Antes da final da Taça Fernando Carvalho, ouvi Roth desdenhar do Gauchão, em compensação da Libertadores (e alguns torcedores ainda concordaram com esta atitude). O primeiro turno era prioridade para o Grêmio e não para o Inter. O colorado tem uma Copa do Brasil pela frente, ou seja, adversários nem tão difíceis assim. Já o Grêmio, se houvesse saído vitorioso do Gre-Nal de domingo, poderia dar prioridade máxima para a Libertadores, escalando seus reservas para a segunda fase do Gauchão. Ora, nenhum gaúcho quer assistir seu rival vencer o estadual, seja do lado que for. E Roth provou toda sua "ingenuidade" exatamente ao relegar o "Ruralito" - por mais convincente que isso parecesse. Agora a prioridade é toda azul, e nos dois campeonatos ainda por cima. Entretanto, o passado recente de Celso mostra que é na adversidade que ele funciona melhor. Assim como o Jason Bourne (Matt Damon), de "O Ultimato Bourne", o treinador gaúcho terá que procurar pistas sobre o seu verdadeiro passado e se redescobrir. E ele já deu provas de que terra arrasada é o seu prato predileto (vide o início do Brasileirão 2008, quando estava prestes a ser demitido). Mas o resto da história, você conhece?
Celso Juarez Roth teve suas primeiras experiências como técnico na Ásia, onde, de 1988 a 1994, passou por Al Qadsia, do Kuwait; Seleções de juniores da Indonésia e Qatar; Al Etehad, do Qatar; e Al Ahli, dos Emirados Árabes. Em 1995, o técnico voltaria para o Rio Grande do Sul, especificamente para o Brasil de Pelotas, com o qual cairía para a segunda divisão do Gauchão daquele ano. Porém, um ano depois, após passagens rápidas por Esportivo, de Bento Gonçalves/RS, e Juventus, de Jaraguá do Sul/SC, conquistaria seu primeiro título como treinador: a Copa Daltro Menezes, à frente do Caxias, de Caxias do Sul (sua cidade natal). Depois disso, chegaria ao Internacional de Porto Alegre, onde sagraria-se campeão gaúcho de 97. Meses depois, o Inter seria a surpresa do Brasileirão - o Gre-Nal dos 5 a 2 é deste ano -, mas tombaria na fase final do campeonato. Em 98 a sorte não se repetiria. O Inter perderia a final do estadual para o Juventude. Com isso, Roth migraria para o Vitória, da Bahia, e depois para o Grêmio, levando o tricolor até as quartas-de-final do Brasileirão (perderia para o campeão daquele ano: Corinthians).
Em 1999, Roth escreveria seu nome na história gremista ao sagrar-se campeão do Gauchão (no Gre-Nal de Ronaldinho e Dunga) e da Copa Sul (contra o Paraná). Um ano após iria para o Sport Club de Recife, vencendo seu último troféu: Copa Nordeste. Meses depois ainda treinaria o Grêmio pela segunda vez, chegando às semifinais do Brasileirão, quando perdeu para o São Caetano, de Adhemar. Em 2001 sonharia com a Libertadores, pelo Palmeiras - mas perderia, também nas semifinais, para o Boca Juniors. Depois disso, viraria um cigano do futebol brasileiro. Santos (2002), Inter (2002), Atlético-MG (2003), Goiás (2004), Flamengo (2005), Botafogo (2005) e Vasco (2007) apostaram no treinador. De todos, apenas nos clubes mineiro e goiano ele trabalhou por mais de 6 meses.
Pois bem, em todas as andanças seus títulos mais importantes foram as extintas Copas Sul e Nordeste. Torcidas de Palmeiras, Inter, Vasco e Grêmio acreditaram em títulos maiores, como Brasileirão ou Libertadores, com Roth na casamata. E, mesmo assim, nada. A diretoria gremista deve realmente apostar em uma fase "mais madura" do treinador? Na minha modesta opinião, o lado vermelho do RS tem razões para gritar "Fica, Celso Roth".
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