Foto: Filipe Duarte (Rádio Viva News)
Bom, o Brasileirão terminou. Não da forma que os colorados queriam. O título realmente ficou nas bandas cariocas. Aliás, o ano do Centenário não seguiu exatamente a linha projetada lá no início do ano. Recentemente estiveram em Bento Gonçalves um grupo de representantes colorados para assinar a pré-temporada do clube. E deste encontro podemos tirar dois assuntos, ambos de declarações do Sr. Gelson Tadeu de Oliveira Pires, vice-presidente de Comunicação Social.
A primeira frase é a seguinte: "Este ano o Inter foi o time que mais jogou. Disputamos seis campeonatos!". O que é pura verdade. O Colorado participou do Gauchão, Copa do Brasil, Recopa, Brasileirão, Suruga e Sul-Americana. Mas, também me lembro que ainda lá em janeiro deste ano, Fernando Carvalho berrava no vestiário do Beira-Rio que queria erguer todas as taças que o Inter disputasse. Pois bem, para alguns foi levado como sacrilégio, para a torcida colorada não. Era o sonho do Centenário. E o que houve? Vieram apenas duas taças (e, convenhamos, as mais fraquinhas delas: um Campeonato regional e um torneio disputado contra o campeão japonês). É verdade também que o Inter bateu na trave em três certames, ficando com o vice-campeonato. Isso não serve de alento para mim, mas já basta para considerar que em ano de Centenário, que geralmente traz má sorte, já é grandes coisas. Veja o caso do Coritiba - 100 anos comemorados na Série B, abaixo de pancadaria.
Mas este não é o fator principal. Relatei tudo isso até agora simplesmente para chegar na outra fase de Gelson: "No ano que vem seremos bicampeões da América e do Mundo!". Aliás, estas palavras servem de ressonante à profecia do presidente Vitório Piffero. Por várias vezes, Piffero sobe nas tamancas, esquece o seu cargo e superestima o seu clube. Porém, na última semana, ele atirou no ventilador certas coincidências que valem a pena serem discutidas.
Em 2005 o Internacional terminou o Campeonato Brasileiro em segundo lugar. Igualmente a este ano, chegou até a última rodada com chances de título - que acabou ficando nas mãos do Corinthians. Alguns meses antes, na disputa da Copa do Brasil, foi eliminado pelo Paulista de Jundiaí (que viria a se sagrar campeão). Em 2009, o Inter também foi eliminado pelo campeão da Copa do Brasil - até porque perdeu na decisão. Um ano depois, foi campeão da América e do Mundo - agora pasme - em ano de Copa do Mundo! Ou seja, exatos quatro anos depois, o Inter retorna ao cenário continental carregado pelas coincidências.
E para quem gosta dessas semelhanças, aí vai mais uma: em 2006 o Boca Juniors não se classificou para a disputa da Libertadores. Em 2010, mais uma vez, ele não se fará presente. Aliás, nem só de coincidências vive o homem, mas também de argumentos. A LDU, candidatíssima ao título sul-americano, acabou sendo eliminada na noite de ontem pelo Emelec. Os atuais campeões da Recopa cairiam no grupo do próprio Inter. Pois agora, caberá ao Colorado enfrentar Cerro, do Uruguai, Deportivo Quito, e Emelec, do Equador, ou algum clube argentino. Quer grupo mais fácil que este? Até parece aquele de 2006, com Maracaibo, Pumas e Nacional do Uruguai.
Bom, no andar da carruagem, os principais adversários do Internacional serão os brasileiros. Flamengo, Corinthians, Cruzeiro e São Paulo vêm de temporadas mais animadoras. Basta o Colorado se reforçar e parar de vender jogadores que o caminho das Américas parece estar bem traçado. Só resta saber se haverá um novo Gabirú.