Vestiário perigoso

Por diversas vezes se diagnosticou que o maior problema do Internacional é o vestiário. Alguns ex-funcionários chegaram a cuspir esta tese nos microfones. No entanto, por muito tempo, se entendeu que os egos dos atletas chamados ‘medalhões’ dominavam o ambiente. Pelo jeito a dificuldade é outra, e Dunga já entendeu o recado bem cedo. Antes mesmo de sequer assumir, em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira, o capitão do Tetra demonstrou toda sua insatisfação com a maneira que as informações vazam de dentro do Beira-Rio. Agora, tornou-se público até mesmo a pedida salarial do treinador: R$ 600 mil.

Pois, dias desses, tive a oportunidade de conversar com um ex-jogador que me confidenciou que, nos tempos de Paulo Roberto Falcão, foi convidado a acompanhar o vestiário colorado antes de uma partida. E, bastaram alguns minutos para ele decretar seu diagnóstico: “Falcão, você precisa limpar este vestiário, senão eles vão te derrubar.” O comandante não entendeu muito bem a mensagem e perguntou: “Quem, os jogadores?”. E a resposta veio: “Não, todos estes outros que estão aí”.

O recado não foi entendido perfeitamente por Falcão, bombardeou Fernandão e Dorival Júnior da mesma maneira. São muitos caciques passeando pelos bastidores do Inter. Alguns se aproximam do presidente e dão conselhos. Outros, dali de dentro, começam a confabular a favor da oposição política. Alguns chegam inclusive a aparecer na folha salarial no fim do mês. É dali mesmo que saem todas as informações confidenciais capazes de criarem crise no clube. Por isso, entendo quando Dunga pede, além de um salário polpudo, a liberdade para escolher quais serão seus pares. Por isso, ouvi de uma importante figura nesta manhã: "Não é por R$ 100 ou R$ 200 mil a mais que o Inter não vá contratá-lo. Talvez o Inter não possa dar o que ele está pedindo mesmo."