem de se desfazer de escudeiros leais.

Luxemburgos adentram o vestiário despedindo do lavador de calções ao preparador físico. E, convenhamos, o preparador do Inter é Fábio Mahseredjian - profissional trazido do Fluminense, derrotado na finalíssima da Libertadores em 2008. Até mesmo da Seleção Brasileira Fábio tem o aval. Por que não terá do Inter? Quem o Inter pensa que é? Ou melhor, quem Fossati pensa que é?
Inclusive, da própria Seleção vem o maior exemplo de todos. Paulo Paixão, agora contratado pelo Grêmio, defendeu as cores vermelhas na primeira metade dos anos 2000. Atuou ao lado de diversos treinadores: Ivo Wortmann, Muricy Ramalho, Guto Ferreira e Abel Braga. Isso porque o clube apostou no profissional da área e não nas indicações do novo treinador. Tomara que o Inter não dê um passo para trás.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O pagador de promessas

Foto: Arquivo S.C.Internacional (Silas no detalhe)

Vamos dedicar mais um capítulo ao novo comandante gremista. Silas se apresentou ainda ontem no estádio Olímpico, ainda está naquele período de conhecimentos. Visitando vestiários, banheiros, olhando o gramado por cima das arquibancadas, enifm. Todas aquelas coisas que faz um novo funcionário de empresa: se aclimatando. Porém, Silas não terá o deslumbre que outros poderiam ter. Pelo menos não deveria. Silas já pisou no Olímpico, ainda nos tempos de jogador. Para quem não sabe, sim, ele foi boleiro. Surgiu em 1985, defendendo um tricolor. No São Paulo atuou por três anos, até rumar para o Sporting de Portugal. Foi para a Itália e retornou ao Brasil para os braços de uma torcida. Uma tal torcida colorada.

Silas chegou em 1992 a Porto Alegre como um dos principais nomes do Inter, para buscar o inédito título da Copa do Brasil. O arquirrival do Colorado, o Grêmio, já havia conquistado o caneco na primeira edição do torneio, em 1989. Um ano antes havia batido na trave, perdendo a finalíssima para o Criciúma de Felipão. O Inter precisava devolver na mesma moeda. Por isso trouxe Silas. E deu certo! Não foi exatamente o maestro do meio-campo. Na verdade, na final contra o Fluminense, por exemplo, atuou apenas no segundo tempo, e na partida do Rio de Janeiro, quando adentrou o lugar de Marquinhos. Mas fez parte do grupo campeão, que, inclusive eliminou o próprio Grêmio nas quartas-de-final. É bem verdade que Silas por pouco não virou um ídolo da torcida gremista quando, em 1995, por pendências financeiras, fez com que o Inter ficasse por 24 horas entre as equipes que disputariam a Série B. Mas o Colorado pagou o que devia e a FIFA voltou atrás.

Mas, como o mundo dá voltas, Silas agora veste azul. E, na sua apresentação como treinador do Grêmio declarou que a prioridade é a conquista da Copa do Brasil de 2010. Depois de devolver o Avaí à Primeira Divisão Brasileira, Silas tem a missão de colocar o Grêmio na Libertadores e, quem sabe, conquistar o tri da América, o bi do Mundo, enfim. Porém, antes mesmo de sonhar, o comandante terá de fazer o mesmo que fez com a camisa vermelha: conquistar o Brasil. Só assim ele pagará sua dívida, cumprindo a promessa.

O grande problema é que de promessas o povo brasileiro está cheio. É de políticos, de treinadores de futebol e de mulheres. Queremos ver o trabalho. No entanto, fechando a entrevista coletiva de ontem, Silas declarou o seguinte: "Não me sinto à vontade dando entrevistas. Prefiro estar no campo. Não vejo a hora de começar a pré-temporada". Amigos, a pré-temporada será em Bento Gonçalves e, como se não bastasse, farei a minha promessa. Ao me encontrar com Silas, a primeira pergunta que farei é: Professor, o senhor pretende pagar a dívida com a torcida tricolor e conquistar a Copa do Brasil em 2010?

Promessa é dívida. Devo, não nego. Pago quando puder.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Comandante do futuro


Foto: Wesley Santos (Press Digital)

O Grêmio saiu na frente. Sabe como é, na briga eterna entre colorados e gremistas, o Tricolor saiu em vantagem - pelo menos no quesito treinador. Anunciou seu futuro comandante ainda no domingo, logo após o Flamengo conquistar o título nacional. Pois hoje desembarcou o "professor". Paulo Silas do Prado Pereira. Mais um Paulo na vida do Grêmio. Mais um gentleman. No entanto, espera-se que este Paulo não repita os erros e a soberba do Autuori.

É uma aposta. E nada mais que isso. Começou a trabalhar em 2007, como auxiliar técnico do Zetti, no Fortaleza. No ano seguinte, migrou para o Avaí, onde virou ídolo. Retirou o clube catarinense de uma fila de vinte e tantos anos. Aliás, antes de Silas, falar no futebol catarinense era citar Criciúma, Figueirense, enfim. Poucos lembravam do Avaí. E mesmo assim, complementavam: "o time do coração do tenista Gustavo Kuerten".

Porém, a vitória do Grêmio sobre o Inter foi uma vitória sobre o restante do Brasil. Silas foi uma das grandes surpresas do Brasileirão. Enquanto medalhões como Muricy Ramalho, Vanderlei Luxemburgo e Celso Roth afundaram em meio ao campeonato, Silas fez milagres com sua modesta equipe. Por conta disso, foi eleito o segundo melhor treinador do certame, ficando atrás apenas do campeão Andrade. Por essas e outras podemos avaliar a contratação de Silas como a jogada de fim de ano. Ainda mais aliado ao retorno de Paulo Paixão - outro Paulo na vida do Grêmio.

Acontece que o acerto com Silas me recorda 2008. Quando Mano Menezes deixou o estádio Olímpico, alguns gremistas choraram escondidos. Outros comemoraram quando Vágner Mancini foi contratado. Ele, que vinha de um campeonato surpreendente com o Vitória, da Bahia, desembarcou em Porto Alegre representando a "nova geração" de treinadores do país. Pois se passaram dois meses para que a paixonite da direção gremista caísse por terra. Mancini foi acusado de imprimir um futebol plástico que não combinava com a garra Tricolor, de não ter a cara do Grêmio, e até mesmo de tomar chá no vestiário - o que não seguia o perfil histórico dos treinadores gremistas. A torcida lembrava de Mano e Felipão, olhava para Mancini e o chamava de "mariquinhas". Pois Silas me lembra muito, e não só por causa da camisa para dentro das calças, o Vágner Mancini que desembarcou em 2008.

Tomara que me queime a língua. Que o time do Grêmio fique redondo e aguerrido, que desembarquem junto com Silas uma lista de opções de atletas com condições de vestir a camisa do Grêmio, e não do Avaí. Enquanto isso aguardamos o anúncio oficial de Jorge Fossati pelo lado vermelho. Quem se dará melhor: Silas ou Fossati? A resposta só em 2010.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O alento futuro


Foto: Filipe Duarte (Rádio Viva News)

Bom, o Brasileirão terminou. Não da forma que os colorados queriam. O título realmente ficou nas bandas cariocas. Aliás, o ano do Centenário não seguiu exatamente a linha projetada lá no início do ano. Recentemente estiveram em Bento Gonçalves um grupo de representantes colorados para assinar a pré-temporada do clube. E deste encontro podemos tirar dois assuntos, ambos de declarações do Sr. Gelson Tadeu de Oliveira Pires, vice-presidente de Comunicação Social.

A primeira frase é a seguinte: "Este ano o Inter foi o time que mais jogou. Disputamos seis campeonatos!". O que é pura verdade. O Colorado participou do Gauchão, Copa do Brasil, Recopa, Brasileirão, Suruga e Sul-Americana. Mas, também me lembro que ainda lá em janeiro deste ano, Fernando Carvalho berrava no vestiário do Beira-Rio que queria erguer todas as taças que o Inter disputasse. Pois bem, para alguns foi levado como sacrilégio, para a torcida colorada não. Era o sonho do Centenário. E o que houve? Vieram apenas duas taças (e, convenhamos, as mais fraquinhas delas: um Campeonato regional e um torneio disputado contra o campeão japonês). É verdade também que o Inter bateu na trave em três certames, ficando com o vice-campeonato. Isso não serve de alento para mim, mas já basta para considerar que em ano de Centenário, que geralmente traz má sorte, já é grandes coisas. Veja o caso do Coritiba - 100 anos comemorados na Série B, abaixo de pancadaria.

Mas este não é o fator principal. Relatei tudo isso até agora simplesmente para chegar na outra fase de Gelson: "No ano que vem seremos bicampeões da América e do Mundo!". Aliás, estas palavras servem de ressonante à profecia do presidente Vitório Piffero. Por várias vezes, Piffero sobe nas tamancas, esquece o seu cargo e superestima o seu clube. Porém, na última semana, ele atirou no ventilador certas coincidências que valem a pena serem discutidas.

Em 2005 o Internacional terminou o Campeonato Brasileiro em segundo lugar. Igualmente a este ano, chegou até a última rodada com chances de título - que acabou ficando nas mãos do Corinthians. Alguns meses antes, na disputa da Copa do Brasil, foi eliminado pelo Paulista de Jundiaí (que viria a se sagrar campeão). Em 2009, o Inter também foi eliminado pelo campeão da Copa do Brasil - até porque perdeu na decisão. Um ano depois, foi campeão da América e do Mundo - agora pasme - em ano de Copa do Mundo! Ou seja, exatos quatro anos depois, o Inter retorna ao cenário continental carregado pelas coincidências.

E para quem gosta dessas semelhanças, aí vai mais uma: em 2006 o Boca Juniors não se classificou para a disputa da Libertadores. Em 2010, mais uma vez, ele não se fará presente. Aliás, nem só de coincidências vive o homem, mas também de argumentos. A LDU, candidatíssima ao título sul-americano, acabou sendo eliminada na noite de ontem pelo Emelec. Os atuais campeões da Recopa cairiam no grupo do próprio Inter. Pois agora, caberá ao Colorado enfrentar Cerro, do Uruguai, Deportivo Quito, e Emelec, do Equador, ou algum clube argentino. Quer grupo mais fácil que este? Até parece aquele de 2006, com Maracaibo, Pumas e Nacional do Uruguai.

Bom, no andar da carruagem, os principais adversários do Internacional serão os brasileiros. Flamengo, Corinthians, Cruzeiro e São Paulo vêm de temporadas mais animadoras. Basta o Colorado se reforçar e parar de vender jogadores que o caminho das Américas parece estar bem traçado. Só resta saber se haverá um novo Gabirú.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fim da loucura


Foto: Jornal O Globo


Há um veredicto popular que diz: "Louco rasga dinheiro". Pois este Campeonato Brasileiro não necessariamente rasgou, mas, com certeza, é a edição mais maluca de todas na Era dos pontos corridos. Ninguém, ainda lá em março e abril, acreditaria nas sentenças deste domingo. Dentre todas as surpresas que o Brasileirão apresentou, apenas uma verdade: Celso Roth é dono de um cavalo paraguaio, sim senhor!

Pois pegue a tabela de classificação das primeiras rodadas. Inúmeros matemáticos apontavam o Fluminense como rebaixado para a Série B. Nada nem ninguém apostava em uma reação. E Cuca fez a revolução e conseguiu tirar o Tricolor Carioca do buraco na penúltima rodada em uma ascenção incrível. Em contrapartida, quem desceu foi o Coritiba que, em uma partida que, com certeza e infelizmente, entrará para a memória do futebol brasileiro pelas cenas de guerra civil.

Na parte de cima da tabela, Cruzeiro e Palmeiras realizaram seu capítulo à parte. O Palmeiras chegou a liderar o campeonato por uma boa parte e com certa diferença de pontos. No final das contas, sequer a vaga na Libertadores da América foi alcançada. Já o Cruzeiro, que nunca integrou o G-4, comprou uma passagem de última hora. Mais acima, o Sâo Paulo assumiu o primeiro lugar da competição, dando indicativos de que repetiria a mesma campanha de 2008. Porém, a continuidade se mostrou surpreendente. O Flamengo, que jamais havia liderado a tabela, assumiu o topo na penúltima rodada e conquistou o hexacampeonato.

Enfim, a maior loucura de todas foi o que os últimos minutos do certame nos apresentou. Contrariando todas as regras, os reservas do Grêmio iniciaram a partida contra o Flamengo, em um Maracanã lotado, balançando as redes. Instantes depois os rubros-negros empatariam o placar mas, mesmo assim, os gremistas estavam presenteando o maior arquirrival com o título brasileiro. Enquanto o Internacional goleava o Santo André, a torcida sentia mais os gols do Rio de Janeiro do que os de Porto Alegre. Para ser mais explícito, o Colorado chegou a ser o campeão de 2009 por 1 hora e 10 minutos. Mas, como o Brasileirão estava fantasiado de "Chapeleiro Maluco", as coisas se inverteram e o Flamengo foi o grande vencedor.

Para finalizar, a disussão que se faz todo fim de ano é sobre a cor do Papai Noel. Azul do Grêmio ou vermelho do Inter? Pois este ano o Velho Batuta parecia estar travestido de tricolor, mas por pouco não entregou o presente na lareira colorada. Fica-se agora na expectativa pelo ano que vem. Que venham Copas do Brasil e Libertadores da América, Campeonatos Brasileiro e Gaúcho. Seja como for, será muito difícil o ano de 2010 ser mais surpreendente do que 2009. Veremos...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Operação Desmanche


Foto: Lucas Uebel (Vipcomm)

Durante esta semana gastamos nossa lábia falando sobre a partida entre Grêmio e Flamengo. Pauta de esquinas, botecos, padarias e programas esportivos, a polêmica classifica o Grêmio como o grande vilão do Campeonato Brasileiro. Inclusive, o Palmeiras pretende acionar a CBF se o Tricolor utilizar os reservas. Agora, muitos esquecem que, mesmo que quisesse, o Grêmio teria uma tarefa árdua ao encarar o Rubro-Negro em um Maracanã lotado, sedento por título. Tamanha proeza, somente o Grêmio de Paulo Nunes e Cia, nos idos de 97, conseguiu, ao barrar o Fla de Romário e Sávio na finalíssima da Copa do Brasil.

Porém, como culpar o clube gaúcho por todos os males que atingirão Internacional, Palmeiras e São Paulo? Por acaso, foi a diretoria gremista que vendeu o elenco colorado durante a competição? Veja, meu amigo, que o Inter iniciou o Brasileirão deste ano utilizando seus reservas. De quatro partidas, venceu as quatro. Todas com os reservas! Isto é a prova de que o Colorado tinha grupo, elenco. Entre os jogadores continuamente escalados por Tite, estavam Alecsandro, Giuliano e Danilo Silva. E agora, em reta final de certame, os três viraram titulares. Por quê? Simplesmente porque a diretoria vermelha desmanchou seu próprio elenco. Edinho, Alex, Magrão e Nilmar. Quatro titulares foram enviados ao Exterior apenas com passagem de ida. Como contrapeso, foram trazidos Glaydson, Fabiano Eller, Edu e, das categorias de base, o garoto Marquinhos.

Enquanto isso, o Palmeiras, que perdeu Keirrison, trouxe Vágner Love. O São Paulo simplesmente não vendeu ninguém. E o Flamengo, que se desfez de Fábio Luciano, Ibson e do atacante Émerson, contratou Álvaro, Petkovic, Adriano Imperador e Maldonado. Ou seja, somente o Inter realizou a operação desmanche. Igual a ele, o Barueri vendeu o artilheiro da temporada Pedrão, ainda no início do campeonato. Portanto, quando Celso Roth disse que o Inter agiu como time pequeno no Mineirão, ele ainda foi generoso. O Inter age como time pequeno há um bom tempo, vendendo de balaio e comprando no atacado.

Alguém poderá dizer que em 2006 o Inter foi campeão da Libertadores e do Mundo, portanto não é clube inferior. Porém, eu trato de lembrar que o elenco de 2005, vice-campeão brasileiro, foi todo mantido e ainda reforçado com algumas outras contratações. E, para piorar a situação, já leio e escuto informações de que para 2010 o Inter pode perder o volante Sandro, que negocia com o Tottenham da Inglaterra, e o meia Andrezinho, que não foi procurado para renovar. Enfim, pelo que parece, no ano que vem, seguiremos assistindo a "Operação Desmanche". Boa sorte a todos!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Apaixonado por títulos


O Brasileirão 2009 nem terminou ainda e as especulações iniciam. Do lado gremista nada anormal - até porque o clube não tem mais chances de classificação e tem toda aquela polêmica que envolve o jogo contra o Flamengo neste domingo. Mas isso vamos deixar um pouco de lado. Enquanto as equipes pensam na última rodada, as diretorias já planejam 2010. No Inter, assuntos como as contratações de um treinador, a venda de Sandro e a permanência de Andrezinho. No Grêmio, a briga pelo atacante Leandro, as negociações com Silas e o empréstimo de Thiego ao futebol japonês. No entanto, de todas as notícias, a que mais me cativa é o retorno do preparador físico Paulo Paixão ao estádio Olímpico.

Ele que faz parte daquele seleto grupo de profissionais do mundo da bola que agrada a gregos e troianos (ou melhor, a gremistas e colorados). Não podia ser por menos, já que o currículo o vende para qualquer clube do planeta. Paixão ainda surgiu no Grêmio, na década de 90, quando fez parte da comissão vitoriosa comandada por Luiz Felipe Scolari. Inclusive, junto com Felipão, o preparador trabalhou no Palmeiras, onde conquistou a Libertadores de 99, e na Seleção Brasileira de 2002, quando levantou a taça da Copa. No entanto, Paulo Paixão amargurava o fato de nunca ter sido campeão do mundo de clubes. Chegou no Japão com Grêmio e Palmeiras, acabando derrotado por Ajax e Manchester United. Mas, quis o destino que ele vestisse vermelho em 2006, se sagrando mais uma vez campeão da Libertadores e, finalmente, campeão mundial com o Inter (foto).

Agora, chega aos meus ouvidos a informação de que ele estaria praticamente acertado com o Grêmio, de Duda Kroeff, para 2010. Sinceramente, acho difícil o Tricolor apresentar algum outro reforço, mesmo jogador, que represente mais otimismo ao torcedor gremista. Paulo Paixão é o símbolo de profissional vencedor e, com o perdão do trocadilho, é um apaixonado por taças. Pode estar chegando para dar o perfil tão sonhado pela direção azul. Não lembro de alguma notícia sobre frustração de clubes com o trabalho desenvolvido por ele. Até no CSKA Moscou, aonde esteve nestes últimos anos, Paulo deixou algumas marcas. No clube russo, com a presença de Daniel Carvalho e Vágner Love, Paixão encaixotou medalhas de campeão da Copa e Supercopa da Rússia.

Quem sabe ele não será o divisor de águas da geração "vacas magras" do Grêmio. Porém, terá que medir forças com a própria direção gremista, pé frio de carteirinha. Aliás, este é o grande dilema do Tricolor nos últimos tempos. Paulo Odone contratou Vágner Mancini, no início de 2007, convicto de que ele era o grande nome. Dias depois o demitia por não ter a cara do Grêmio. Celso Roth foi trazido como solução. Um ano depois foi demitido por Duda Kroeff por não ter perfil vitorioso. Paulo Autuori foi contratado como o salvador da pátria. Passados seis meses, fez as malas e voltou para o Oriente Médio. Queiram os deuses do futebol que a dupla Silas e Paulo Paixão não seja apenas uma onda de momento, ou estarei convencido que não basta ter um preparador físico apaixonado por títulos se a direção tem o "DNA da derrota".

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Novidade nenhuma


Confesso que sou um aficcionado por tabelas de jogos. Antes mesmo da bola rolar, procuro na tabela contra quem estreiam as equipes e contra quem elas encerram o certame. E, diga-se de passagem, quando olhei a tabela do Brasileirão 2009 e percebi que Flamengo e Grêmio estava marcado para a última rodada, matutei comigo mesmo: esse jogo pode decidir o campeonato. Não acreditava que os cariocas chegariam com chance de título na última rodada, mas apostei no Tricolor. Pensava que seria uma tarefa duríssima, enquanto que, para o arquirrival, bastaria passar pelo recém elitizado Santo André dentro do Beira-Rio. Cheguei a concluir que o Inter estaria beneficiado com a rodada final. Porém, bastaram os colorados vencerem o Sport Recife no domingo e se garantirem na briga pelo título, para que eu fizesse um "flashback".

Durante toda esta semana não se falará noutra coisa senão o confronto entre Grêmio e Flamengo no Maracanã e o modo como o clube gaúcho vai agir. Escalar reservas, juniores, fazer um pênalti com dois minutos de partida, enfim. Todas hipóteses já foram levantadas, menos a de que os gremistas entrarão em campo para vencer. Até porque, se o fizerem estarão entregando as faixas ao rival histórico. Mas, para quem pensa que isso será uma novidade na vida tricolor, se engana. Durante a sua história centenária, a rivalidade Gre-Nal já pregou peças nos dois clubes. E, para quem não lembra, o Grêmio já entregou duelos para prejudicar seu arquirrival.

Muito semelhante ao que se vive hoje, na Taça Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, de 1967, chegava-se à última rodada do quadrangular decisivo. Depois de vencer o Corinthians por 3 a 0, o Internacional vivia a expectativa de se sagrar campeão. No entanto, dependia de uma vitória do Grêmio sobre o Palmeiras, em São Paulo. Não deu outra, o Tricolor foi derrotado por 2 a 1 e o Verdão entraria para a história como o campeão daquele ano. Já no Brasileirão de 1996, o Inter chegou à última rodada com chances de se classificar entre os oito melhores. Enfrentaria o já rebaixado Bragantino fora de casa, enquanto o Grêmio recebia o Goiás dentro do estádio Olímpico. Pois o Bragantino fez o crime, vencendo por 1 a 0 gol de Esquerdinha, mas bastava um tropeço do Goiás contra o Tricolor. Que nada! Os goianos venceram a partida por 3 a 1 e, no final, um avião sobrevoou Porto Alegre com os dizeres: "ELES ESTÃO FORA DE NOVO!". Pior para os vermelhos que ainda assistiriam o Imortal se sagrar bicampeão nacional no final daquele ano.

Portanto, não quero terminar com as esperanças do torcedor colorado, mas realmente é muito difícil achar que o Grêmio possa empatar com os rubro-negros, sabendo que pode dar o caneco ao eterno rival. Cabe ao Inter terminar o campeonato com vitória diante de seu torcedor e se preparar para a disputa da Libertadores da América de 2010. Afinal de contas, a rivalidade é isso, meu amigo. O dia em que o Grêmio contribuir para um título colorado, o futebol deixa de existir.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Campeonato Napoleônico


Sem dúvidas é o Campeonato Brasileiro mais louco que já vimos na Era dos Pontos Corridos. Alguns dizem que é o mais emocionante de todos, mas não sei se podemos classificá-lo desta maneira, vide o que a última rodada nos apresentará. Confesso que, assistindo à partida do Internacional contra o Sport cheguei a duvidar do próprio colorado. Por relances, acreditei que o Sport faria o crime. O que seria um desperdício já que para os pernambucanos tanto fazia vencer ou não, enquanto que o Goiás fazia o favor do ano, batendo o multicampeão São Paulo no Serra Dourada. Eis que o Inter ressurgiu, mais na raça do que na técnica, e vira o placar na Ilha do Retiro. O resultado recolocou o Inter na briga pelo título. No entanto, a maior curiosidade de todas: para levantar a taça, os colorados terão de torcer pelo arquirrival Grêmio. E qual a tarefa mais árdua: o Inter torcer pelo Grêmio ou o Grêmio jogar pelo Inter?

Pois não demorou muito para as torcidas darem amostras do que vai acontecer. Terminado o jogo contra o Barueri, no estádio Olímpico, a massa azul já gritava "Mengo! Mengo!". Em contrapartida, até o próximo domingo, inúmeros colorados juram amor eterno ao Tricolor. São as loucuras que apenas o futebol permite. Do lado gremista, permanece um rancor oriundo ainda do ano passado, quando o Inter foi derrotado pelo São Paulo, prejudicando o Grêmio. Do lado colorado, pedidos de dignidade para que o rival se imponha diante do Flamengo em um Maracanã lotado.

Dadas as proporções, eu até acredito que o expresso de Marcelo Rospide, mesmo jogando a todo vapor, não aguentaria a pressão carioca. Imagine 80 mil pessoas gritando "É campeão!". Alguém vai lembrar que o Grêmio calou o Mineirão ao empatar com o Cruzeiro e empatou com o Palmeiras no Palestra Itália. Ora, mas nenhum deles estava disputando a última rodada com condições de se tornar hexacampeão brasileiro. Aliás, à minha tese se junta o retrospecto do próprio Grêmio, que neste ano só venceu o Náutico fora de casa.

Portanto, ao falar de dignidade, o Internacional age como se fosse um prisioneiro de guerra, pedindo por mais alguns minutos de vida. Esquecem-se os colorados de que na guerra não há espaço para a piedade. E o que é o clássico Gre-Nal senão uma batalha constante? Portanto, resta para o Colorado é olhar pra si mesmo, vencer o Santo André, e terminar o Brasileirão como vice-líder. Até para que sirva de análise à direção: "aonde foi que nós erramos?". Seria até mesmo ingrato o Internacional, depois de tantos tropeços e tantas vendas prematuras, conquistar alguma coisa. Mas, como dissemos no início, este é o campeonato mais louco dos últimos tempos.

Não há dúvidas. O Grêmio vai se sacrificar para imolar o seu rival (e ainda com requintes de crueldade). Se acontecer o contrário, pegaria-nos todos de surpresa. Agora, se isso acontecer, se realmente o Grêmio vencer o Flamengo e ajudar o Inter a conquistar o título nacional, aí sim, aí o Brasileirão deste ano estará assinando o seu atestado de loucura. E eu quero ser internado junto!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ver para crer


Foto: Alexandre Lops (Assessoria S.C. Internacional)


Neste domingo, a partir das 17h, o Brasil vai parar de respirar por quase duas horas. Pelo menos os fãs de futebol. São quatro os jogos que estarão em observação. Em Campinas, teremos um duelo de gigantes. As duas maiores torcidas do Brasil (a massa rubro-negra e os Gaviões da Fiel). Dois atacantes consagrados: Ronaldo Fenômeno e Adriano Imperador. Será o duelo de titãs. A favor do Flamengo o fato de que o Corinthians não disputa mais nada, e também não quer que São Paulo ou Palmeiras levante a taça de campeão. Pode ter cheiro de tramoia. Mas, Mano Menezes acalma os demais postulantes: o Timão quer honrar a camiseta. Resta saber se a torcida quer o mesmo.


No Palestra Itália, duelo de kamikazes. O Atlético-MG de Celso Roth se confronta com o Palmeiras de Muricy Ramalho. Mais uma vez os dois treinadores entram em briga pessoal, agora por uma vaga na Libertadores da América. Ambos tiveram como algozes a dupla Gre-Nal na última rodada. Os paulistas tomaram um laço para o Grêmio, praticamente dando adeus às possibilidades de título. Já os mineiros perderam em casa para o Colorado, quando o cavalo paraguaio de Roth entrou em ação mais uma vez.


Outro duelo importante, e talvez o mais deles, se dará no estádio Serra Dourada. O Goiás, de Fernandão e Iarley, se confronta com o São Paulo, que busca o sétimo título nacional. Inclusive, no ano passado, o Tricolor se sagrou campeão justamente em cima dos goianos, em uma partida para lá de criticada. Agora, o clube Esmeraldino quer vingar o prórpio ímpeto e, ainda por cima, contribuir com o título de outro alguém. A ex dupla colorada já declarou que fará de tudo para entregar as medalhas para o Internacional. Porém, a última pergunta que fica no ar é se o Inter realmente quer ser campeão.


O próprio vice de futebol, Fernando Carvalho, conhece o histórico do seu clube. Chegar em uma fase decisiva, dependendo apenas de si mesmo, é difícil para o clube da beira do Rio. O Inter não sabe conviver com essa pressão. Aliás, parece que funciona melhor quando as causas são impossíveis. Ganhar do Barcelona, do São Paulo em pleno Morumbi ou bater a Inter de Milão, às vezes parece mais tranquilo do que enfrentar postulantes a Série B.


E eu não gostaria nem de citar, mas Bragantino em 1996, Coritiba em 2005 e principalmente o Olímpia na Libertadores de 1989 me fazem duvidar do Inter, antes mesmo de sonhar com algo. Aliás, o torcedor colorado se acostumou a ser um São Tomé. Precisa ver para crer.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Teoria flamenguista

Foto: Mauro Vieira - ClicRBS

Eu tenho uma teoria! Assim como zilhões de pessoas que se acham doutores em determinados assuntos e bolam teorias, eu tenho uma. Não é um plano mirabolante e complexo, tal qual as teorias de Albert Einstein. Também não é uma descoberta de se gritar "Eureka!". Mas já serve para convencer os meus amigos e mais chegados sobre qual time será o campeão brasileiro de 2009. E hoje, finalmente, decidi colocar minha bochecha à disposição de tapas. Que me desculpem os colorados, eu até torço para que seja o Inter o campeão, mas minha teoria não me deixa sonhar. E, por incrível que pareça, tem feito com que alguns amigos meus, colorados, se dêem conta de que o título não passa de um sonho. Pois bem, vamos a ele.

Atualmente, o Internacional possui 59 pontos na tabela de classificação - apenas três a menos que o São Paulo. Portanto, mediremos as qualificações do time gaúcho para que, em duas rodadas, ultrapasse o seu rival. Consideremos os adversários de ambos. Os comandados de Mário Sérgio terão pela frente duas equipes rebaixadas. Só por isso, já poderíamos decretar o expresso vermelho amplo favorito ao caneco. No entanto, não esqueçamos que o Inter tem uma desvantagem de três pontos. Mas, voltando à análise, não acredito que Sport Recife e Santo André possam oferecer alguma dificuldade. Aposto em duas vitórias coloradas. Sendo assim, com mais seis pontos, o Internacional terminaria o campeonato com 65.

Enquanto isso, o São Paulo terá pela frente Goiás e Sport Recife. Neste domingo, no Serra Dourada, os ex colorados Iarley e Fernandão defenderão as cores do Rio Grande do Sul mais uma vez. Pode até ser que saia um empate, mas consideremos que se faça uma vitória goiana, para apimentar ainda mais a classificação. Na última rodada, o Tricolor Paulista ainda teria pela frente o Sport, em pleno Morumbi. Enfim, coloquemos mais três pontos na conta são-paulina. Portanto, o time treinado por Ricardo Gomes terminaria o campeonato com os mesmos 65 pontos do Inter. No entanto, os colorados teriam a vantagem de uma vitória a mais e saldo de gols superior, o que já dá o título ao Internacional.

Contudo, antes mesmo de Guiñazu erguer a taça, voltemos o holofote para o terceiro participante. Neste domingo, o Flamengo enfrenta o Corinthians em Campinas. Mesmo que Mano Menezes declare que escalará o que tem de melhor, a diretoria paulista não vai deixar. Tudo isso porque a rivalidade entre Corinthians e São Paulo não permite. E ainda teria o Palmeiras na concorrência pelo título. Então, por que não entregar três pontos de bandeja para o Flamengo? Com isso, os flamenguistas chegariam aos 64 pontos. Mas ainda viria o gran finale. A tabela elaborada pela CBF coloca na última rodada o Grêmio frente a frente com o postulante a título. E a mesma pergunta se repete: "por que não entregar três pontos de bandeja para o Flamengo?". Se vencer o Rubro-Negro Carioca, o Grêmio breca o Flamengo nos 64 pontos, entregando a taça de campeão brasileiro ao Internacional. Por isso, que gremista, em sã consciência, gostaria de ser o responsável pelo título do arquirrival?

Enfim, meus amigos, feliz o Flamengo que não tem rivais à vista. Tanto Botafogo quanto Fluminense estão brigando na parte de baixo da tabela, enquanto o Vasco aguarda no topo da Série B. Já São Paulo e Inter morrerão na praia porque têm inimigos entrincheirados. E quem diz que a união não faz a força? Sorte carioca, sorte de campeão.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Só não vê quem não quer


Afinal de contas o que é o futebol? O que constrói a imagem de um bom treinador? Terno e gravata? Títulos? Bonézinho e prancheta? Bom, vamos por partes. Aonde o Grêmio quer chegar? Paulo Autuori foi trazido a peso de ouro dos Emirados Árabes. Não deu resultado algum e foi mandado de volta. Agora, o presidente gremsita, Duda Kroeff, aparece aos microfones para falar que mesmo que não tivesse ido embora, o comandante não teria seu contrato renovado. Acontece que Autuori veio para proporcionar ao Grêmio tudo aquilo que Celso Roth não havia conseguido. A missão falhou e o Grêmio retorna ao que fazendo antes. Adílson Batista e Dorival Júnior, pelo que parecem, se assemelham muito mais ao estilo Roth do que ao estilo Autuori. Afinal de contas o que o Grêmio quer?


É difícil responder. Agora, se a pergunta fosse o que o Grêmio não quer, eu responderia facilmente. A direção do Tricolor não quer Marcelo Rospide. Segundo o vice de futebol Luiz Onofre Meira, o técnico interino não tem as mínimas possibilidades de ser efetivado. Agora, eu retorno a pergunta que abriu este comentário: "o que constrói a imagem de um bom treinador?". A meu ver, um bom treinador, primeiramente, tem de ter currículo. E, convenhamos, que currículo apresentam Adílson e Dorival? Vice da Libertadores, Série B e títulos estaduais. Sendo
assim, por tempo de trabalho, Rospide largaria até em vantagem. Nada por nada, pelo menos o interino é uma incógnita. Mas quero me ater no que o próprio Rospide chama a atenção: os números. Marcelo Rospide dirigiu o Grêmio em nove partidas (são seis vitórias, dois empates e uma derrota). Um aproveitamento de 74%. Que outro treinador do Brasil tem aproveitamento igual? O próprio Dorival Júnior, dirigindo o Vasco da Gama na Série B, tem 68%. O líder São Paulo, de Ricardo Gomes, ostenta 57%. Portanto, o que se espera de um treinador, que são números e resultados, Rospide tem de sobra.


Se o problema for experiência em competições importantes, o próprio histórico gremista serve de exemplo. Felipão, Mano Menezes e Valdir Espinoza jamais haviam estado em uma Libertadores da América antes de passar pelo clube porto-alegrense e, nem por isso, decepcionaram o seu torcedor. Enfim, poderíamos permanecer mais uma dúzia de horas apresentado fatores que não impedem a efetivação de Marcelo Rospide no comando gremista. Até mesmo Dunga, o técnico da Seleção Brasileira, serviria de exemplo. Mas já percebemos que a diretoria gremista prefere investir um caminhão de dinheiro em mais um "enganador". Sendo assim, repasso minha dica para o Esporte Clube Juventude. Independente de permanecer ou não na Série B do Brasileirão, o clube caxiense já tem um nome para comandar a equipe em 2010. Só não vê quem não quer!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

De volta para a casa


Muito se falou na vinda de Adílson Batista para o Grêmio em 2010. Na verdade, a diretoria gremista apostava mesmo em Paulo Autuori, mas ele não quis ficar, então partiu-se para outros lados. Ainda ontem veio a notícia sobre a negativa de Adílson, que preferiu continuar seu trabalho no Cruzeiro. Agora aparecem os planos B, C e D. Imagine a situação: Dorival Júnior acompanhar o notíciario e perceber que é a segunda opção no estádio Olímpico. Será que ele vai abandonar todo o prestígio conquistado no Vasco? Ainda aparecem os nomes de Silas, do Avaí (disputado por diversos clubes brasileiros) e até mesmo a efetivação de Marcelo Rospide pode surgir como alternativa. Mas basta pensar um pouquinho mais para perceber que o interino não tem a mínima chance de assumir.

Você certamente já participou de uma entrevista de emprego. Existem perguntas que se faz a todo candidato à vaga. Como: "Você fuma?", "É casado?", "Tem carteira de motorista?". Pois no Grêmio, quando um treinador senta na mesa do presidente tem de responder a uma pergunta universal: "Você já jogou no Grêmio?". Adílson não precisou nem responder. Duda Kroeff olhou para um dos pôsteres do bicampeonato sul-americano, conquistado em 1995, e avistou a presença do "Capitão América" com a taça da Libertadores sobre a cabeça. Até por isso era o plano A. Porém, a proposta salarial acabou não agradando ao comandante. Até que desembarcou no imaginário da direção um tal de Dorival. Já em fim de carreira, atuou com a camisa do Tricolor em 1993, época de vacas magras. Mesmo assim, já responde ao pré-requisito.

No caso de Silas, a contratação é um pouco mais complicada. Durante sua carreira bem sucedida como boleiro, Silas defendeu o vermelho do arquirrival. Inclusive, foi campeão da Copa do Brasil com o escudo do Inter sob o peito. Tal imposição já serve para que a direção gremista olhe o treinador com maus olhos, mas não é descartado por completo. Agora, Rospide, pobrezinho, não foi jogador de futebol. Também por isso sequer vestiu o manto Imortal. Portanto, acabou sendo jogado fora na primeira avaliação.

Tais argumentos poderiam cair por terra se levássemos em consideração a contratação de Paulo Autuori nos últimos meses. Acontece que através dele o Grêmio aprendeu que precisa de alguém com a sua própria cara embaixo da casamata. Sendo assim, com a negativa de Adílson, um possível não acerto com Dorival e os descartes de Silas e Rospide, tudo leva a crer que o técnico gremista em 2010 será ele: Renato Portaluppi. Quer outro jogador mais identificado com a história gremista? Com certeza a torcida não se faria contra, resta saber se a diretoria quer.

Meu amigo de fé


A vitória do Inter sobre o Atlético-MG neste domingo, em pleno Mineirão, não apenas recoloca-o na condição de postulante à título. Os três pontos afirmam as cores do coração do treinador atleticano, Celso Roth. Gaúcho de nascença, Roth sofre do mesmo mal que diversos conterrêneos seus. A maioria da população sul-riograndense não está concentrada em Porto Alegre. Nem por isso, deixa de torcer para times de futebol da capital. Caxias, Juventude e Brasil de Pelotas bem que tentam rivalizar com a dupla Gre-Nal. No entanto, a supremacia dos torcedores azuis e vermelhos é visível.


Pois Celso é natural de Caxias do Sul. Podia muito bem ser ou grená ou alviverde, mas prefere defender as cores do Internacional. Não exatamente como tantos outros boleiros. Na verdade, o técnico não veste o uniforme colorado, mas carrega o vermelho no peito. Profissional como é, chegou, inclusive, por inúmeras vezes a comandar o arquirrival Grêmio. Conseguiu dar uma disfarçada por um bom tempo na sua preferência. No entanto, nestes 2009, ano do Centenário do Colorado, Celso Roth não se aguentou e decidiu presentear seu time de infância.


Ainda quando estava à frente do clube gremista, no início deste ano, Celso entregou três clássicos pelo Gauchão. No final das partidas tentava enganar a imprensa, dizendo que estava descontente com o resultado. No fundo, ria de felicidades por ver sua equipe do coração avançar no campeonato. Por isso acabou sendo demitido. Foi parar em Belo Horizonte, bem longe do clube da beira do Guaíba. Mas quis o destino que os caminhos se cruzassem novamente. E assim se fez. Cinco partidas realizadas e cinco vitórias coloradas. Em praticamente todas os seus jogadores jogaram muito melhor que os colorados, mas Roth sempre deu um jeitinho.


Confesso que jamais havia visto algo deste nível no futebol. É claro que escutei, li e já vi atletas que juraram amor eterno ao seu time de infância. Pelé no Santos, Maradona no Boca Jrs., e mais recentemente Adriano no Flamengo. Agora, entregar de bandeja como faz Celso, é a primeira vez. Aliás, para me tirar uma pulguinha atrás da orelha, gostaria de ter acesso ao quadro de sócios do Sport Club Internacional. Certamente deve estar lá o nome cravado - Sócio Campeão do Mundo: Celso Juarez Roth. Brincadeiras à parte, parabéns aos colorados!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Excomungados

Foto: Alexandre Alliatti (Globo Esporte)

Paulo Autuori foi-se embora do Olímpico já faz uma semana. No entanto, deixou algumas ideias suas disseminadas por lá. Em uma de suas últimas entrevistas coletivas, o comandante declarou que gostaria de contar com jogadores com perfil vencedor. Desta maneira, as palavras chegaram até o ouvido do então capitão Tcheco. O meio-campista vestiu a camisa tricolor de 2006 a 2009. Neste meio tempo esteve fora, jogou na Arábia e retornou à Porto Alegre. Foi o dono da braçadeira durante todo este tempo e ergueu duas taças de campeão gaúcho. Mesmo assim, a bronca toda de Autuori (treinador acusado de não ter a cara do Grêmio) era de que, inconscientemente, Tcheco representava tudo aquilo que o Grêmio não conseguira, já que o atleta foi vice-campeão Brasileiro em 2008 e vice da Libertadores em 2007. Bastou para que a diretoria gremista caísse na onda. Pois ano que vem, Autuori não estará no Olímpico. Muito menos Tcheco. Há aqueles que juram que o jogador assinará contrato com o Corinthians, aonde disputará uma Libertadores da América e terá o respaldo do técnico: Mano Menezes.


Embora Tcheco tenha sido um ídolo do período de "vacas magras", exsitem os torcedores que comemoram a sua saída. Afinal de contas, o atleta está velho, lento e só sabe bater faltas - enquanto o Douglas Costa transpira jovialidade. Pois veja a situação em que o torcedor gremista se meteu. Os argumentos que expulsam Tcheco do estádio Olímpico são quase os mesmos que demitiram Celso Roth. Celso tinha o "DNA do fracasso", era a cara de um time perdedor. E agora, pasme, o gremista cai nas mãos destes dois excomungados.


Digo isso porque o princípio da rivalidade gremista se chama Internacional, e contra quem o Colorado jogará neste final de semana? Atlético-MG. Justamente o time comandado por Celso Roth. Se vencer em Belo Horizonte, o Inter praticamente crava as mãos na vaga para a Libertadores do ano que vem. Então, não é sacrilégio dizer, que todas as esperanças de não classificação do Inter passam por uma torcida expressiva por Celso Roth. Veja bem, àqueles que excomungaram Roth do Grêmio são os mesmos que vibrarão com sua conquista neste domingo.

Mas digamos que o técnico do Atlético tenha mesmo o DNA do fracasso e que o Inter volte para Porto Alegre com três pontos na bagagem. Mesmo assim, as chances de título colorado ainda são muito pequenas. Portanto, a secação do torcedor gremista se estenderá para o ano que vem. Nenhum tricolor gostaria de ver o rival erguer duas vezes a taça de campeão da América! Para tanto, terão de torcer para outras equipes durante a competição. E quem melhor do que o Corinthians, eterno matador do Colorado? Pois é, e aí vem o ápice desta análise. Em 2010, quem estará vestindo a camisa 10 do Timão, muito provavelmente, será o meia Tcheco. Portanto, no fim das contas, o torcedor gremista poderá seguir preso à mesma cruz: torcer por Celso Roth e por Tcheco. Haja coração!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Robin Hood dos pampas


Foto: José Doval (Assessoria do Grêmio)

A vitória gremista sobre o Palmeiras, na noite de ontem, nos trouxe uma realidade: o Grêmio é o Robin Hood do Brasileirão 2009. E talvez até por aí se responda a supremacia tricolor dentro de casa e a inferioridade fora dela. Dos seis postulantes a título ou G-4, nenhum contará boas histórias do estádio Olímpico no final deste ano. E se o resultado desta quarta-feira deixa o torcedor palmeirense sem estímulo algum para seguir em frente, os fatos que irei relatar a partir de agora podem servir de atenuante ao sofrimento.


Comecemos pela parte de baixo. O Cruzeiro, atual sexto colocado, foi à Porto Alegre no dia 2 de agosto. Voltou para casa com uma goleada de 4 a 1 nas costas e dois jogadores expulsos. Pois com o quinto colocado, Atlético-MG, não foi muito diferente. No retorno de Celso Roth ao estádio Olímpico, outra goleada de 4 a 1, para não haver corneta entre os rivais de Belo Horizonte. Outra vítima do ímpeto gremista foi o Flamengo de Adriano e Cia. Com dois gols de pênalti do atacante Jonas, o rubro-negro carioca voltou para o Rio com os mesmos 4 a 1. Vitória também sobre o arquirrival colorado, que perdeu de virada ainda no primeiro turno. Depois de Nilmar colocar o Inter na frente, Souza e Máxi deram a vitória aos azuis no clássico dos 100 anos. O único que não perdeu no estádio Olímpico foi o São Paulo, que recentemente arrancou um empate em 1 a 1 com dois jogadores a menos. No entanto, para aqueles são-paulinos que pensavam em comemorar a atuação heróica nos pampas, o veneno chegou mais tarde. Ainda ontem o STJD julgou e puniu os atletas Jean, Borges e Dagoberto por dois jogos de suspensão. Ou seja, voltarão a atuar apenas na última rodada.


Por isso, meu amigo, não há porque sentir tristezas ao perder para o Grêmio no Rio Grande do Sul - pelo menos para os times que estão na parte de cima da tabela. Já alguns intermediários e
rebaixados foram aliviados de sofrimentos maiores. O lanterna Sport Recife, por exemplo, arrancou um empate em 3 a 3. O 13º colocado, o Vitória, vangloriou-se pelo empate em 1 a 1. E o Goiás, que já não fede nem cheira, por pouco não deixou o aeroporto Salgado Filho com três pontos na bagagem (ficou no 2 a 2).


Portanto, veja como o Grêmio repetiu os feitos do arqueiro das florestas, Robin Hood. Roubou pontos importantes dos fortes para entregar aos fracos. Por isso, as críticas pela ajuda involuntária dada ao Internacional não podem ser levadas em frente. Até porque, sabe-se muito bem, os postulantes vem tropeçando nas próprias pernas. Ou alguém aqui quer creditar a derrocada do Palmeiras exclusivamente ao jogo de ontem contra o Grêmio? Ou o Imortal tem culpa sobre as suspensões dos jogadores são-paulinos? Ou, ainda, o Grêmio tem culpa pelos tropeços dentro de casa de Cruzeiro e Atlético-MG? Ou a direção gremista é culpada pelas vendas do Inter? Meu caro amigo, o Grêmio já tem seus próprios culpados. Não precisa ser apontado como salvador deste ou assassino daquele. Agora, não há como negar: o estádio Olímpico foi um matadouro neste ano.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vem, meu irmão


Foto: Diego Vara (Jornal Zero Hora)



Vem, meu irmão - A Lupa no Gramado

Houve tempos em que a rivalidade valia mais do que tudo nos pagos gaudérios. Dizer que ia vencer para ajudar o compadre, era quase um sacrilégio. Agora, neste ano, o discurso sumiu. A questão não é prejudicar o arquirrival, mas simplesmente não ajudá-lo. Sou do tempo em que se colocava o "banguzinho" em campo só para atrapalhar as pretensões do co-irmão. Ainda mais levando em consideração o fato de que o rival está na briga por classificação ou título. Na terra dos chimangos e maragatos guerra é guerra!


Para quem não lembra, já tivemos exemplos clássicos desta tese. Em 1996, por exemplo, o Internacional precisava vencer um já rebaixado Bragantino, na última rodada, que se classificaria entre os oito melhores do Brasileirão. Pois não teve competência para tanto. Acabou sendo derrotado por 1 a 0, gol do veterano Esquerdinha. E, ainda por cima, o atacante Leandro (esperança de gols dos vermelhos) errou uma cobrança de pênalti. Mas nem tudo estava perdido. Bastava o Grêmio de Felipão vencer o Goiás, dentro de casa, que daria uma mãozinha ao Colorado. Mas o Imortal, curiosamente, perdeu por 3 a 1. Ao final do jogo, o placar eletrônico do estádio Olímpico mostrou a seguinte frase: “ELES estão fora”. No dia seguinte, um aviãozinho com a mesma frase circulou pelos céus de Porto Alegre. Para piorar a estima dos colorados, naquele mesmo ano o Grêmio se sagraria bicampeão brasileiro.


Como resposta a esta história, podemos lembrar o campeonato do ano passado, quando o Grêmio buscava mais um título nacional. Na briga direta pelo caneco, o time de Celso Roth vinha capenga e o São Paulo em ascensão. Para desespero dos gremistas, na 33ª rodada, o adversário dos são-paulinos seria justamente o arquirrival Inter, que vinha poupando titulares para jogar a Copa Sul-Americana. Não deu outra: os vermelhos levaram 3 a 0 ao natural, enquanto o Grêmio não saiu de um empate dentro de casa contra o rebaixado Figueirense. O resultado foi determinante para que o São Paulo de Muricy alcançasse a liderança e rumasse para o hexacampeonato.


Pois neste ano, os dirigentes gremistas resolveram abandonar a rivalidade - pelo menos em discurso. Jogadores e comissão técnica espalham aos quatro cantos que o time defenderá a invencibilidade dentro de casa contra o Palmeiras. E, para quem não sabe, uma derrota do Verdão aliada a uma vitória colorada no domingo, praticamente instala o Inter entre os quatro melhores que vão à Libertadores da América. Por isso, para desespero dos fanáticos que pedem a escalação dos fraldinhas nesta noite, resta apenas a conscientização de que o Grêmio agirá como o verdadeiro irmão mais velho do Colorado, ajudando o time do Beira-Rio a atravessar a rua.


A não ser que o plano da diretoria gremista vá além. O Grêmio bate o Palmeiras, mantém a invencibilidade dentro de casa e aposta todas as fichas em Celso Roth no próximo domingo. Acontece que apostar em Roth contra o Inter é quase um tiro no pé. E a torcida tricolor sabe disso.