Foto: Mauro Schaefer (Correio do Povo)
A direção do Internacional está numa sinuca de bico: encaminha sozinha a reforma do Beira-Rio, ou recorre a uma parceria de empreiteira? Se a opção escolhida for a primeira, o clube pode se endividar e por fora todos os gloriosos anos de reestruturação de Fernando Carvalho. Se a escolha for a segunda, terá de se acostumar com uma empresa particular metendo o bedelho por 20 anos. Na verdade, a melhor saída é deixar tudo como está e desistir de vez em sediar uma Copa do Mundo. No entanto, o projeto cairia no colo do Grêmio e sua nova Arena. É tudo uma questão de rivalidade.
O que os colorados não podem esquecer é que, praticamente, toda a vez que um clube de futebol pensa demais no extracampo, acaba se desligando dos resultados com bola rolando. Foi assim com o próprio Inter durante a construção do atual estádio. Em 1959, sem muitos recursos, a diretoria iniciou o projeto de aterrar uma parte do Guaíba e erguer ali uma resposta ao Olímpico Monumental. Quase deu com os burros n'água, literalmente. Não fosse a paixão dos torcedores que doavam dinheiro do próprio bolso, ou ainda, levavam tijolos para o local, a obra jamais sairia do papel. Mesmo assim, foram longos 10 anos até o time pisar naquele gramado. E em todo este período, a torcida ficou à míngua, vendo o rival empilhar títulos gaúchos de 1962 a 1968. Situação parecida ocorreu no São Paulo, quando foi decretada uma modernização do Morumbi. Recente bicampeão do Mundo, o Tricolor Paulista levou três anos (94, 95 e 96) para terminar a reforma. Quando concluiu, não possuia mais aquele temido time de futebol.
São estes exemplos que o Inter deve ter em mente. Será que é tão necessário sediar uma partida de Copa em 2014 (ainda mais um jogo nem tão importante como deverá ser)? Certamente, se perguntar aos seus mais de 100 mil sócios, a direção terá a resposta na hora: queremos títulos. Que siga se apostando nas categorias de base, investindo em atletas de ponta. Mas se, enfim, o Beira-Rio necessita mesmo de uma melhora, que se leia bem o contrato e busque uma parceria. Sozinho o Inter não vai conseguir - ou teremos de volta as piadas sobre boia cativa no Rio Grande do Sul.
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